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OKEY CABOCLO!

25/02/2014

O CAMINHO DO CURADOR ... focando no Coração!








O arquétipo do Curador é uma estrutura mítica universal, que todos os seres vivos têm dentro de si. Entre as culturas indígenas, esse símbolo apóia o princípio de prestar atenção ao que tem coração e significado. Os Cu radores, nas maiores tradições, reconhecem que o poder do amor é a mais poderosa energia de cura de que o ser humano dispõe. O Curador efetivo, em qualquer cultura, é aquele que estende os braços do amor para praticar o reconhecimento, a aceitação, a consideração, o valor e a gratidão.

Muitas culturas nativas acreditam que o coração é a ponte que liga o Pai Céu à Mãe Terra. Para essas tradições, o coração de quatro câmaras, fonte de sustentação de nossa saúde emocional e espiritual, é definido como cheio, aberto, puro e forte. Essas tradições sentem que é importante conferir diariamente as condições desse coração de 4 câmaras, perguntando: "Estou com meu coração cheio, aberto, límpido e forte?"

Quando o coração não está cheio, nos aproximamos das pessoas e das situações só com a metade dele. O sentimento que experimentamos, como se devêssemos fazer algo que não queremos, é o te rreno em que germina o coração pela metade. Sentir o coração só pela metade é sinal de que estamos em má posição.

Quando o coração não está aberto, transformamo-nos em pessoas de coração fechado. Ficar na defensiva, buscar abrigo em nossa própria resistência, proteger-nos contra a possibilidade de sermos feridos são seus sinais. A resposta é abrandar e reabrir o coração.

Quando o coração não está límpido, ficamos confusos e carregamos a dúvida dentro dele. É onde devemos parar e esperar. Os estados de ambivalência e indiferença são precursores da confusão e da dúvida. A passagem por qualquer um desses estados é um lembrete para aguardarmos a clareza, em vez da ação.

Quando nosso coração não está forte, falta-nos coragem de ser autênticos ou dizer o que é verdadeiro para nós mesmos. Força de coração é ter coragem de ser tudo o que somos em nossas vidas. A palavra "coragem" vem do t ermo francês coeur, que quer dizer coração e, etimologicamente, significa "a capacidade de defender nosso coração ou nossa essência". Quando exibimos coragem, demonstramos o poder recuperador de prestar atenção àquilo que tem coração e significado para nós.


OS 6 TIPOS DE AMOR UNIVERSAL:

Manter a saúde de nosso coração de 4 câmaras nos permite explorar nossa natureza interior, bem como estarmos abertos aos 6 tipos de amor universal:

1. Amor entre companheiros e amantes

2. Amor entre pais e filhos

3. Amor entre colegas e amigos

4. Amor profissional

5. Amor por si mesmo

6. Amor incondicional ou espiritual




OITO CONCEITOS DE CURA:

Todos esses tipos de amor são portas para a cura. Quando nos abrimos a eles, nossa capacidade de manter um ponto de vista equilibrado sobre esse assunto aumenta. Jeanne Achterberg, em seu livro Woman as Healer, nos aponta os seguintes conceitos, que contribue m para o alcance desse equilíbrio:

1. A cura é a jornada de toda uma vida no sentido da inteireza;

2. Curar é lembrar o que foi esquecido sobre vínculo, unidade e interdependência, entre tudo que é vivente e não-vivente;

3. Curar é abrir os braços ao que é mais temido;

4. Curar é abrir o que estava fechado, suavizar o que endureceu em forma de obstrução;

5. Curar é penetrar no momento transcendente, atemporal, em que se experimenta o divino;

6. Curar é criatividade, paixão e amor;

7. Curar é buscar e expressar o ser em sua plenitude, sua luz e sua sombra, o masculino e o feminino;

8. Curar é aprender a confiar na vida.

Quando não desenvolvemos em nós qualquer um desses conceitos, encontramos fechada a porta para o amor e para a saúde.


O PRINCÍPIO DA RECIPROCIDADE:

A cura envolve o princípio da Reciprocidade, a capacidade de igualmente dar e receber, e a capacidade de vincular-se. Os 8 conceitos de Achterberg revelam esse princípio em ação. Para mantermos nossa saúde e bem-estar necessitamos manter o equilíbrio entre crescer e receber, e reconhecer quando um dos pólos está mais desenvolvido que o outro. Curar a si e aos outros envolve práticas que cuidam e tratam da natureza interior e da natureza exterior, sem privilegiar ou minorizar condições.



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LONGA PERUANO TUPAC AMARU É EXIBIDO EM SP








No domingo, dia 17 de outubro de 2.010, a Cinemateca Brasileira exibe, em sessão especial, o longa peruano Tupac Amaru (1984), dirigido por Federico García Hurtado. Inédito em telas brasileiras, o filme trata de um episódio da história da colonização espanhola no Peru, o levante conduzido pelo líder indígena Tupac Amaru, no final do século XVIII. Após a projeção, o cineasta Federico García Hurtado conversa com o público presente.

Considerado pela crítica um dos mais importantes filmes da história do cinema peruano, foi exibido em festivais de cinema realizados em inúmeros países – Japão, Colômbia, Coréia do Norte, Equador, Cuba, Canadá etc – e recebeu, entre outros, o Prêmio Saúl Yelín, oferecido pela Associação de Cineastas Latino-americanos em Havana, em 1985, e a Menção Honrosa no Festival de Cinema de Londres de 1986.

Tupac Amaru foi realizado em regime de co-produção com o ICAIC – Instituto Cubano del Arte y la Industria Cinematográficos e contou com a participação de organizações agrárias e urbanas de Cusco, no Peru.

Escritor, jornalista e cineasta, Federico García Hurtado nasceu em 1937. Iniciou sua carreira como diretor na segunda metade dos anos 1960 com os curtas Huando, Tierra sin patrones e Inkari, proibidos pela ditadura militar. Estreou no longa em 1975 com o documentário Donde nacen los cóndores, película financiada por um grupo de camponeses de uma cooperativa peruana. Seu último filme é El forastero (2002).


Serviço:


Exibição de Tupac Amaru / Encontro com Federico García Hurtado; aconteceu:
Dia 17 de outubro, às 19h30
Na Sala Cinemateca Petrobras, no Largo Senador Raul Cardoso, 207, próximo ao Metrô Vila Mariana
Entrada franca
Não indicado para menores de 12 anos



Por Samuel Dasilvah
http://profsamueldasilvah.blogspot.com/2010/10/longa-peruano-tupac-amaru-e-exibido-em.html


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O QUE É HISTÓRIA?








História (do grego antigo historie, que significa testemunho, no sentido daquele que vê) é a ciência que estuda o Homem e sua ação no tempo e no espaço, concomitante à análise de processos e eventos ocorridos no passado.

A palavra história tem sua origem nas «investigações» de Heródoto, cujo termo em grego antigo é Ἱστορίαι (Historíai).

Estudar História significa pesquisar, investigar, indagar sobre o passado. O primeiro historiador foi Heródoto, um grego que viveu no século IV a.C., que viajou para o Egito e começou a relatar histórias daquele povo.

A idéia da História como uma ciência surgiu na Europa no século XIX. Nesse momento, surgiram os primeiros cursos que passaram a ensinar métodos de pesquisa e que documentos históricos (fontes) deveriam ser utilizados na pesquisa histórica.


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TERRA E POVOS INDÍGENAS







A relação da terra para as populações indígenas tem significados próprios. O valor dado a terra em momento algum se menciona o retorno financeiro, a destruição para produzir.

A terra é um bem essencial para que toda e qualquer sociedade possa desenvolver a ação de “viver” de forma harmoniosa. Os povos indígenas tradicionalmente viveram e continuam vivendo a partir dos potenciais existentes em seu ambiente.

Na época em que ainda não se obtinha os saberes do cultivo da prática da agricultura, tais povos, se adequavam as suas reais necessidades através da cultura nômade, que nada mais era do que a busca de locais propícios para a sobrevivência de suas comunidades, para possibilitar melhores condições de vida.

Assim a busca de locais que tivessem a existência de água potável, abundancia em peixes, frutas e raízes e caças, eram sempre lugares de interesse das comunidades indígenas, sendo atribuída abstratamente para cada povo um tipo de demarcação na memória de cada um dos indivíduos que compunha tal etnia.

Os valores da terra para as comunidades indígenas e a sociedade ocidental se diferem. Para os “brancos” o significado da terra está atrelado a interesses econômicos. Assim a terra só serve para que as pessoas possam produzir, escoar a produção e a obtenção de lucro para poucas pessoas.

Enquanto que para os povos indígenas a terra tem um significado mais afetivo, de memória, sustentabilidade, identidade, espiritualidade e garantia do princípio da vida.

Para as populações indígenas, a terra é a principal condição para que se garanta a reprodução física e cultural dos povos. Locais para morar, plantar, caçar, pescar, praticar as manifestações culturais.

Efetivar a saúde e educação diferenciada só podem se realizar se a comunidade indígena tiver a posse da terra. Não é necessário que se desmate todas nossas matas para que possamos desenvolver as atividades necessárias para nossa sobrevivência.

Para os “brancos” a terra tem que ser totalmente desmatada, para que as pessoas possam construir suas casas, fabricas, barragens, ou mesmo cultivo de monoculturas.

A resistência indígena no Brasil se caracterizou por ser contrária as formas de usurpação da mãe terra. Para isso muitas etnias tiveram que desaparecer (serem exterminadas) e outras tiveram sua população reduzida para garantir que nossos territórios não fossem totalmente tomados.

A política do colonialismo e da integração, pregava unicamente a perca do direito aos territórios indígenas para daí se configurar num país de uma cultura só, negando por tanto a existência da diversidade étnico-cultural de nosso país.

