.OKEY CABOCLO!

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OKEY CABOCLO!

29/04/2012

MENSAGEM DO CABOCLO ÁGUIA BRANCA




 



LIDERANÇA: ESPADA DE DOIS GUMES


Para aqueles que atingem a autoridade influente da liderança espiritual, o processo de decisão torna-se muito mais crítico, pois a responsabilidade de agir de acordo com a verdade é requerida para manter o que foi aprendido.


A influência
, filhos, é a espada de dois gumes da liderança espiritual e deve ser temperada e sempre exercida com sabedoria.

Todos somos centelhas do Criador. Todos somos uma família composta de Mente Divina.


Então, na senda do progresso, entendam que
o amor é uma chave frequencial que nunca pode ser esquecida.

Entretanto, haverá momentos em que todos os seres humanos a esquecerão. E com isto estou falando com todos vocês que estão na carne.


Agir de acordo com o que se prega é fundamental na liderança espiritual.


Entretanto, conforme vocês avançam na senda, as armadilhas vão se tornando mais difíceis de serem vistas, e poderá haver momentos em que vocês terão menos paciência com aqueles de mentalidade diferente ou que são menos adiantados.


E isto, por si só, é uma oportunidade de prova e crescimento.


Nós, seus condutores, lhes rogamos que não se coloquem num trono, e não abandonem aqueles que aparentemente vivem nos recessos sombrios do coração e da mente.


Não condenem aqueles que tentam despertar a dúvida em vocês ou que apontam os dedos para os erros dos outros, mesmo quando os acusadores se recusam a enxergar suas próprias faltas.


Embora reconheçamos que isto seja mais fácil de ser dito do que de ser feito, não fujam do conflito tão rapidamente e sentindo-se tão superiores, que a pressa e reação instintiva os ceguem para uma verdade maior.


Tomem um tempo para uma auto-análise e façam isto de um ponto de vista não passional. Dizemos-lhes: não considerarem o que não está em si mesmo como pessoal.
Relacione valores somente quando disser respeito a si como ponto referencial, mas nunca à outras pessoas.

Vamos compartilhar com vocês um outro conceito importante e lhes pedimos que tomem alguns instantes para refletir profundamente sobre isto:
a sabedoria não ocorre automaticamente através da mera coletânea de dados sobre o conhecimento, independentemente de quão vastos eles possam ser.

A Sabedoria vem através da destilação intensa da experiência e da auto-análise feita com pensamento puro e imparcial.

A verdadeira sabedoria só pode ocorrer em estados que estão acima da simples análice racional-emocional da sua experiência, ela ocorre através da perspectiva da sua própria terceira pessoa interna!

E, para fazer isto, é preciso descartar as crenças inconscientes e indesejáveis, associadas à experiência na mente, presa à rede de ilusão. Entendem?




 - Caboclo Águia Branca
através da médium VSL.,
em 15/04/2011.


06/04/2012

Os Astecas e os sacrifícios humanos.




Em pleno século XVI, durante o processo de conquista europeia na América, os soldados espanhóis organizavam marchas em direção ao interior do continente.

Partindo das ilhas do Caribe, diversas expedições adentravam as matas do Novo Mundo em busca de ouro e riquezas e, na medida em que avançavam, iniciavam contatos com diferentes povos, de diversas culturas e idiomas.
Estas expedições encontraram os as astecas, um povo que praticava sacrifícios humanos.
Os espanhóis se horrorizaram diante das noticias destes sacrifícios, enxergando tudo pela ótica cristã.
A expedição de Córtes.
Entre todas as expedições espanholas no continente americano, certamente a mais conhecida foi a do capitão espanhol Hernán Cortés.
Ela partiu do litoral de Cuba em 1519, rumo à capital asteca de México-Tenochtitlán, com o intuito de conquistar a chamada Confederação Mexica.
 


