"O novo homem não pode projetar a responsabilidade por sua culpa e sua vergonha num bode expiatório. Tenta corrigir ou mitigar os efeitos de seus erros.
Carrega a dor de sua vergonha ou culpa como uma oferenda sacrificial de si mesmo ao próximo e inevitável passo da evolução: o processo de aprendizagem da conscientização.
A aceitação e a reintegração do bode expiatório, a aceitação da mágoa e da capacidade de magoar, da dor, da culpa e da vergonha são o preço inevitável a ser pago por ser humano e por estar em busca.
Alargar a percepção consciente requer coragem e promove a humildade e a empatia por outros que estejam no mesmo dilema, saibam disso ou não.
O explorador- buscador nunca pode se sentir perfeito nem pode esperar que os outros o sejam. Está sempre dolorosamente cônscio da inadequação dos seus atos, mesmo dos melhores. Ao mesmo tempo que aceita os ideais éticos do patriarcado, evita a hipocrisia que lhes é própria.
A vida e os relacionamentos são encarados como processos, e não como formas fixas que nos permitiriam exigir, ou pelo menos saber, o que deveria acontecer em seguida.
O novo homem percebe que o melhor a fazer em cada situação é buscar, perguntar, arriscar e permanecer aberto.
Aceita o fluir e o tornar-se e abandona a esperança de ter razão, de ser invulnerável.
Continua insistindo nas perguntas de Parsifal: "O que te atormenta?", Qual o sentido disto?", "A quem isto serve?" e "Como serve à soberania da vida?"
Isso significa ainda deixar de lado a expectativa de que é possível garantir a segurança quando se é capaz de controlar todas as circunstâncias e todas as pessoas."
Edward Whitmont - O Retorno da Deusa.
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