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25/09/2015

O PARENTESCO CORPORAL E O PARENTESCO ESPIRITUAL






Os laços de sangue não estabelecem, necessariamente, laços entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porque o Espírito existia antes da formação do corpo.

Não foi o pai quem criou o Espírito do filho; ele não fez senão fornecer-lhe um envoltório corporal, mas deve ajudar o seu desenvolvimento intelectual e moral, para fazê-lo progredir.

Os Espíritos que se encarnam numa mesma família são, o mais frequentemente, Espíritos simpáticos, unidos por relacionamentos anteriores, que se traduzem por sua afeição durante a vida terrestre; mas pode ocorrer também que esses Espíritos sejam completamente estranhos uns aos outros, divididos por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem da mesma forma por seu antagonismo na Terra, para lhes servir de prova.

Os verdadeiros laços de família não são, portanto, os da consanguinidade, mas os da simpatia e da comunhão de pensamentos que unem os Espíritos antes, durante e após a sua encarnação.

Dois seres nascidos de pais diferentes, podem ser mais irmãos pelo Espírito do que se o fossem pelo sangue; podem dar-se bem juntos, enquanto que dois irmãos consanguíneos podem se repelir, como se vê todos os dias; problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela pluralidade das existências.

Há, portanto, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais, e as famílias pelos laços corporais; as primeiras, duráveis, se fortalecem pela depuração, e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através de diversas migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e, frequentemente, se dissolvem moralmente, desde a vida atual.

Quando o Espírito deixa a Terra, carrega consigo as paixões ou as virtudes inerentes à sua natureza, e vai para o espaço se aperfeiçoar ou ficar estacionário, até que queira ver a luz.

Alguns partiram carregando ódios poderosos e desejos de vingança; mas a alguns destes, mais avançados que os outros, é permitido entrever algo da verdade; eles reconhecem os funestos efeitos de suas paixões e, então, tomam boas resoluções; compreendem que para ir a Deus não há senão uma senha: caridade; ora, não há caridade sem esquecimento de ultrajes e de injúrias; não há caridade com ódios no coração e sem perdão.

Então, por um esforço inaudito, olham aqueles que detestaram na Terra, mas ante essa visão, sua animosidade desperta; revoltam-se com a idéia de perdoar, e mais ainda com a de se abdicarem de si mesmos, sobretudo, à de amarem aqueles que talvez lhe destruíram a fortuna, a honra, a família.

Entretanto, o coração desses infortunados está abalado; eles hesitam, vacilam, agitados por sentimentos contrários.

Enfim, depois de alguns anos de meditações e de preces, o Espírito se aproveita de um corpo que se prepara na família daquele que detestou, e pede aos Espíritos encarregados de transmitirem as ordens supremas, para ir cumprir na Terra os destinos desse corpo que vem de se formar.

Qual será a sua conduta nessa família? Dependerá, mais ou menos, da persistência de suas boas resoluções.

O contato incessante dos seres que odiou é uma prova terrível, sob a qual sucumbe, às vezes, se sua vontade não é bastante forte.

Por aí se explicam esses ódios, essas repulsas instintivas que se notam em certas crianças e que nenhum ato anterior parece justificar; nada, com efeito, nessa existência, pôde provocar essa antipatia.

Compreendei que quando produzis um corpo, a alma que nele se encarna vem do espaço para progredir; sabei vossos deveres e colocai todo o vosso amor em aproximar essa alma de Deus.

Abraçai, pois, o filho que vos causa desgosto, e dizei-vos: Um de nós dois foi culpado. Merecei as alegrias divinas que Deus atribui à maternidade/paternidade, ensinando a essa criança que ela está sobre a Terra para se aperfeiçoar, amar e bendizer.

Mas, ah! muitos dentre vós, em lugar de arrancar pela educação os maus princípios da tola vaidade, inatos de existências anteriores, desenvolvem esses mesmos princípios por uma fraqueza culposa ou por negligência; mais tarde, vosso coração ulcerado pela ingratidão dos próprios vossos filhos, será para vós, desde esta vida, o começo da vossa expiação.

A tarefa não é tão difícil; não exige o saber do mundo material. Desde o berço, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz de sua existência anterior; é a estudá-los que é preciso se aplicar; todos os males têm seu princípio no egoísmo e no orgulho; espreitai, pois, os menores sinais que revelem os germes desses vícios, e empenhai-vos em combatê-los.

Se deixais se desenvolverem o egoísmo e o orgulho, não vos espanteis de ser mais tarde pagos pela ingratidão. Mas quando os pais fizeram tudo o que deviam para o adiantamento moral dos filhos, se não se saem bem, não têm censuras a se fazer.

De todas as provas, as mais penosas são as que afetam o coração; alguém suporta com coragem a miséria e as privações materiais, mas sucumbe ao peso dos desgostos domésticos, esmagado pela ingratidão dos seus.

Oh! é uma pungente angústia essa! Mas que pode revelar a coragem moral que o conhecimento das causas do mal vos dá, pois, se há extrema aflição, também há a certeza de que não existem verdadeiras injustiças num mundo destinado ao resgate de débitos pretéritos pela via do amor.

Como é consolador e encorajador esse pensamento de que depende só de si, de seus próprios esforços, abreviar o sofrimento, destruindo em si mesmo as causas do mal. Mas, para isso, é preciso não deter o olhar sobre a Terra e não ver senão uma única existência.

Os Espíritos cuja semelhança de gostos, de progresso moral e de afeição se reunirem e formam famílias; mas não devem trabalhar unicamente para si.

Eis porque Deus permite que Espíritos menos avançados venham a se encarnar entre eles para aí haurir conselhos e bons exemplos, no interesse do seu adiantamento; eles causam, por vezes, perturbações, mas aí está a prova, aí está a tarefa.

Acolhei-os como irmãos; vinde em sua ajuda e, mais tarde, no mundo dos Espíritos, a família se felicitará de haver resgatado do naufrágio os que, a seu turno, poderão salvá-la de outros.


(O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIV)

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