As ocupações desordenadas pelos colonizadores nos territórios indígenas, acabaram descaracterizando boa parte de nossas terras, extraindo além do espaço territorial, espaços de significados importantes para nossos povos.

A redução dos territórios e povos indígenas no Brasil na época da colonização ocasionou em um problema social extremamente grave, que afeta as comunidades indígenas contemporânea.

Se não se tem terra não se tem vida, e é justamente nesse cenário social de descaracterização social e de fragilidade nas identidades indígenas, que vários povos estão vivendo hoje.

A falta de terra põe em risco inúmeras etnias indígenas, inclusive as que ainda não tiveram contatos com a sociedade ocidental, desde a questão da sustentabilidade, até confrontos constantes com posseiros.

A vunerabilidade cultural, o risco de perca das línguas indígenas, a desnutrição, a violência nas comunidades indígenas, já é realidade no cenário nacional.

O reconhecimento de direito sempre foi pleiteado pelo movimento indígena organizado e apoiadores junto às estruturas de poder.

Com relação a terra, os povos indígenas conseguiram avançar no reconhecimento do direito.

Somente através da aprovação da C.F(Constituição Federal) de 1988 os povos indígenas, puderam pressionar e presenciar o reconhecimento desse direito dentro do texto constitucional.





O artigo 231 avançou significativamente nessa área. Reconhecendo aos povos indígenas o seguinte direito: “São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições”.

Para nós povos indígenas esse fato histórico não só reconheceu o direito a terra, mas também institucionalizou na forma da lei a importância que os povos indígenas tem para a preservação ambiental e da necessidade da obtenção da posse da terra para que as populações indígenas possam efetivamente garantir sua reprodução física e cultural, por tanto negar a terra ao índio é sem dúvida nenhuma negar o direito a vida.

O mau uso dos recursos naturais pelo Homem, remete para o mundo todas as vulnerabilidades sociais já existentes (falta de moradia, emprego, etc.), tanta atitude impensada hoje põe em risco nossa casa.

(...)
A preocupação com nossa casa mais uma vez está saindo das aldeias indígenas.

Se já não nos bastasse garantir a preservação do meio em que vivemos agora somos responsáveis em disseminar esse costume tão obvio que é zelar pelo lugar em que vivemos.





Tudo isso, só serve para mais uma vez confirmarmos o quanto que o mundo é desigual e insensato, por outro lado é também reconhecida à importância das populações indígenas para garantir o futuro da humanidade, estamos fazendo nossa parte, agora só falta a do estado que é garantir o direito daqueles que sempre mereceram ter a posse da terra, que tem o mesmo significado de ter o cuidado com a terra.


Texto de Weibe Tapeba
Membro da Comissão Nacional de Educação Escolar Indígena – CNEEI




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O olhar é interior - Caboclo Cobra Coral








Fazer com que o outro mude é muito mais difícil que mudar a si. Entretanto muitos ainda agem no sentido da primeira opção e desbravam caminhos tortuosos na direção do ego alheio.

É necessário ter boa vontade consigo antes de promovê-la ao próximo. Enxergar a própria limitação é o início de um bom serviço ao ser humano e toda humanidade.

Quando enxergar em outro irmão defeitos que lhe trazem incomodo, permita-se observar se não deve ti mesmo consertar seu olhar para aquela pessoa doente, que antes de mais nada é um necessitado de compaixão.

O médico para atuar deve estudar e assim passar por avaliações até que esteja apto para trabalhar em prol da saúde alheia. Entretanto o ótimo médico além de estudar, procura agir de modo saudável e principalmente tem fé naquilo que diz.

Se quiserem ser médicos da alma deverão sem dúvida estudar sobre os ensinamentos deixados por Jesus e vivenciá-los de forma disciplinada e amorosa.

Sabemos que só enxergamos e nos incomodamos com aquilo que conhecemos, e mais, aquilo que vivenciamos.

Ter amor e perdão é a matéria prima de que precisa a humanidade para prosperar espiritualmente e ajudar ao próximo.

Tenham sempre em mente que Jesus nos recomendou orar e vigiar, mas vigiar a nós mesmos e orar por todos.

A luz do Cristo está na Terra, basta acessá-la através das vibrações do amor.


Caboclo Cobra Coral
Psicografado pelo médium Gilberto Tortorella



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SUMÉ - SÃO TOMÉ








Inscrições encontradas em Ingá na Paraíba, atribuídas a Sumé



• Sumé é uma figura misteriosa, que surgiu "antes do Descobrimento - e ensinou aos índios o cultivo da terra e as regras morais". Uma curiosidade especifica de Sumé é ele ser um branco e ter desaparecido "caminhando sobre as águas do mar", em direção à Índia. As características apontam para um pajé de raça branca.
O mito Sumé é uma incógnita. Figura relatada em toda a extensão do Continente Americano. Sabe-se que possui muitos nomes: Sumé, Xumé, Pai Abara entre nossos índios, Quetzalcoatl na América do Norte, Sommay entre os Caríbas; no Haiti era Zemi, na América Central era Zamima, e muitos outros... mas a figura é sempre a mesma, Homem branco, longa barba, saía das águas para ensinar o cultivo da mandioca e muitas outras técnicas.
Fora ouvido e estimado. Quisera legislar, moralizar, condenando a antropofagia e a poligamia, mas os homens aborrec iam-se com isso.

Em alguns lugares incendiaram a cabana que estava preso; em outros, dispararam-lhe dezenas de flechas. Também quiseram escalpelá-lo. Sempre escapando ileso dos atentados sofridos, aborrecido com o procedimento traiçoeiro dos beneficiados, retirou-se, andando de costas sobre as águas do mar, lago ou do grande rio de onde viera anteriormente. Desaparecia tão misteriosamente quanto aparecera. Deixou em todas as nações, a promessa de que voltaria em melhores tempos para o cumprimento final da missão que recebera.
Conhecido como Bep-kororoti, pelos Kaiapó, é um herói mítico, que transmitiu muitos conhecimentos aos índios, disciplinando-os, ensinando-lhes a construir casas, a se organizar e a cultivar frutas, verduras e legumes. Esse deus herói usava roupas semelhantes a um escafandro e uma "borduna trovejante".


"... disseram que, de acordo com a informação que possuíam, era um homem alto com roupa branca que chegava até seus pés, e que sua veste tinha um cinturão, e trazia o cabelo curto com uma tonsura na cabeça, à maneira de um padre, e que carregava na mão uma certa coisa que parecia lembrar o breviário que os padres trazem nas mãos.” (Betanzoz - 1.551)

"Misterioso personagem que veio do mar (...) e nessa direção desapareceu depois que, molestado por alguns, se desgostou e deu por terminada a sua missão de legislador e mestre de todos eles” (Hans Stadem - Viagem ao Brasil)

"... pregou-lhe a palavra do bem e censurou sua imoralidade. Furiosos por verem seus excessos censurados, os camponeses se apoderaram de Tonapa, flagelaram-no e amarraram-no a três pesadas pedras. Subitamente, três magníficas águias desceram dos céus; com o bico serrado, cortaram as amarras e libertaram o prisioneiro. Tornou à praia, estendeu seu manto sobre as ondas e, vagando nele, como num barco, rumou para a praia...” (Siggfried Huber - O segredo dos Incas)

"... 'o antigo', cabeleira ruiva e estatura maior que a dos outros homens, anda à tona nas águas ou sobre as nuvens. Essa criatura portentosa ensinou os homens a servirem-se da natureza, ‘inventou’ o bodoque e as danças e fere com flecha invisível, o coração dos inimigos." (Arthur Ramos - Introdução à Antropologia Brasileira)

Foram vistas por Nóbrega, Montoya e muitos outros, pegadas em rochas, que dariam o testemunho da passagem e das viagens do apóstolo São Tomé ao longo do caminho. Estas pedras gravadas em baixo relevo e sobrepintadas, identificam pontos importantes do caminho pré-histórico. Inscrições no mesmo estilo são encontradas na Bolívia e Peru, atestando a presença do herói mítico, que partiu do Brasil em direção aos Andes.

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Glossário:

1. Antropofagia: prática regular e institucionalizada de consumo de carne humana por seres humanos, ger. com caráter ritual; canibalismo. [Sin. ger.: androfagia.]

2. Bodoque: forquilha de madeira ou de metal, munida de elástico, com que se atiram pequenas pedras. [Sin. (em vários pontos do Brasil): atiradeira, baladeira, baleeira, beca, badoque ou badogue, estilingue, funda, peteca, seta, setra.]

3. Breviário: livro das leituras e orações cotidianas, prescrito pela Igreja Católica a sacerdotes e religiosos.

4. Kaiapó: indivíduo dos caiapós [ou (etnôn. bras.) *Kayapó], povo indígena formado pelos subgrupos *A'ukre, *Gorotire, *Kararaô, *Kikretum, *Kokraimoro, *Kubenkokre, *Kubenkragnotire, *Kuben-kran-ken, *Mebegnokre, *Mekragnotire, *Metuktire, *Pukanu e *Xikrin, e que habita as margens do médio rio Xingu e seus tributários, em MT e PA.

5. Poligamia: união conjugal de um indivíduo com vários outros, simultaneamente.

6. Tonsura: corte circular, rente, do cabelo, n a parte mais alta e posterior da cabeça, que se faz nos clérigos; cercilho, coroa.