Então formada ainda pelas cidades de Tacoplan e Texcoco e comandadas pelo líder indígena Montezuma.
Depois de percorrerem os mais inóspitos caminhos, com vales e montanhas, frio, chuva e calor, Cortés e seus homens, ao se aproximarem de seu destino, começaram a receber as primeiras notícias da capital mexica.
No dia 8 de novembro de 1519, os espanhóis finalmente se dirigiram à gigantesca cidade de México-Tenochtitlán.
Os europeus, súditos de um grande monarca, fiéis do único e verdadeiro Deus cristão, se deparariam com uma sociedade indígena altamente complexa em todos os seus níveis.
Além disso, a civilização até então considerada inferior, se mostrou em toda sua grandiosidade, habitadas por cerca de um milhão de habitantes, ao passo que as maiores cidades espanholas não tinham mais do que cem mil pessoas.
Este certamente foi um dos maiores encontros históricos registrados.
Os europeus conheciam os africanos e o Oriente e com eles havia estabelecido e construído uma longa história, desde a Antiguidade.
No entanto, as populações nativas da América não eram conhecidas pelos outros continentes e, mais do que um encontro de pessoas, espanhóis e astecas também começariam a escrever uma história inédita.
As primeiras impressões dos europeus sobre os astecas.
Os registros das primeiras visões sobre a cidade asteca demonstram o encantamento e o discurso do maravilhoso que foi construído a respeito do que viam os espanhóis.



O discurso das maravilhas é comum nas crônicas de viagens, em que o espectador cronista descreve algo que para ele é curioso, singular, diferente, que causa espanto e admiração.
Tudo se passa como se estivesse em ação o seguinte postulado: nesses países distantes não pode deixar de existir maravilhas e curiosidades.
De outro modo, o discurso do maravilhoso é uma das transcrições possíveis das diferenças culturais.
Hernán Cortés, em suas cartas endereçadas ao rei Carlos V e Bernal Dias de Castilho, soldado que participou da campanha, são certamente as principais testemunhas oculares desses episódios.
Seus textos nos deixaram suas impressões iniciais a respeito do mundo indígena.
Cortés relatou:
“Esta grande cidade de Tenochtitlán está fundada em uma lagoa salgada. Ela tem quatro entradas, todas de calçada e feitas à mão. As ruas estão metade na água e metade na terra pela qual os índios andam em canoas. Tem esta cidade muitas praças onde há um continuo mercado, de negócios, compra e venda, onde cotidianamente existem cerca de sessenta mil pessoas e onde há todos os gêneros de mercadorias”.
Do mesmo modo, Bernal Dias deixou seu testemunho:
“(...) por uma parte havia grandes cidades em terra firme e na lagoa muitas outras vilas e víamos tudo cheio de canoas e na calçada havia muitas pontes, de trecho a trecho, e adiante estava a grande cidade do México”.
Essa cidade talvez tenha sido a maior do mundo no século XVI e sobre ela os conquistadores fizeram maravilhosas descrições.
Cortés tentou transmitir uma imagem fascinante do mundo novo que havia encontrado e começou por situar o maravilhoso cenário que o rodeava.


O enorme vale, cercado por ásperas serras, os dois lagos, o menor de água doce e o maior de água salgada e que eram comunicados por um estreito.
Os vulcões, as canoas, as ruas da cidade, a abundância e a organização dos mercados, como o de Tlatelolco, os templos, os sacerdotes, as torres e as imensas pirâmides.
Além disso, os cronistas destacam a limpeza das casas, os amplos aposentos, as flores que decoravam as ruas, a organização política, o aparato militar e até mesmo a existência de um jardim zoológico.
Coisas nunca vistas foram ressaltadas nos relatos dos espanhóis, com tanques para os peixes e jaulas enormes para as aves, além da exposição exótica de índios albinos e pessoas deformadas.
Na Europa, nada disso existia e quase tudo causava espanto e admiração.
Os espanhóis, por exemplo, ficaram muito surpresos ao ver os braseiros que eram colocados sob as refeições para que se mantivessem quentes os alimentos e o hábito indígena de lavar as mãos antes e depois dos banquetes.
Cortés certamente nunca tinha visto nada igual e ele mesmo gastou várias folhas, em suas epístolas, para tentar descrever em detalhes tudo o que via e tudo o que chamava sua atenção.
Naturalmente, os relatos de Cortés e Bernal Dias de Castilho corresponderam à visão particular desses autores acerca do mundo indígena que, ao longo da viagem, encontraram.
Aquilo que destacaram e valorizaram, para contar em seus registros, também foi fruto de uma seleção feita a partir dos seus valores.
Mais do que uma descrição fiel da realidade, trata-se de uma exposição eurocêntrica do mundo asteca em que vemos a valorização das ruas, dos prédios, da técnica, do controle sobre a natureza, do comércio.
Portanto, o que foi destacado dialogava diretamente com a Europa daquele período.
Mas é preciso saber que mundo era esse e de que modo ele estava organizado e, principalmente, como havia chegado nesse grau de desenvolvimento, pois esse viria a ser o cenário principal em que Cortés atuaria nos próximos dois anos.
Ele mesmo se tornou conhecido e entrou para a história ao entrar em contato com este novo mundo, visto que o nome do explorador espanhol estará para sempre associado a esse conjunto de elementos que compuseram o espaço do México indígena.
Antes dos espanhóis chegarem.
No século XVI, viviam na região do México diversas populações indígenas.
A região Sul, chamada pelos historiadores de Mesoamérica, era habitada por agricultores que viviam em povoados e cidades governados por um grande líder, chamado por eles de tlatoani, “aquele que fala”.



