.OKEY CABOCLO!

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OKEY CABOCLO!

24/07/2016

PÉ DE VENTO






Minha mãe dizia que o vento era leve – como paina que vira travesseiro para os sonhos – e que carregava os medos e os sonhos maus.

Era coisa para se apaixonar esse tal de vento.

Um dia, eu quis aprisioná-lo. Só para mim…Leveza era bom ter guardada para as horas difíceis.

Peguei uma garrafa e coloquei no meu quintal – no meu quintal, tinha um pé de vento – e fiquei horas ali a esperar que o vento entrasse garrafa adentro.

Foi quando minha mãe percebeu minha intenção e disse que vento era para ser livre. Tinha de percorrer lugares, levantar saias das meninas e só assim o vento tinha razão de ser.

Minha mãe, em seu estado de fé, me disse que o vento era o Espírito Santo e quando eu quisesse que ele aparecesse, bastava assoviar.

Era uma mandinga para fazer ventar. E ainda por cima, cultivar a fé na leveza da alma.

Tem sido assim meus dias.

Todos os dias, quando acordo, a primeira coisa que faço é ir ao meu pé de vento. Assovio e o dia ganha a magia da leveza, por mais que as coisas aconteçam contrário ao que tenho vontade, quando vejo as folhas dançando ao som do vento, percebo ali uma força maior.

Que ganha imensidão, viaja e chega até a mim como cisco voador.

Nas janelas, os mensageiros do vento diz que é impossível controlar o que é livre ,e se um dia quiser controlar a liberdade vá ao centro do quintal, assovie e achará o caminho do paraíso.


Mariana Gouveia

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