Enquanto me preparava para partir à Indonésia, me alertaram sobre uma certa Nyai Loro Kidul, ou melhor, a Rainha dos Mares do Sul de Java. Entidade divina que regia as ondas do Oceano Índico e sul da Indonésia - justamente o meu destino.
O alerta foi para que eu não usasse a cor verde no mar.
Como assim? Nunca tinha ouvido falar isso… Teria que tirar da mala minha lycra verde FPS 30, meus acessórios e biquínis verdes?
Calma, antes de tudo busquei conhecer mais sobre as crenças do país, entender suas lendas e histórias, para enfim respeitar o que é tradicional para aquele povo. T
oda cultura tem seus mitos. Já que eu iria adentrar as águas de Bali e Java, nada mais justo do que entender a mitologia e misticismo que rodeiam os mares indonésios.
Nyai Loro Kidul era conhecida pela sua beleza e por ser filha de um poderoso Rei do Oeste de Java. A invejosa amante do Rei a enfeitiçou com uma grave doença que degradasse sua pele, até se tornar uma das mulheres mais feias do mundo.
Logo, a jovem Nyai parte do reino desolada, vaga sozinha sem destino pela floresta até chegar ao mar. Meia noite, ela se joga em uma grande onda. Desde então, nunca mais foi vista, desapareceu nas águas para se tornar uma divindade.
O mar devolveu sua beleza e a coroou rainha. Dizem que ela está no controle das ondas, pois sua morada é o coração do oceano em uma região de abundância de ondulações e com muitos casos de Tsunamis.
Mas o que essa história tem a ver com a cor verde? Segundo a tradição, verde é uma cor sagrada por ser a predileta da Rainha Nyai. Atraída pela cor, ela pode querer para si a pessoa que veste verde, provocando azar, causando um possível acidente ou confusão mental naquele que se aventura no mar com a cor.
Muitos surfistas evitam vestir verde na água, e os pescadores não ousam pisar no mar com roupas da cor. Superstição ou não, muitos viajantes não querem “pagar pra ver”.
Sim, existem histórias de pessoas que desafiaram a lenda e terminaram mal. Uma delas foi publicada do “The Jakarta Post”, em setembro de 2005: O homem vestiu verde no mar em uma praia no Oeste de Java, e hoje não consegue mais olhar para trás, pois tudo o que vê são monstros.
Antes de entrar no mar, muitos pedem a permissão de Nyai Loro Kidul. Quando tratada com respeito, oferendas e rituais, ela pode contribuir com bons favores. Aos pescadores: bons peixes, aos surfistas: boas ondas.
Até hoje, pescadores de Java e Bali fazem uma cerimônia todo ano em sua homenagem. Acreditam que assim também ajudam a prevenir desastres.
No fim, não levei minha Lycra verde. E meu marido tirou do quiver da viagem a sua prancha verde 6’8” round pin. Quem já esteve em Bali e arredores sabe como o lugar emana uma forte energia que exige, além de preparo físico, um olho no mar e outro em sua história.
Por Bartira Bejarano
- ODOYÁ, IEMANJÁ!
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