SUMÉ - AS PEGADAS DE SÃO TOMÉ


A passagem de São Tomé pela Bahia, aqui deixando marcas indeléveis de suas pegadas, é a lenda mais antiga que possuímos. A seu respeito, em cartas enviadas para Portugal, falaram, com largueza, os padres da Companhia de Jesus, a começar por Manuel da Nóbrega. Antes deles, porém, a Nova Gazeta Alemã, documento de 1514 ou 1515, já noticiara haver entre os primitivos habitantes do Brasil uma recordação da presença de São Tomé no interior do país, onde cruzes indicavam a passagem do denominado Deus pequeno [1]. À vaga declaração acima mencionada, seguiu-se um comunicado do padre Nóbrega, poucos dias após sua chegada à Baía de Todos os Santos. Consta da carta escrita ao padre mestre Simão, datada de 15 de abril, onde se lê o seguinte "Também me contou pessoa fidedigna que as raízes de que cá se faz o pão, que São Tomé as deu, porque cá não tinham pão nenhum. E isto se sabe da fama que anda entre eles, quia patres corum nuntiaverunt eis. Estão aqui perto umas pisadas figuradas em uma rocha, que todos dizem serem suas. Como tivermos mais vagar, havemo-las de ir ver" [2].


Havia as pegadas de Tomé na Bahia e também lá para as bandas de São Vicente. É a nova informação aparecida numa outra epístola do sacerdote inaciano endereçada ao seu mestre dr. Navarro em agosto de 1549. Cá estivera o santo com um companheiro e deixara alimentos ainda usados pelos selvagens. Além dos alimentos, também ficaram os vestígios da presença. "Têm notícia igualmente de São Tomé e de um seu companheiro e mostram certos vestígios em uma rocha, que dizem ser deles, e outros sinais em São Vicente, que é no fim desta costa. Dele contam que lhes dera os alimentos que ainda hoje usam, que são raízes e ervas e com isso vivem bem; não obstante dizem mal do seu companheiro, não sei porque, senão que, como soube, as flechas que contra ele atiravam voltavam sobre si e os matavam" [3]. Era natural que Nóbrega tivesse curiosidade em ver co m os próprios olhos as pisadas de Tomé, o que seria útil à obra de catequese na qual estava empenhado, evidentemente.

Era um bom meio de comunicação com os aborígines. Discípulo do próprio São Tomé, o sacerdote queria também ver pra crer... Numa "informação das terras do Brasil", considerada por Alfredo do Vale Cabral como de 1549, Nóbrega relata sua visita ao local das pegadas. "Dizem eles que São Tomé, a quem eles chamam Zomé", são palavras da informação, "passou por aqui, e isto lhes ficou por ditos de seus passados e que são pisadas sinaladas junto de um rio; as quais eu fui ver por mais certeza da verdade e vi com os próprios olhos, quatro pisadas mui sinaladas com seus dedos, as quais algumas vezes cobre o rio quando enche; dizem também que quando deixou estas pisadas ia fugindo dos índios, que o queriam frechar, e chegando ali se lhe abrira o rio e passara por meio dele a outra parte sem se molhar e dali foi para a Í ndia. Assim mesmo contam que, quando o queriam frechar os índios, as frechas se tornavam para eles, e os matos lhe faziam caminho por onde passasse; outros contam isto como por escárnio [4].

Outros inacianos, seguindo o exemplo do primeiro provincial, visitaram as pegadas de São Tomé, nos anos seguintes. Adquiriu-se o costume das romarias ao local das pisadas, aventou Alberto Silva, cujo estudo sobre o assunto é completo. Lá estiveram, em agosto de 1552, os meninos do Colégio de Jesus na Bahia, conforme relata correspondência remetida ao padre Pedro Domenech, incluída nas Novas cartas jesuíticas [5]. Viram as pegadas e louvaram a Deus por aquele mistério. É o que está escrito. "Ao chegar, era meia maré baixa, vimos as pegadas, que as cobre a maré cheia, que estão em pedra muito dura, e as pegadas marcadas como de um homem que fugindo, resvalara e a pedra deu lugar a seus pés, como se fosse barro, assim se baixou e humilhou. Estando nos aí um pedaço dando louvores a Nosso Senhor por aquele mistério, porque Nosso Senhor não permite nada debalde, senão para aviso e exemplos deles, e nosso, e para sinal do que Nosso Senhor faz pelos seus" [6].

Em setembro do mesmo ano, Vicente Rodrigues manda dizer para Lisboa que levando uma cruz fizera uma procissão até as pegadas de São Tomé [7]. Pela mesma época o padre Francisco Pires escrevera dizendo que o irmão Vicente Rodrigues estava quatro léguas da Bahia a dentro "junto donde dizem estar as pegadas de São Tomé" [8]. Vale Cabral anotando o texto, esclareceu encontrar-se Vicente Rodrigues em Itapoã [9]. As pegadas, portanto, ficavam na costa brava, nas praias de Itapoã. É o ponto de vista sustentado por Alberto Silva, que ele viu reforçado numa carta de sesmaria do século XVIII, cujos limites começavam na "pedra chamada de São Tomé na dita Itapoã ao longo do mar correndo para o Rio Joanes..." [10]. Simão de Vasconc elos, invocado igualmente pelo autor de A lenda de Sumé na historiografia baiana, fornece seu depoimento pessoal no mesmo rumo.

Eis o trecho do jesuíta, tal como o transcreveu Alberto Silva: "Nesta Bahia fora da barra, em outra praia semelhante, distante como duas léguas da cidade, onde chamam Itapoã, vi com meus olhos, e vêem cada dia os nossos padres, e o povo todo em outro pedaço de recife ou lajem, uma pegada de homem perfeitíssima, nítida de impressão na substância da pedra e a parte posterior para a terra, a anterior para a água. A esta vindo eu de uma aldeia de índios notei que concorriam todos os que trazíamos em nossa companhia ainda os que iam com cargas. Perguntei a um deles a causa (que eu era novo no caminho) responderam-me todos "Pai Sumé piquera angãba sé: é que está ali a pegada de São Tomé". Então lhes pedi me levassem a elas. Vi a pegada que disse, de pé descalço, esquerdo, assim e de maneira que se fora impre sso em barro brando. Tem-nos os índios em grande veneração, nenhum passa, que a não visite, se pode; e tem para si que pondo-lhe o pé, fica melhorado seu corpo todo. Não é esta parte freqüentada como a outra de São Vicente, dos portugueses, porque está a nova parte do tempo coberta com o mar e só aparece em vazantes menores" [11].

O culto de que falam os jesuítas, para o qual muito parecem haver concorrido, chegou até o século XX. Silva Campos e Alberto Silva dele nos deram pormenorizadas informações na fase contemporânea. Servindo-se de um trecho de José Álvares do Amaral, constante do seu Resumo cronológico e noticioso da província da Bahia, Silva Campos fez datar de 21 de dezembro de 1602 a descoberta do pé humano gravado numa pedra, no lugar denominado São Tomé, no caminho das Armações, freguesia de Brotas, cultuado como se fora a passada do discípulo de Cristo [12]. "A pedra", declara Álvares do Amaral, que escreveu n o século XIX, "com o sinal do pé ainda existe naquele local junto à praia, ficando às vezes coberta pelas areias, que trazem as marés grandes" [13].

A versão do Resumo cronológico faz coincidir a descoberta da pegada, 21 de dezembro, com o dia em que a Igreja Católica celebra a festa de São Tomé, pouco antes do Natal de Cristo, donde se dizer "entre tu e Tomé, três dias é". A coincidência está a indicar, evidentemente, a influência que a Igreja, decerto através dos padres da Companhia, teria tido na determinação da data, uma vez que, segundo vimos, muito antes de 1602, tido como o ano da descoberta da pedra já era largamente conhecida a existência das pegadas. O dia, supomos, valeria, apenas, para oficializar o culto popular.

Depois da citação e comentário da nota de Álvares do Amaral, o folclorista e historiógrafo João da Silva Campos reportou-se ao número de A Tarde, vespertino baiano, de 14 de fevereiro de 19 16, referente ao assunto. Humildes pescadores haviam erguido, há muito tempo, uma palhoça encimada por uma cruz, com honras e prestígio de templo de devoção bem defronte da conhecida "pedra de São Tomé". Ali, todos os anos, nos primeiros dias de fevereiro, moradores circunvizinhos e romeiros faziam suas orações, com acompanhamento de harmônicas violas, cavaquinhos e pandeiros.

Os mais velhos asseguravam que São Tomé andara por ali em tempos imemoriais e certa feita, recentemente, salvara pescadores surprendidos por tremenda borrasca. À reportagem de 1916 juntou Silva Campos sua observação pessoal em 1930, quando, na véspera da festa, iam os fiéis buscar a imagem de São Tomé na matriz de Itapoã levando-a para a palhoça à moda da ermida. Depois da reza, campeava a folia, minuciosamente descrita pelo cronista baiano [14].

Alberto Silva que, como já declaramos, escreveu o melhor estudo a respeito do culto de São Tomé na Bahia, ensina, estribado nas pesquisas que empreendeu, que em três locais aparecem as pegadas de Sumé na costa brava. O primeiro, visitado por Nóbrega, onde ficaram assinaladas quatro pisadas do santo junto a um rio; o segundo, descoberto por um pescador, com uma só pegada, referida por Simão de Vasconcelos, fotografada pelo jornal A Tarde em 1916 e conhecida de Silva Campos e, finalmente, no lugar denominado Unhão, já no começo de Itapoã, diante do cruzeiro ali erguido, encontrado pelo citado Alberto Silva [15].

Recapitulamos a história das pegadas de Itapoã; resta-nos rememorar as notícias sobre as pisadas de São Tomé em Paripe, primeiramente mencionadas por Gabriel Soares de Sousa. "Do porto do Paripe", disse o cronista do primeiro século, "se vai a terra afeiçoando à maneira de ponta lançada ao mar e corre assim obra de uma légua, onde está uma ermida de São Tomé em um alto, ao pé do qual ao longo do mar estão umas pega das assinaladas em uma lájea, que diz o gentio, que diziam seus antepassados que andara por ali havia muito tempo, um santo, que fizera aqueles sinais com os pés" [16]. Na era do seiscentos, o padre Simão de Vasconcelos, inquestionavelmente um excepcional divulgador de lendas, encontrou na tradição oral a notícia da passagem de São Tomé pela Bahia, os serviços que prestara ao povo e as pegadas que imprimiu numa pedra em Paripe, numa localidade que, em homenagem ao santo tomou a denominação de São Tomé de Paripe. Mas não viu as duas pegadas.

"As pegadas do santo, que no princípio disse, não vi, nem hoje se enxergam; vi a lajem e nela me mostraram os antigos naquele lugar a parte aonde estiveram e aonde os viram os seus olhos no que não pode haver dúvida alguma" [17]. Reapareceram as pisadas, admitiu Alberto Silva, certamente em outro ponto, consoante descrição de Melo de Morais, que escreveu: "ao longo da praia de Paripe em um alto uma ermida consagrada a São Tomé ao pé da qual existe uma laje com umas pegadas assinaladas e perto uma fonte que, dizia o gentio ter ouvido antepassados andara por ali um santo e que havia muito tempo fizera aqueles sinais com o pé" [18]. Viu-os, ainda, muito apagados, em 1926, o historiador Teodoro Sampaio. No ano seguinte, a "pedra da Toca", onde estavam os sinais foi cortada pela estrada de rodagem. Desapareceram, assim, os famosos sinais que Alberto Silva procurou infrutiferamente, deparando apenas a fonte milagrosa que brota do outro penedo junto ao das pegadas [19].

José Calasans Brandão da Silva et alii
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Notas

1. Silva, Alberto. A lenda de Sumé na historiografia baiana. Bahia, Centro de Estudos Baianos, 1954, pub.28, p.4. — O professor Frederico Edelweis escreveu, sobre a matéria, uma interessante comunicação, ainda inédita, lida no Congresso do V Centenário do nascimento de Pedro Álvares Cabral, no Instituto Histórico Brasileiro.

2. Nóbrega, Manuel da. Cartas do Brasil. Rio de Janeiro, Of. Industrial Gráfica, 1931, p.78.

3. Nóbrega, Manuel da. Op cit. p.91.

4. Nóbrega, Manuel da. Op. cit. p.101.

5. Leite, Serafim. Novas cartas jesuíticas (De Nóbrega a Vieira). São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1940, p.141.

6. Leite, Serafim. Op. cit. p.145.

7. Cartas avulsas 1550-1568. Rio de Janeiro, Oficina Industrial Gráfica, 1931, p.135.

8. Cartas avulsas, p.130.

9. Cartas avulsas, p.132.

10. Silva, Alberto. Op. cit., p.8.

11. Silva, Alberto. Op.cit, p.8

12. Campos, João da Silva. "Tradições baianas". Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. 1930, nº 56, p.521.

13. Campos, João da Silva. Op. cit, p.521.

14. Campos, João da Silva. Op. cit., p.522.

15. Silva, Alberto. Op. cit, p.10

16. Souza, Gabriel Soares de. Tratado descritivo do Brasil em 1587. Lisboa, Liv. Portuguesa, 1938, t.2, p.513.

17. Silva, Alberto. Op. cit., p.11.

18. Silva, Alberto. Op. cit, p.11

19. Silva, Alberto. Op. cit., p.12.

(Silva, José Calasans Brandão da et alii. Folclore geo-histórico da Bahia e seu Recôncavo. Rio de Janeiro, Ministério da Educação e Cultura / Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, 1972, p.7-12)

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Glossário:

1. Inaciano: pertencente ou relativo aos jesuítas, ou próprio deles.


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24/02/2014

AS AMAZONAS






..Em 1542, Frei Gaspar de Carvajal, escrivão da frota espanhola de Francisco Orellana, ao penetrar num enorme rio brasileiro, que ele chamou de "Mar Dulce", encontrou mulheres guerreiras, tendo sido por elas atacado.

O medo foi tanto que o frade escriba, ao vê-las jovens, belicosas, nuas, chegou a afirmar que queimavam um dos seios para melhor manejar o arco e a flecha. Confundiu-as com o mito grego das Amazonas.

E o grande rio foi batizado como: - o rio das Amazonas, rio Amazonas.

Contam que no Reino das Pedras Verdes somente vivem mulheres - as Amazonas. Trabalham muito. Caçam, pescam. Fazem cerâmica. Redes, tecido, enfeitados de penas. Trabalham na roça. Fazem armas. É uma comunidade onde todos possuem tudo em comum.

A direção está nas mãos de uma das Amazonas, que exerce também função religiosa, dirigindo as festas. Seu reinado é curto, somente as virgens de vinte a vinte e cinco anos podem disputar a chefia das Amazonas.

A cada cinco luas cheias, no mês de abril (cinco anos), há renovação do comando das Amazonas. As Amazonas fazem um amuleto famoso - o muiraquitã. É uma raridade, os próprios índios afirmam que não sabem como fabricá-lo. Dizem que o muiraquitã vem de um lugar muito distante, da terra das mulheres sem marido, do país das mulheres guerreiras ...

Em um lago enorme - jaci-uaruá, no mês de abril de todos os anos, quando a lua cheia aparece, as Amazonas mergulham no lago e do fundo trazem um punhado de barro.

Com este barro limoso modelam figuras: peixes, rãs, tartarugas. O mais comum é a rã, símbolo de fertilidade. O amuleto é perfurado para ser usado no pescoço.

O barro tem que ser modelado depressa, ainda debaixo da água, porque o luar faz endurecer o limo verde. Nesta mesma noite elas recebem a visita dos homens de uma tribo vizinha. É a noite nupcial.

Só os índios que já lhe deram uma filha recebem o muiraquitã. Os que lhes deram um filho terão que levar o menino para a sua aldeia porque entre as Amazonas só vivem mulheres.

Os índios contam assim.


Texto de Alceu Maynard Araújo
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BRASIL, histórias, costumes e lendas - São Paulo: Editora Três Ltda., s/data





AS AMAZONAS DA AMAZÔNIA


(AS GUERREIRAS BRANCAS)





moça WaiWai



"Estamos em 1542. Sob as ordens do Capitão Francisco de Orellana, cinquenta e sete espanhóis descem — e esta é a primeira vez desde a Conquista que se efetua essa aventura — o Grande Rio que alguns chamam Maranhão e que, já se sabe, vai lançar suas águas no Atlân­tico.

Após alguns dias, acampam na ilha dos Tupinambás, que em nossos mapas denominamos de Santa Rita. Mais uma vez, são atacados pêlos indígenas. Porém, hoje, eles não estão sozinhos.

Vocês devem saber, escreve o Padre Gaspar de Carvajal , capelão da expedição, que estes (os atacantes) estão sujeitos e tribu­tários das Amazonas.

Ao saberem da nossa vinda, foram lhes pedir socorro e então apareceram aquelas dez ou doze que vimos.

Elas vinham na frente de todos os índios, como se fossem capitães, e combatiam com tamanho ardor que os índios nem ousavam tentar fugir.

Aquele que o fizesse, elas o matavam de pancadas diante de nós e esta é a razão por que os índios se defendiam tanto.

Essas mulheres são muito alvas e altas.  Têm cabelos longos, penteados em tranças ou coque.  São tremendamente musculosas e andam nuas em pelo,cobrindo apenas suas vergonhas.

Usam arco e flechas e são tão valentes no combate que valem por dez índios."





"Peço a todos aqueles que venham a ler esta narrativa para acreditarem em mim...

Digo isto pensando naquilo que outras pessoas possam vir a contar e que talvez não se atenham tanto à verdade como seria de desejar."

O Padre de Acuna dedica diversas páginas da sua narrativa às Amazonas e baseia-se, para tanto, no testemunho dos índios Tupinambás:

"É também através do que nos foi contado pêlos Tupinambás que pudemos confirmar as abundantes notí­cias recolhidas ao longo de todo o rio a respeito das Amazonas ... São tão numerosos e sólidos os fundamentos encontrados para afirmar que existe uma província de Amazonas no rio, que seria não ter fé no homem se não lhes déssemos crédito."






"Essas mulheres masculinizadas vivem entre altas montanhas e picos imponentes, chamando-se Yacamiaba aquele que se destaca mais entre todos os outros.

São mulheres de grande coragem que sempre se abstêm de qualquer contato habitual com os homens, e ainda que eles venham às suas terras uma vez por ano, de acordo com elas, são recebidos com armas, arcos e flechas."

"As meninas que nascem desses acasalamentos ficam com elas e ali são educadas, pois são elas que deverão perpetuar a coragem e os costumes da nação. Porém não se tem tanta certeza a respeito da sua atitude para com os filhos homens.

Um índio que, criança ainda, acompanhou seu pai até essa entrada afirmou que elas devolvem os filhos aos pais quando, no ano seguinte, eles ali voltam. Porém há outros que dizem que elas os matam assim que verificam o seu sexo, o que parece ser mais exato pois esta é opinião corrente".




De onde vinham essas mulheres brancas?


"Contamos apenas com o testemunho de um velho índio Coari a este respeito, como o relata La Condamine, porém isso é confirmado, indiretamente, pelas des­cobertas de Barros Prado.

Durante a primeira metade do século XVII, o avô desse índio viu um grupo de Amazonas atravessar o Maranhão, à altura do rio Cuchivara — o atual Purus - e subir rumo norte.

O fato é que essas mulheres vinham do rio Caiamé, situado a oeste, entre o Purus e o Juruá. Esses rios, que delimitam uma enorme extensão de florestas, ainda hoje quase que inexplorada, têm, ambos, suas nascentes no Peru, distantes apenas uns cinquenta quilómetros uma da outra, num ponto da serra de Urubamba situada em Unha reta a 300 km ao norte de Cuzco.

Ora, as "tatuagens" das cunhantensequimas do Jacicurá são indiscutivelmente semelhantes aos desenhos da civilização de Tiahuanaco.

Esta origem peruana explica também os rumores que corriam a respeito da baixela em ouro e prata das mulheres sem marido e sobre suas casas de pedra. "

"Portanto não há dúvida: a retirada das Amazonas ocorreu por volta de 1290.

Na Verdade, foi nesta data que os Diaguitas do cacique Kari, vindos de Coquimbo, no Chile, atacaram os Vikings que tinham sua capital em Tiahuanaco .

Com a exceção de pequenos grupos que conseguiram escapar, uns pelo Pacífico, outros na montanha e na selva, os homens foram degolados pêlos vitoriosos.

Mas as mulheres tiveram suas vidas salvas. Algumas, provavelmente, foram tratadas pêlos indígenas como presas de guerra.

É normal que outras tenham conseguido escapar e tentado alcançar a Amazónia onde, como observaremos mais tarde, os Vikings tinham algumas colônias.

As mulheres nórdicas — nas alta Idade Média, na Europa — acompanhavam de boa vontade os homens do seu clã nas guerras e muitas vezes participavam de seus combates.

As sagas escandinavas estão repletas de façanhas heróicas das skjòld-meyar, ou Virgens do Escudo, que já foram comparadas às Amazonas por diversas vezes ."

Essa é a origem dessas guerreiras mulheres Vikings na América.


Os Vikings no Brasil
Jacques de Mahieu



Etimologicamente, Amazonas significa "sem seios"; de A-Mazós, mas os Tapajós as conheciam por "cunhantensequina" ou "mulheres sem marido"





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Lenda do beija-flor








Existiam duas tribos morando à beira de um rio: uma tribo maior e uma tribo menor.

A tribo menor plantava e pescava com muito afinco e, com isso,começou a ter mais peixe e maior abundância de alimentos.

Isto gerou inveja na outra tribo, que começou a hostilizar seus vizinhos, primeiro com palavras, depois com gestos e por fim declararam guerra àqueles que, mesmo em menor número, eram mais trabalhadores e eficientes.

Indiferente a estas questões, dois jovens se enamoraram, porém cada qual pertencia a uma tribo.

O rapaz pertencia à tribo menor e a jovem à tribo maior. Apesar da guerra, os dois se encontravam às escondidas, mas um dia os guerreiros da tribo da jovem a seguiram e os encontraram namorando.

Depois de espancar o rapaz e pensando que ele já estivesse morto levaram a jovem de volta à tribo.

O Conselho dos Anciãos foi convocado para o julgamento da pobre jovem. A acusação era de traição, já que as tribos estavam em guerra e eles acreditavam que ela passava segredos para a outra tribo.

A sentença era de morte, mas por ela ser muito jovem e bela, convocaram os Xamãs que resolveram transformá-la numa flor.

O rapaz, socorrido por seus guerreiros, sobreviveu ao espancamento e, tão logo se recuperou passou a procurar desesperadamente pela sua amada.

Ele chamou os anciãos e anunciou que iria até a outra tribo em busca de seu amor. Eles não permitiram tremenda loucura e tentaram, de toda forma, impedi-lo.

Afirmaram que na sua tribo existiam lindas moças que poderiam ser boa esposa e dar-lhe filhos fortes e saudáveis.

O rapaz estava irredutível e os anciãos, vendo tamanha decisão e tristeza do jovem, chamaram os xamãs para ajudá-los.

Depois de muito pensar e sabendo que a jovem amada tinha sido transformada em flor decidiram transformá-lo em Beija-Flor.

Segundo a lenda, é por isto que o Beija-Flor vai de flor em flor, sempre tentando achar a sua amada.

Em toda lenda índígena existe uma moral que os mais velhos ensinam aos mais novos e esta é que nunca se deve desistir do seu objetivo.



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A Lenda do Pássaro Cabeça-de-Vento









Numa tribo indígena, havia uma mulher que se sentia muito infeliz no casamento. O marido era um daqueles homens broncos, insensíveis, incapazes de um ato de verdadeiro carinho, mas que dizia amar muito a mulher.

Ela, a cada dia, se sentia mais oprimida por ele. Sabia que seria muito difícil deixá-lo, pois ele não aceitaria jamais este fato. Mesmo assim, teve coragem para dizer-lhe que iria embora. É claro que o marido não concordou e, de acordo com os costumes da tribo, ela teria de ficar com ele.

O marido, então, passou a oprimi-la ainda mais. E assim foram vivendo, por muito tempo.

Uma noite, porém, a mulher fez uma descoberta fascinante: depois que o marido dormia, ela podia deixar o corpo na cama, ao lado dele, e sair com a cabeça para voar.

Ele, dormindo, como de costume, passava a mão do lado dela e via que ela estava lá e continuava a dormir. Ela, a cabeça, voava por toda a floresta, conhecia lugares incríveis.

E assim foi por um bom tempo. Quase todas as noites, a cabeça ia passear sozinha, longe da opressão do marido.

Tudo ia mais ou menos bem, mas, uma noite, a cabeça voou para longe demais… e não conseguiu encontrar o caminho de volta.

Ficou só aquela cabeça a voar, perdida na floresta.

Ao amanhecer, o marido se deu conta de que só tinha o corpo da mulher consigo.

Ficou furioso. Não podia aceitar aquilo e, como tinha só o corpo, decidiu castigá-lo: surrou-o até a morte. Não satisfeito, esquartejou o corpo, queimou-o jogando as cinzas no rio.

E a cabeça? O Deus da tribo, para não deixá-la aquela vagando perdida pela floresta, transformou-a no “pássaro-cabeça-de-vento”. E foi assim que este pássaro surgiu na Terra. Um pássaro que traz consigo um grande ar de tristeza, mas que, no fundo, tem um quê de felicidade, pois é livre.

Contado por Ricardo Azevedo no curso “Elos entre o folclore e a literatura infantil” (Belo Horizonte – 2000)
Reescrita: Carmélia Cândida




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O amor - Caboclo Cobra Coral








O rebento do amor ao próximo nasce do respeito que se tem pela vida como um todo. Peço a cada um a quem esta mensagem chegar que faça algumas observações sobre si mesmo.

O quanto você tem declarado amor ao próximo?
O quanto você tem declarado amor próprio?

Obviamente a declaração não necessita ser em vias de palavras, a ação e o modo de enxergar se fazem igualmente importantes nesta análise.

Se tua vida hoje não corresponde ao esperado, o quanto tens regado de esperança a sua vida, pela manhã ou no decorrer do dia?

Muitas vezes o humano tende a creditar a Deus sua sorte e seus infortúnios, e, esquece-se que invariavelmente todo acontecimento seja dito bem, ou seja dito mal, obedece à lei das afinidades.

Peça a Deus sim, porém, nunca deixe de agir em prol de si e do próximo. Todos encarnam com o propósito do crescimento, portanto é altamente perigoso crer no acaso.


Com amor,
Caboclo Cobra Coral
Psicografado por Gilberto Cipriani Tortorella




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EL DORADO - REI DOURADO







Cenário da animação O Caminho para El Dorado, da Dreamworks (2000)
Criada por Ictoon



A lenda do Eldorado é uma das mais fascinantes páginas da conquista da América pelos ibéricos. Ela tornou-se conhecida a partir dos primeiros contatos dos espanhóis com o ameríndio. Até hoje, passados cinco séculos, ela permanece viva na mente das pessoas, sempre sugerindo riquezas incomensuráveis que estariam escondidas sob a abóbada verde da floresta equatorial, procuradas, cobiçadas, mas jamais encontradas. Há uma aura em torno desse tema romântico, tão exótico quanto sangrento.



Manuseando velhas crônicas espanholas amareladas pelo tempo; interpretando manuscritos de aventureiros e cientistas; comparando dados fornecidos por sábios, poetas e historiadores, a gente custa a adotar uma versão inteligível para esse símbolo mitológico - o Eldorado. As andanças épicas de todos aqueles que cruzaram a Amazônia, de uma maneira ou de outra, têm relação com a lenda. Ela empolgou cavaleiros e bandidos, reis e soldados, como uma bússola, cuja agulha apontava no rumo do sonho e da fantasia.

Fortunas foram gastas, vidas humanas sacrificadas, duelos se sucederam; terror, crueldade e traição - tudo era válido nesse frenesi de ilusão e cobiça. Vejamos então, como foi que a lenda do Eldorado exerceu ação tão poderosa sobre a mente do europeu  arrivista.

Primeiramente, os espanhóis dominaram o Caribe. Já,  desde as chamadas terras firmes do Darien, ao cruzarem o Panamá pestilento, eles começaram a ouvir histórias fantasiosas contadas pelos naturais, e ampliadas pela sua fértil imaginação. Escutavam atentos as referências ao Biru ou Peru, do lado do Pacífico. Um deslumbramento onírico pairava no ar e crescia, cada dia mais. Os corações batiam com ansiedade. Bastou Balboa transpor o istmo insalubre na madrugada do dia 15 de setembro de 1513, para os espanhóis esparramarem-se pelas costas do "Mar del Sur" (Pacífico), descendo pelas praias do Tahuantinsuyo (Colômbia, Peru, Equador, Bolívia e Chile). Pareciam um enxame de abelhas. Indiferentes aos perigos e à inclemência do clima, apoderaram-se e estabeleceram-se nas culminâncias andinas.

