Boa noite, a quem pode ouvir
Sou um espanto de mim mesmo
Com língua sem canga que segure
Andando no vento ao contrário
Sou um código em preto e branco
A senha que abre as portas
Cortesia do impossível, a lição
O cabresto dos tiranos, o ranho
Treze mil antanhos vindo à tona
Direção com apoio e paciência
Sou três, quatro, cinco, sete vezes
O instantâneo das indiferenças
E das coisas apanhadas em delito
A voz de mil jurados sóbrios
Mil juízes em ação, a sentença
Cova de medo, mortalha negra
De pele e pena, da vossa cobardia
Sou uma imprudência exposta, o pó
Da mão que apedreja o inocente
E ao que julga sem conduto ou perdão
Que cantem por minha defesa, o favor
Defesa eu sou, das crianças e puros
Para a ordem volver à mesa posta
Sou um esqueleto de ninguém
Nem de homem, ou de Rosa-flôr
Falam-me de cicatrizes, os infelizes
E adoçam a boca na calúnia
Ó, vale a pena esperar- vos no além
E enquanto uivais como herói
Vosso tagarelar diz que sois rei cego
Fechou-se o leque da vossas raizes
Três castelos de raros vestíbulos
Sonho falso de salvo conduto
Vereis que sou o que destranca
E a mão espalmada que fecha
Senhor da chave de tudo
Tranca Tudo chegando... aqui!
Exu Tranca Tudo
( Poema ditado por um Guardião Tranca Tudo.
Psicografia de Vilma Luiz )
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário