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11/07/2016

O MORTO VIVO






“Viver neste mundo é complicadíssimo. Todos os dias temos que tomar alguma decisão que tem consequência e implicações sérias para o nosso futuro. Quer saber meu ponto de vista? – Prefiro morrer”. Foi o que me disse um dia alguém ansioso e deprimido.

Concordei com o sujeito, mas tentei argumentar que deveria haver um tipo de morte em que a gente morre, embora continue vivo. Isto pareceu estranho. – Como morrer e ainda ficar vivo? Não faz sentido! Você está ficando louco?

Talvez. Tudo isso parece mesmo loucura. Contudo, vamos pensar: todos nós temos uma vida biológica, a vida do nosso corpo, mas ainda temos uma vida que se pode denominar de psicológica, a vida do nosso ego. São tipos de vidas bem distintas.

Li, de um bebê que escorregou das mãos de um médico embriagada que fazia o parto e teve um traumatismo craniano que o manteve em estado vegetativo por mais de 20 anos.

Ele era até saudável, biologicamente, mas não tinha uma vivência psicológica. Era um morto vivo. Vivia fisicamente, porém estava morto na sua alma.

Os problemas da ansiedade, angústia, egoísmo, depressão e um tanto de outras manifestações não são propriamente de caráter biológico. Parece mesmo que a coisa toda tem um fundo psíquico. Eu acredito que o furo que faz vazar a nossa energia no cotidiano está na alma.

O que você acha? Será que a vida da alma não deve morrer?

– Então, você está dizendo que eu deva perder a minha identidade?

Não é bem assim. Não é perder a sua personalidade. Mas perder a vida que dá vida ao seu ego. É perder o seu controle do vôo e deixar que o Piloto eterno assuma o plano até o pouso. Nossa ansiedade existencial é uma contradição da verdadeira confiança.

Mentes e corações inquietos tomarão decisões incertas e não conseguirão um descanso na graça. A vida psiquê jamais se descontrai; está sempre na tentativa de vir a comandar, e, deste modo, precisa morrer.

Se a vida do ego não for substituída pela vida ressurrecta, a vida de Cristo, não haverá libertação em nossa existência aqui na terra.

A ansiedade é uma característica da vida psiquê e “ é o resultado natural de centralizarmos nossas esperanças em qualquer coisa menor do que Deus e sua vontade para nós.”

Quem fica preocupado não tem tempo para descansar na providência do alto e acaba pecando contra o cuidado amoroso do Pai.
O ansioso não consegue crer.

(...)


Do velho mendigo do vale estreito, Glenio.


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