Os naturais continuavam falando em ouro, diamantes e esmeraldas - a única linguagem que realmente interessava aos conquistadores. Não queriam eles outro assunto. É claro que os nativos desejavam ver afastad os para longe de seu domínio aqueles intrusos indesejáveis, cruéis e prepotentes. Mesmo sem entender a razão, logo eles sentiram que o europeu tinha obsessão pelo ouro. Daí, a habilidade com que inventavam historias estapafúrdias, localizando as regiões auríferas em pontos afastados e quase sempre inacessíveis. Elas eram aceitas, coloridas e ampliadas pela cupidez espanhola.

Mas o ouro encontrado no Peru não foi bastante para satisfazer expectativas tão obstinadamente elaboradas. Não deu para mitigar a fome de lucro, tanto do general quanto do soldado. Os homens estavam decepcionados. Queriam mais e mais. Seu lema, então, passou a ser: fortuna ou morte.

Certo dia, em meio àquele delírio equatorial, um índio chibcha aprisionado em Cundinamarca por Luiz de Daza, ao narrar uma de suas fábulas, referiu-se ao Eldorado. Era a primeira vez que essa palavra era pronunciada. As atenções se fixaram. O assunto despertou o mais viv o interesse. Os espanhóis passaram a só falar nele. Fizeram tudo para obter do índio mais detalhes da narrativa. O índio, porém, não foi muito claro, quer por dificuldade lingüística, quer por não ser preciso na comprovação de seu relato. Desesperados, os conquistadores começaram a torturar o pobre selvagem, a fim de arrancar informações mais concretas. Como as coisas não corriam segundo seu desejo, passaram a garrotear o cacique, que acabou concordando em falar o que sabia e o que não sabia. Foi então que o príncipe indígena, antes de morrer, detalhou a impressionante narrativa, a qual acabou por reorientar o foco de atenção dos espanhóis para o interior da Amazônia.

Interessante uma observação: de tantas versões da lenda do Eldorado, apenas esta, narrada pelo cacique chibcha na alvorada da descoberta da América, é que foi confirmada, mais tarde, por Sebastião de Banalcázar. Ela consignava que, vencida a Cordilheira, a uma distância de 15 dias de caminhada no rumo do nascente, junto a um lago de águas tranqüilas, estava plantada uma cidade de delícias e riquezas incomparáveis. As casas eram cobertas de ouro; os utensílios, de prata pura, e as ruas pavimentadas com esmeraldas e rubis. Era a capital de um reino paradisíaco, onde vivia um cacique chamado Zipa. Todos os anos, após a brotação de uma planta medicinal, que os índios chamavam de "nachac", ultimados os preparativos, o cacique deveria celebrar o "sunna" - uma cerimônia expiatória e propiciatória, sobre as margens do lago.

Ao cair da noite, acompanhado por um numeroso grupo de guerreiros, sacerdotes e gente do povo, o Zipa fazia-se coroar solenemente, em um estrado armado sobre a areia da praia. Depois, com quatro dos mais altos sacerdotes, subia em uma balsa de junco, levando consigo muitos objetos de ouro, prata e diamantes; levava também, resinas aromáticas e essências odoríferas, para o ferecer às divindades lacustres Quia e Quinigágua. Chegado ao meio do lago, enquanto os sacerdotes seguravam tochas e queimavam incenso, o cacique atirava as oferendas ao fundo das águas. Em seguida, um servo cobria o corpo do chefe com uma substância resinosa. O mais graduado dos sacerdotes, então, soprando através de um canudo, cobria o corpo do príncipe com ouro pulverizado, só deixando os olhos a descoberto. Assim, totalmente dourado, resplandecendo à luz das tochas, em comovente cerimônia de imersão, o soberano mergulhava nas águas do lago, sobre-nadando até ver-se livre daquela pesada envoltura metálica.

Essa cerimônia era uma penitência relacionada com a falecida esposa do monarca. Acusada, ao que parece sem razão, de adultério com um dignitário da corte, ela sofreu uma humilhação terrível: em um banquete público foi obrigada pelo marido, a comer os órgãos genitais do amante, morto e mutilado de véspera. A mulher indi gnada declarou-se inocente, e apesar de torturada, recusou-se a cumprir a sentença. Exasperada, aos gritos, acabou desvencilhando-se dos guardas e fugiu, correndo em direção ao lago. Atirou-se às águas, juntamente com uma serva fiel e com a pequenina filha do casal, uma princesa adorada pelo pai. Surpreendido com aquele suicídio, o Zipa fez tudo para que os corpos fossem resgatados. Tudo em vão. Abandonadas as buscas, um astuto sacerdote convenceu o chefe de que o "gênio do lago" havia acolhido as mulheres no fundo, para uma vida melhor e mais feliz.

Dias depois, contudo, apareceu flutuando, e foi recolhido na praia, o corpo a princesinha, privado dos olhos e da genitália, em adiantado estado de decomposição. O mesmo sacerdote explicou, então, que o "gênio do lago" havia restituído os restos mortais da filha, naquele estado, a fim de castigar o pai cruel e indigno. Os corpos da esposa e da serva jamais foram encontrados. Então, o Zipa foi tomado de tal sentimento de culpa, que acabou chorando convulsivamente.

Com profundo remorso, fez uma promessa solene: todos os anos, naquela data, voltaria ao lago para depositar às águas as jóias mais requintadas do império. Supunha com isso expiar a sua culpa. E assim começou a fazer. Os sacerdotes providenciaram um engenhoso e invisível sistema de redes e drenos para, na calada da noite, recolher os objetos, dando a entender ao Zipa que o fantasma de  sua esposa retornava ao local, e acolhia jubilosamente as oferendas. A liturgia foi se repetindo nos anos seguintes, até ser incorporada ao calendário daquele povo. A tradição consigna que os Zipas que se sucederam prosseguiram com o ritual, até que as hordas de conquistadores espanhóis dispersaram o povo e acabaram com a prática do "sunna".

A partir de 1550 quase ninguém mais se lembrava do culto. O cerimonial estava definitivamente abolido. Esta lenda foi de tal modo difundida que o vocábulo "Eldorado", inicialmente atribuído ao cacique, passou a designar um reino, um território: o tabernáculo onde estava depositada uma arca com as maiores riquezas da Terra.

Desde aquela época remota, a lenda do Eldorado tem exercido uma ação sedutora sobre a mente dos homens. Mesmo em nossos dias, uma busca frenética continua. Ninguém mais procura o rei Dourado, mas, a "morada do sonho". O "império da ilusão" continua a desafiar a insaciável ambição da raça humana. O núcleo de habitações lacustres, no centro do qual ficava o palácio do Zipa, a capital do reino Eldorado, segundo os historiadores, chamava-se Manoa ou Quivira. Os topônimos Eldorado, Manoa e Quivira eram usados, indiferentemente, para designar o mesmo lugar.

Agora, a pergunta: em que parte da Amazônia estará o Eldorado?
No cimo da serra Zipaquirá, junto ao lago Guatavita, perto das Minas de Sal de Bogotá, na Colômbia? Em Liang anates? No vale do Orinoco, junto ao lago Maracaibo ou no interflúvio Meta-Guaviare? No sopé da serra Pacaraima?
Quem sabe, no vale do Rio Branco, ou na ilha de Maracá, no Uraricoera? Junto ao lago Janauari, próximo a Manaus? Quem sabe na região do extinto lago Parime, que durante dois séculos figurou nos mapas da América Meridional, e que, a partir de 1802, por influência de Humboldt, foi suprimido dos Atlas?

Com a pressão colonizadora vinda dos Andes, do Caribe, das Guianas e do Planalto Central Brasileiro; com essa periferia toda vasculhada sem resultado, quem sabe o Eldorado não esteja no interior ignoto da Amazônia Brasileira?
Ninguém pode responder.
No mundo racional, não há uma resposta. Só alimentamos esse assunto com a ajuda da sensibilidade onírica.
Afinal, o sonho conviveu e convive com a Humanidade.
Enquanto houver vida, haverá sonho.
E o que é a vida senão um sonho?

( Amazônia Legen dária - Altino Berthier Brasil - Ed. Posenato Arte & Cultura, 1999 )

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Glossário:


1.
 Chibcha: indivíduo dos chibchas, povo encontrado pelos espanhóis em Nova Granada no séc. XVI.

2. Estapafúrdia: diz-se de pessoa ou coisa extravagante, esquisita, esdrúxula, excêntrica, singular.

3. Onírico: relativo a, ou próprio de sonhos.

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Eldorado








Balsa de ouro encontrada em Siecha
Criada por Ictoon
Lagoa de Siecha
Criada por Ictoon

Eldorado (do castelhano El Dorado, "O Dourado"), Manoa (do achaua manoa, "lago"), ou Manoa del Dorado é uma lenda que se iniciou nos anos 1530 com a história de um cacique ou sacerdote dos muíscas, indígenas da Colômbia, que se cobria com pó de ouro e mergulhava em um lago dos Andes. Inicialmente um homem dourado, índio dourado, ou rei dourado, foi depois fantasiado como um lugar, o reino ou cidade desse chefe legendário, riquíssimo em ouro.
Embora os artistas muíscas trabalhassem peças de ouro, algumas das quais hoje formam o rico acervo do Museu do Ouro de Bogotá, nunca foram encontradas entre eles grandes minas, muito menos as cidades douradas sonhadas pelos conquistadores que pretendiam repetir a façanha de Francisco Pizarro no Peru. Tudo indica que os muíscas ou chibchas obtinham o ouro por meio de trocas com indígenas de outras regiões.
Sedentos por mais ouro, os conquistadores fizeram o mito migrar para leste, para os Llanos da Venezuela e depois para além, no atual  estado de Roraima ou nas Guianas. Na forma tomada pelo mito a partir do final do século XVI, a cidade dourada, agora conhecida como Manoa, se localizaria no imenso e imaginário lago Parima e teria sido fundada ou ocupada por incas refugiados da conquista de Pizarro.
O mito é semelhante ao de Paitíti ou Candire, que também seria uma cidade cheia de riquezas que teria servido de refúgio a incas que escaparam da conquista espanhola, mas costuma ser localizada muito mais ao sul, entre as selvas da Bolívia e Peru ou no Brasil, no Acre, Rondônia ou Mato Grosso. Os dois mitos têm origem comum no sonho de conquistadores de enriquecer repetindo a façanha de Francisco Pizarro, o conquistador dos incas, e influenciaram-se mutuamente, mas o de Paitíti associou-se, em tempos mais recentes, com a nostalgia de povos andinos pelo antigo Império Inca, ganhando conotações nativistas. 

