A Umbanda tem nos Caboclos uma de suas linhas de trabalhos espirituais.
A linha de caboclos é formada por milhões de epíritos, todos incorporados às hierarquias espirituais regidas pelos Orixás menores, o primeiro grau da hierarquia dos Tronos Naturais.
Espíritos oriundos de todas as religiões, com as mais diversas formações teológicas e mesmo culturais, têm se integrado às linhas de caboclos para realizar todo um trabalho de caridade, doutrinação e espiritualização junto aos seus afins encarnados.
Saibam que o Ritual de Umbanda Sagrada congrega em seus colégios magnos, existentes no astral, espíritos oriundos de todas as religiões, inclusive muitas que já cumpriram suas missões no plano material, mas continuam ativas no lado espiritual da vida, onde têm planos espirituais só seus e destinados a acolher seus afins que reencarnarem.
Essas religiões, já recolhidas ao lado espiritual, foram regidas por divindades que ampararam milhões de espíritos durante seus estágios humanos da evolução. Mas muitos não ascenderam às esferas excelsas da luz, e continuaram a reencarnar sob a regência das divindades das novas religiões, que vêm substituindo as mais velhas e cujas mensagens se dirigiam a povos com culturas e expectativas diferentes das dos povos atuais.
Estas divindades antiquíssimas são regidas pelos Sete Tronos Planetários e, através da Umbanda, puderam colocar suas imensas hierarquias espirituais em contato direto com o plno material, onde, atuando incorporados nos médiuns, v~em resgatando seus afins paralisados no ciclo reencarnacionista ou que haviam estacionado em regiões sombrias existentes nos níveis vibratórios negativos.
Os espíritos luzeiros, atuando a partir do plano material, têm despertado milhões de afins que estavam impossibilitado até de reencarnar, pois estavam à margem da vida.
O Ritual de Umbanda Sagrada é uma congregação religiosa em que está presente a maioria das religiões que já existiram na face da terra. E cada uma dessas religiões recebeu uma ou várias linhas de trabalhos espirituais dentro dda religião de Umbanda, cuja caracterítica mais marcante é a incorporação de espíritos.
Saibam que cada divindade é um mistério em si, e os nomes simbólicos das linhas de trabalhos da Umbanda estão ligados às divindades, muitas das quais já tiveram seus nomes esquecidos ou recolhidos aos livros de lendas e mitologias.
Para que entendam o que estamos comentando, imaginem isso:
_ Dois mil anos atrás estava se encerrando uma era religiosa e se iniciando outra. A descida à carne e a espiritualização do Trono da Fé e do Amor, na pessoa de Jesus, já fez parte desse novo ciclo, assim como a do Buda já fazia, e Maomé, o profeta, também fez.
Esses três mensageiros divinos, semeadores de novas doutrinas religiosas, tinham por missão substituir as antigas doutrinas e fechar no plano material a atuação das antigas divindades, cujas mensagens religiosas já estavam defasadas no tempo, e não seriam renováveis e adaptáveis às futuras transformações na crosta terrestre.
Antes havia religiões nacionais, ou de nações mesmo!
- Gregos, romanos, egípcios, fenícios, assírios, hindus, judeus, todos tinham suas respectivas divindades.
Enfim, cada povo possuía seu panteão religioso, muitas vezes copiando de outros povos mais antigos. Mas, assim mesmo, cada um possuía suas divindades e suas religiões nacionais.
Na África, o mesmo acontecia e cada nação africana possuía suas divindades e seu culto próprio. E por isso os adeptos do Candomblé praticam o culto de "nação", ou o culto herdado da mãe África, trazido para o Brasil pelas correntes de escravos que aqui vieram ( trazidos), tais como: povos Angola, Cambinda, Munjolos, Bantus, Mussurumis ou Muçulmanos, Ketos, Jêjes, Haúças, Nagôs, Minas, Congos, etc..
Ainda que as diferenças fossem insignificantes, havia a questão das línguas e culturas a separá-los.
- Saibam que hoje, no continente africano, a religião muçulmana e a cristã já são maioria em número de fiéis, ainda que os cultos aos ancestrais divinizados tenham resistido aos avanços do islamismo e do cristianismo. E com isso, um sincretismo também está se alastrando pelo continente africano, onde Jesus Cristo e Alá vêm substituindo as divindades naturais. E isso sem contarmos com o avanço do hinduísmo e do budismo, ainda restritos a alguns pontos isolados.
Afinal, as religiões são assim mesmo: umas vivem tentando ocupar os domínios das outras para se apossarem dos seus fiéis.
É assim que umas vão sendo substituídas por outras e novas formas de cultuar a Deus e suas divindades vão sendo colocadas à disposição dos espíritos encarnados.
Mas as religiões que vão desaparecendo ad face da terra vão se condensando no astral e os espíritos que evoluíram nelas vão vendo seus campos de ação junto aos encarnados serem reduzidos, dificultando o trabalho de amparo aos seus afins ainda atrasados.
