A sabedoria, transbordando realização, estava com vontade de se expressar. Em poucos segundos criou poesias, músicas, obras de arte e as compartilhou publicamente, sem privacidade alguma.
A dona ignorância veio ver uma tela. Ficou agitada e irritada. Será que pode expor uma coisa dessas? Será que tá certo?
Quem autorizou? E se aquilo agitasse as pessoas e as fizessem questionar a vida?
Nossa! Aquilo poderia mostrar outras percepções, outras formas de ver os valores.
Foi logo tratando de encontrar algum defeito: "Vê se pode! Não tem mais o que fazer? Os outros trabalhando e você aqui fazendo arte!" - exclamou a ignorância do alto de sua arrogância.
"Calma, querida, estou também na lida, expressando em toda a parte, através da arte, o contato com a alma. Olha só como isso me acalma!" - declamou em poesia a sabedoria.
"Você acha que sabe mais que eu, n'é sua 'sabixona'? Tem que ficar esfregando na cara dos outros os seus talentos? Quer aparecer, mostrar que sabe muito, n'é?".
A sabedoria apenas ouviu e sorriu. Sabia que não dava p'ra discutir com a ignorância. Ela sempre tinha razão e uma boa dose de emoção.
A sabedoria preferia mesmo ser a expressão da imensidão que a fazia sentir a paz e realização até na escuridão. Não fazia lá questão de ter razão...
A ignorância em sua intolerância quis brigar, tentou e tentou e não conseguiu. Viu mesmo é que estava fazendo comédia, arrancando boas gargalhadas, mesmo tentando segurar a rédea.
Vencida pelo cansaço, uma das telas comprou, pendurou em sua sala de visitas e se vangloriou.
Ela ja tinha tudo e sempre faltava algo. Agora que havia adquirido a própria obra-prima da sabedoria, seu vazio se preencheria - pensou com alívio.
Ela já tinha comprado e cumprido todos os pré-requisitos para ser aceita socialmente. Já tinha a ilusão de que algo nesse mundo lhe pertencia e de que era valorizada por ter alcançado o reino da terra.
Só faltava mesmo aprender a amar até as coisas mais simples, pois é bem aí que conheceria melhor essa tal sabedoria, capaz de pacificar a ânsia da ignorância.
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Quem assume sua verdade age de acordo com os valores da VIDA. mesmo enfrentando o preconceito e pagando o preço de ser diferente, passa credibilidade, contempla o respeito e se realiza.
Leo Fontes
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