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Lago Guatavita
Criada por Ictoon

 

O Eldorado na Colômbia

Editar a secção O Eldorado na Colômbia

Em 1534, logo depois que os espanhóis completaram a conquista do  Império Inca e refundaram a Kitu dos incas como San Francisco de Quito (no atual Equador), um índio foi lá solicitar ajuda dos espanhóis para a guerra de seu povo contra os muíscas. Ele afirmou que na terra dos muíscas havia muito ouro e esmeraldas e descreveu a cerimônia do homem coberto de ouro que, durante séculos, despertaria a cobiça dos conquistadores.
Cronistas relatam que, assim que o impulsivo Sebastián de Belalcazar ouviu a história, exclamou "Vamos procurar esse índio dourado!" Mas não foi o único. Belalcázar saiu de Quito em busca de El Dorado já em 1535, mas Nicolás de Federmann, que saiu da Venezuela no mesmo ano; e Gonzalo Jiménez de Quesada, que partiu da costa norte da Colômbia no ano seguinte. O último foi o primeiro a chegar à terra dos muíscas, perto de Bogotá e conquistá-los, em 1537. Os outros dois disputaram seu domínio da região em 1539, mas submeteram-se à arbitragem do rei da Espanha, que concedeu o governo da região de Popayán (ao sul) a Belalcázar. Quesada obteve os títulos de marechal do Novo Reino de Granada (nome que dera à região) e de Gobernador de El Dorado, voltando em 1549. Federmann nada obteve e foi processado pela família Welser, que financiara sua expedição, acabando por morrer na prisão.
Em 1568, com 60 anos, Jiménez de Quesada recebeu a missão de conquistar Los Llanos ("As Planícies"), a leste dos Andes, com a idéia de encontrar Eldorado. A expedição partiu de Bogotá com 400 espanhóis e 1.500 indigenas e alcançou a confluência dos rios Guaviare e Orinoco, mas não pôde prosseguir e retornou quatro anos depois, derrotada e reduzida a 70 homens. Com sucessivas explorações, a localização do suposto Eldorado foi se deslocando cada vez mais para leste, em território do que é hoje a Venezuela e depois o atual estado brasileiro de Roraima e as Guianas. 


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O Homem Dourado

 

Em 1636 Juan Rodríguez Freyle escreveu a versão mais conhecida da lenda na crônica El Carnero, dirigida a seu amigo Don Juan, cacique de Guatavita, localizando ali o mito:




A Balsa de El Dorado, no Museu do Ouro de Bogotá (arte muísca, 1200-1500 d.C.)
Criada por Ictoon

...Naquele lago de Guatavita faziam uma grande balsa de juncos, e a enfeitavam até deixá-la tão vistosa quanto podiam… A esta altura estava toda a lagoa cercada de índios e iluminada em toda sua circunferência, os índios e índias todos coroados de ouro, plumas e enfeites de nariz… Despiam o herdeiro (...) e o untavam com uma liga pegajosa, e cobriam tudo com ouro em pó, de manera que ia todo coberto desse metal. Metiam-no na balsa, na qual ia de pé, e seus pés punham um montão de ouro e esmeraldas para que oferecesse a seu deus. Acompanhavam-no na barca quatro caciques, os mais importantes, enfeitados de plumas, coroas, braceletes, adereços de nariz e orelheiras de ouro, e também nus… O índio dourado fazia sua oferenda lançando no meio da lagoa todo o ouro e as esmeraldas que levava aos pés, e logo o imitavam os caciques que o acompanhavam. Concluída a cerimônia, batiam os estandartes... E partindo a balsa para terra, começavam a gritaria... dançando em círculos a seu modo. Com tal cerimônia ficava reconhecido o novo escolhido para senhor e príncipe.
Segundo uma versão conada por Rodrigues Fesle em Conquista y descubrimiento del nuevo Reino de Granada de las Indias Occidentales de mar Oceano, os candidatos à sucessão do cacique ficavam presos numa gruta por seis anos, sem comer carne, sal ou pimenta; as mulheres lhe eram proibidas, assim como a luz do dia. No dia da entronização, seu primeiro ato consistia em entrar no lago para oferecer sacrifícios aos deuses, procedendo-se então à cerimônia já descrita, acrescentando-se o detalhe de um braseiro aceso levado a bordo da jangada.
Outra versão, referida por Enrique de Gandía na Historia Critica de los Mitos de la Conquista Americana (Buenos Aires: Juán Roldán, 1929) dizia que um cacique enganado pela mulher descobriu a traição e a obrigou a comer, numa festa, "os órgãos com os quais seu amante havia pecado" e ordenou aos índios que cantassem o crime diante de toda a aldeia enquanto durasse a bebedeira. Incapaz de suportar a humilhação, a mulher tomou a filha nos braços e jogou-se com ela no lago Guatavita. O cacique foi tomado pelo remorso, até que os sacerdotes lhe disseram que a mulher vivia em um palácio escondido no fundo das águas e podia ser honrada com oferendas de ouro. O cacique arrependido teria então passado a realizar a cerimônia.
Houve pelo menos duas tentativas de drenar o lago Guatavita em busca do suposto tesouro. A primeira foi em 1578, quando o mercador espanhol Antonio de Sepúlveda conseguiu uma licença do governo espanhol. Escavou um canal e conseguiu baixar o nível do lago em alguns metros, mas encontrou apenas dez onças de ouro.
Em 1801, Alexander von Hulboldt estudou o lago e mencionou-o em seus relatos, comentando que se a lenda fosse verdadeira, poderia conter centenas de milhões de libras em ouro. Sua especulação voltou a incendiar a imaginação de caçadores de tesouros e em 1825, o capitão Charles Stuart Cochrane, filho do Almirante Cochrane que comandou a frota chilena na guerra da independência, publicou um livro no qual dizia que ali devia existir ouro e pedras preciosas no valor de £ 1.120.000.000. Em 1898, foi formada a 'Company for the Exploitation of the Lagoon of Guatavitá', que dois anos depois transferiu seus direitos à firma franco-britânica 'Contractors Ltd.', com sede em Londres e cotada na Bolsa de Londres.
A empresa passou oito anos construíndo um túnel para esvaziá-lo a partir do centro, mas quando o leito do lago foi exposto, o fundo tinha metros de lama e limo, que tornavam impossível caminhar sobre ele. No dia seguinte, o sol cozeu a lama e lhe deu uma consistência de cimento, tão dura que não pdia ser penetrada. A lama endurecida bloqueou as eclusas, o túnel foi selado e o lago voltou a se encher até o nível anterior. Foram encontrados objetos no valor de £ 500 que foram leiloados na Sotheby's, mas a empresa faliu sem recuperar o investimento de £40.000 e a 'Company for the Exploitation of the Lagoon of Guatavitá' foi dissolvida em 1929. Outras sondagens foram tentadas com dragas e brocas até que, em 1965, o governo colombiano pôs o lago Guatavitá sob proteção legal, proibindo novas tentativas.
O lago Guatavita parece ter sido um centro cerimonal importante para a iniciação dos jovens que seriam coroados zipas ou reis de Bacatá (atual Bogotá), mas a origem da lenda pode ser a lagoa de Siecha (Casa do Homem, em muísca) perto da pirâmide do Sol, a 35 quilômetros de Guatavita. Ali foi de fato encontrada, em 1856, uma peça de ouro de 262 gramas, com a forma de uma balsa redonda com 9,5 cm de diâmetro, que parecia representá-lo. Revelada ao mundo em 1883 por Liborio Zerda, no livro El Dorado, foi comprada por um museu alemão, mas perdeu-se quando o navio que a transportava incendiou-se no porto de Bremen.
Uma segunda peça muito semelhante foi, porém, encontrada em 1969, por três camponeses, dentro de um vaso de cerâmica, em uma pequena gruta da campina de Pasca, Cundinamarca. Encontra-se hoje no Museu do Ouro de Bogotá e é sua peça mais famosa. Conhecida como "Balsa de El Dorado", pesa 287,5 gramas, tem 19 cm de comprimento por 10 de largura e altura e contém uma figura maior cercada de doze menores. 

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O Eldorado na Guiana 

 




Guiana sive Amazonum Regio, mapa de Guiljelmus Blaeu (1642)
Criada por Ictoon



Em 1584 o espanhol Antonio de Berrio partiu de Tunja (Colômbia) com a intenção de explorar o interior das Guianas e em 1590, na região do Orinoco, indígenas lhe disseram que a sete dias dali havia "uma infinita quantidade de ouro", cujas minas eram reservada aos caciques e suas mulheres, embora qualquer um pudesse extrair ouro dos riachos. Não alcançou, porém, as regiões em que os indígenas diziam estar localizado o lago Manoa, no outro lado das montanhas Pacaraima (Manoa, na língua Achaua significava "lago").