Quando os regentes planetários criaram a Umbanda e a codificaram como" espiritualista", abriram-na para todos os espíritos que quisessem atuar através dela junto dos encarnados.
A única condição imposta foi a de se colocarem sob a irradiação das divindades naturais que na Umbanda se renovariam, mas manteriam seus nomes africanos.
Essa condição visou reduzir o universo religioso a umas poucas divindades planetárias, pois até o excesso de divindades "africanas" foi descartado, pois foi visto como divisor da religiosidade.
Muitos nomes africanos estão desaparecendo ou caindo no esquecimento e estão sendo substituídos pelas denominações iorubás, tais como: Ogum, Xangô, Yemanjá, Yansã, etc.. E, à medida que o tempo for passando, a teogonia de Umbanda se centrará só nos Tronos planetários manifestadores das qualidades de Deus, estabelecendo de vez e em definitivo seu universo religioso.
O que foi codificado é que as religiões antigas teriam a oportunidade de criar linhas de trabalhos espirituais e magíticas, que atuariam sob a regência dos "Orixás", mas recorreriam aos seus próprios conhecimentos e aos mistérios das divindades interplanetárias que os regiam.
Assim surgiram muitas linhas de trabalhos, e todas englobadas no grau de linhas de caboclos, de pretos-velhos, de exus e de pomba-giras.
Nas linhas de caboclos muitas religiões estão presentes, e só como exemplo, temos a linha dos Caboclos do Fogo, que é toda formada por "magos" do fogo adoradores de "Agni", e temos a linha de Caboclos "Tupã", formada por pajés adoradores de Tupã, que é Deus para os índios brasileiros.
- Agni é Deus na Índia, para os hindus que o cultuam com esse nome.
- Tupã é Deus no Brasil, para os índios que o cultuam com esse nome.
O simbolismo e a analogia regularam a denominação das linhas de trabalhos espirituais, e todos os espíritos incorporados a elas, venham da religião que for, preservarão o culto e a reverência aos nomes iorubás das divindades, já que tanto o Deus hindu Agni quanto o Orixá africano Xangô são o mesmo Trono da Justiça Divina, mas adaptado a dois povos, duas culturas e duas formas de cultuá-lo e adorá-lo.
A divindade planetária regente da Justiça Divina é uma só. Mas manifestou-se de forma diferente para povos e culturas diferentes. Logo, como a Umbanda, fundamentou-se na teogonia iorubá, espíritos cuja formação religiosa processou-se na Índia, quando incorporado trabalha em nome de Xangô, o Orixá da Justiça Divina.
Com isso ordenou-se a religião e religiosidade dos umbandistas, pois um médium sabe que seu mentor é um espírito cuja última encarnação ocorreu na Índia, mas manifesta-se quando cantam para Xangô...ou para Oxóssi, ou para Ogum, pois mesmo os hindus são regidos pelos Sete Orixás Ancestrais ou Sete Tronos Essenciais, que não pertencem a essa ou aquela religião e povo, mas sim, estão na ancestralidade de todos os espíritos.
Portanto, os espíritos que são incorporados, só são nas linhas cujas divindades ou "Orixá" seja seu regente ancestral.
Assim, se na ancestralidade de um " caboclo" está o elemento fogo, quem o rege é Xangô; e se está o elemento mineral, quem o rege é Oxum, etc.. E sua linha de trabalhos espirituais atuará no campo do Orixá que está dando amparo divino à atuação dos espíritos que se apresentam com o seu nome ( da divindade) simbólico.
Não vamos dar todos os nomes das linhas de trabalhos, mas só algumas, para que entendam o Mistério Caboclos:
> Linha de Caboclos Sete-Montanhas, regido por Xangô.
> Linha de Caboclos Sete-Espadas, regidos por Ogum.
> Linha de Caboclos Cruzeiro, regidos por Obaluaê.
> Linha de Caboclos Sete-Pedras, regidos por Oxum.
> Linhas de Caboclos das Matas, regidos por Oxóssi, etc..
Mas temos linhas mistas ou regidas por mais de um Orixá:
> Linha de Caboclos Sete-Flechas, regidos por Oxóssi e Yansã.
> Linha de Caboclos Sete-Pedreiras, regidos por Xangô e Yansã.
> Linha de Caboclos Cobra-Coral, regidos por Ogum, Xangô, Yansã e Oxóssi.
Nestas linhas, e em todas as outras, são incorporados milhares de espíritos cujas religiões não eram a iorubá nem a indígena brasileira. Mas todos têm uma forma de incorporar bem característica, que todos reconhecem quando incorporam para trabalhar, diferenciando-os dos pretos-velhos.
A última religião de um espírito pouco importa, pois na Umbanda ele reverenciará os Orixás aos quais já servia, só que com outro nome.
Afinal, Deus é único, o Trono regente do nosso planeta em seu todo também é único. E os quatorze Tronos Planetários Naturais (os nossos Orixás) também são únicos, ainda que sejam cultuados com muitos nomes.
Texto foi tirado do livro: Umbanda Sagrada, de Rubens Saraceni.
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