O relato da exploração foi redigido pelo lugar-tenente Domingo Vera, que teria feito acréscimos para suscitar a cobiça dos superiores, juntando à sua narrativa supostas revelações de um certo Juan Martínez, sobrevivente da expedição de Diego de Ordaz que teria vivido na capital de Eldorado. Martínez, tendo cometido uma falta grave, teria sido condenado à morte, condenação comutada, pela comiseração dos companheiros, no abandono do culpado numa canoa. Segundo a vesão contada mais tarde por Walter Raleigh:
Essa canoa foi levada pela corrente e encontrada flutuando por selvagens da Guiana, que nunca antes haviam visto um cristão. Eles levaram Martínez de de um lado para o outro, para que fosse visto como uma maravilha, e o levaram em seguida a Manoa, que é a capital do Império dos Incas. O Rei, que o viu, o reconheceu primeiramente como cristão e espanhol; porque não fazia muito tempo que os irmãos Guascar (Huáscar) e Atabaliba (Atahuallpa) estavam mortos, e que Pizarro tinha destruído seu império. Ele recebeu Martínez bastante bem, embora não houvesse esquecido a crueldade dos espanhóis.
Durante as festas dos guianeses, contava a narrativa de Martínez, "os servos untam os corpos dos notáveis com um bálsamo branco chamado curcay e os recobrem de pó de ouro, que sopram por meio de caniços, até que estejam brilhando da cabeça aos pés". Há ouro por toda a parte: na cidade, nos templos, sob forma de ídolos, de placas, de armaduras e de escudos. Sua capital era a cidade de Manoa, construída nas margens do lago Parima (ao qual inicialmente se tinha dado o nome de "Manoa"), ou "Parime", como o chamariam os ingleses.
Uma expedição militar inglesa se apossou dos documentos de Berrio e os comunicou à corte britânica, chegando então aos ouvidos do explorador e aventureiro inglês Walter Raleigh. Em 1594, conduziu sua própria exploração pelo Orinoco até o interior da atual Guiana venezuelana. Encontrou apenas uns poucos objetos de ouro e indícios de minério, mas que lhe bastaram para escrever um livro, 
A Descoberta do Grande, Rico e Belo Império da Guiana, com um Relato da Grande e Dourada Cidade de Manoa, que os Espanhóis chamam El Dorado,
com o qual se ampliou e popularizou a lenda.
Raleigh encontrou no porto de Morequito, às margens do Orinoco, um certo Topiawari, idoso cacique dos aromaias, cujo sobrinho, o anterior cacique, havia sido assassinado pelos espanhóis. O inglês lhe disse que vinha protegê-lo dos espanhóis em nome da rainha Elizabeth I e lhe perguntou sobre como chegar à Guiana que tem ouro e aos incas. O velho lhe respondeu que não podia chegar à cidade de Manoa com os meios que dispunha naquele momento. Se quisesse, ele e seu povo o ajudariam, mas precisaria da ajuda de todos os povos que eram inimigos do império para obter guias e suprimentos. Recordou-lhe que 300 espanhóis haviam sido vencidos nas planícies de Macureguarai e não haviam conquistado a amizade de nenhum povo da região. Havia 4 dias de viagem até
Macureguarai onde habitavam os súditos mais próximos do Inca e os epuremeis, que é a primeira cidade onde vive gente rica que usa roupas fabricadas e de onde provinham essas placas de ouro que se viam aqui e ali entre os povoados fronteiriços e que eram exportadas para toda parte. Mas aquelas produzidas no interior das terras eram muito mais belas e representavam homens, animais, pássaros e peixes.
O cacique explicou que havia guerra entre o povo fronteiriço a seu território e os epuremeis, que lhe haviam roubado as mulheres. Queixou-se de que antes tinham dez ou doze mulheres e agora tinham de se contentar com três ou quatro, enquanto os senhores de Epuremei tinham 50 ou 100. Um homem do séquito de Topiawari disse a Raleigh que se o acompanhassem, deveriam repartir o saque: "para nós as mulheres, para vocês, o ouro".
Topiawari lhe disse que o ouro não provinha de veios, mas do lago de Manoa e de muitos rios. Que misturam o ouro com cobre para que o possam trabalhar, fundem-no em vasilhas de barro com furos, o metem em moldes de pedra ou argila e assim fabricam placas e imagens. Mencionou várias nações inimigas dos incas, entre elas os ewaipanomas, que não têm cabeça. Disse que os epuremeis tinham a mesma religião dos incas. Apesar da distância do Peru, Topiawari sabia que os espanhóis encontraram os maiores tesouros entre os incas. Raleigh ficou convencido de que Manoa existia, mas não tinha meios suficientes para encontrá-la e esceveu seu livro para tentar convencer a corte inglesa:
E estou convencido de que em Guiana será suficiente um pequeno exército de infantaria que se dirija a Manoa, a pricipal cidade do Inca, para separar para Sua Majestade várias centenas de milhares de libras por ano no total o que lhe permitiria proteger-se contra todos os inimigos do interior, fazer frente a todos os gastos do interior. Além disso, o Inca manteria com suas despesas reais uma guarnição de três ou quatro mil soldados para defende-se contra outros países. Pois ele não pode ignorar como seus predecessores, em especial seus tios-avôs Huáscar e Atahuallpa, filhos de Huayna Cápac, imperador do Peru, que se bateram pelo império, foram derrotados pelos espanhóis e que estes últimos anos, depois da conquista, os espanhóis procuraram os caminhos que levavam a seu país. Eles não podem deixar de ter ouvido falar dos cruéis tratamentos que os espanhóis infligiram às populações vizinhas. Por estas razões, pode-se estar seguro de que ele será convencido a pagar seu tributo com muita alegria, pois não tem armas de fogo nem de ferro em todo o seu império e pode então ser facilmente vencido.
Antes de terminar recorda as profecias da chegada dos espanhóis e que, segundo elas,  
"graças à Inglaterra, os incas reencontrarão no futuro seu poder e serão libertados da servidão a seus conquistadores"

Preso em 1603 por suposto envolvimento em uma conspiração contra o rei Jaime I, Raleigh foi libertado em 1616 para conduzir uma nova expedição ao Eldorado, que não teve sucesso, mas saqueou um posto avançado espanhol. Ao retornar, foi executado com base nas acusações anteriores e para apaziguar os espanhóis.
Raleigh acreditava que o Eldorado situava-se no vasto Lago Parima, que mapas da época situavam no interior da Guiana, aproximadamente onde hoje se situa o Estado de Roraima. Este lago, que nunca existiu, está presente na maioria dos mapas dos séculos XVII e XVIII e até em alguns mapas do início do século XIX, quando desaparece e é substituído pelo "Rio Parima", na região dos Tepuís do Monte Roraima.
Os responsáveis por seu definitivo desaparecimento foram o geólogo prussiano Friedrich Alexander von Humboldt e o botânico francês Aimé Bonpland, que viajaram entre o Orinoco e o Amazonas em 1800, em busca das nascentes do Caroni, que encontraram junto a uma pequena aldeia chamada Esmeralda, demonstrando a inexistência do suposto lago Parima. 





El Dorado, em gravura de Theodor de Bry (1599)
Criada por Ictoon


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Stevenson



Eldorado, na interpretação de Roland Stevenson
Criada por Ictoon



No livro Uma Luz nos Mistérios Amazônicos (Manaus, 1994), o pintor chileno Roland W. Vermehren Stevenson, morador de Manaus, ressuscitou a lenda do lago Parima. Afirmou ter descoberto vestígios de um caminho pré-colombiano extinto da bacia de Uaupés a Roraima, com restos de construções de pedra, pelo qual os incas teriam trazido ouro no lombo de lhamas e também ter identificado o que já foi o lago do El Dorado, Manoa ou Parima, que seria a chamada região de campos ou lavrado de Boa Vista, desprovida de selvas, onde apenas há árvores (buritis) mas margens de lagoas, rios e igarapés.

Ali teria existido o lendário lago, localizado entre Roraima e a antiga Guiana inglesa, com um diâmetro de 400 quilômetros e área de 80 mil quilômetros quadrados e sua extinção teria começado há cerca de 700 anos. Segundo Stevenson, a cidade de Manoa localizava-se na região ocidental do lago, conforme o indicavam as primeiras cartografias das expedições, a exemplo de Hariot, que a desenhou vizinha a uma ilha de terra firme. O local exato seria a ocidente do que hoje chamamos ilha Maracá, onde na época do lago cheio estaria a foz do rio Uraricuera.



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Mapa de Raleigh, com nomes dos rios interpretados por Roland Stevenson
Criada por Ictoon



Referências

Ana María Lorandi, De Quimeras, Rebeliones y Utopias: la gesta del inca Pedro Bohorque. Lima: Fondo Editorial de la PUC del Perú, 1997.
Jorge Magasich-Airola e Jean-Marc de Beer, América Mágica: quando a Europa da Renascença pensou estar conquistando o Paraíso. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
Parime: encontrado o lago lendário
Dalton Delfini Maziero, "Em busca dos antigos mistérios Amazônicos"
Wikipedia (em castelhano): El Dorado
Vicente Restrepo, Los chibchas antes de la conquista española, Bogotá: Imprenta de la luz, 1895
R. S. Dietz e J. F. McHone, "Laguna Guatavita: Not Meteoritic, Probably Salt Collapse Crater"
El Dorado, a persistent legend
Museo del Oro: Eldorado Raft
Emerald Stone: Cultura Muisca




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