No Norte, região chamada de Aridamérica, se dedicavam à caça e à coleta de plantas silvestres ou praticavam uma agricultura menos intensa e não viviam em um lugar fixo nem tinham governo centralizado.
Na Mesoamérica viviam muitos povoados independentes.
Um deles, sem dúvida, era o mais poderoso, pois, ao longo de sua história, havia conquistado muitas outras sociedades.
Esta cidade era México-Tenochtitlán e seus habitantes eram chamados de mexicas ou astecas.
Os mexicas contavam que, em suas origens, haviam sido um pequeno grupo de nômades que partiu da distante região lendária de Aztlán, localizada no Norte do México atual, em busca de uma terra própria, onde pudessem se estabelecer.
Eles teriam sido guiados por seu grande deus Huitzilopochtli, que os conduziu até o Vale do México, lugar em que fundariam sua cidade.
Da palavra Aztlán surgiria o nome “asteca”, ou seja, aqueles que vieram de Aztlán.
Os mexicas, de acordo com a lenda, teriam sido guiados por um presságio divino.
Os indígenas só deveriam parar de peregrinar e se fixar quando fossem surpreendidos por uma visão.


Teriam que ver um cacto e em cima dele uma águia, devorando uma serpente.
Quando isso fosse visto, ali se fixariam e formariam um núcleo de povoamento.
Por ironia, essa visão, de acordo com a tradição asteca, apareceu exatamente em cima de um lago, o Texcoco e, ali mesmo, no meio dos pântanos seria erguida, no ano de 1325 d.C, uma grande cidade, chamada México-Tenochtitlán.
A denominação dupla México-Tenochtitlán levanta, de fato, algumas curiosidades.
O termo Tenochtitlán se explica sem dificuldade: é a terra do tenochtli, uma espécie de cacto, figueira-da-barbaria, de fruto duro, que designa a cidade por um cacto nascendo num rochedo.
A palavra México, por sua vez, apresenta duas origens.
A primeira parte do símbolo da cidade, em que a águia devorando uma serpente representava a divindade Mexitl, outra denominação para o deus do sol Huitzilopochtli.
A segunda explicação, mais difícil, parte da etimologia das palavras: metztli, “a Lua” e xictli, “umbigo” ou “centro”. México seria, então, a cidade que está no meio do lago bem acima da lua.
Na bandeira do México atual ainda é possível ver a reprodução fiel do glifo que designava a antiga cidade asteca.
Uma vez estabelecidos em sua cidade, os mexicas se dedicaram ao que melhor sabiam fazer: a guerra.
Eram tão grandes militares que em 1428 d.C derrotaram vários poderosos povos do Vale do México.
A partir de então se converteram nos novos dominadores da região, junto com Texcoco e Tacoplan, formando a chamada Confederação Mexica que, em seguida, venceu vários outros povos da região.
Logo conquistaram a quase todos os grupos indígenas do Altiplano Central, e regiões da costa do golfo, como Oaxaca e Chiapas.
Em 1519, quando Cortés chegou, os mexicas dominavam a maior confederação que já existiu na história da Mesoamérica e sua capital era a cidade mais povoada, temida e próspera da região.
Quando os mexicas conquistavam outro povoado qualquer, geralmente não trocavam seu rei nem interferiam em seu governo interno.
Somente exigiam que esse povoado, incorporado, pagasse impostos, ou seja, que lhes entregasse certa quantidade de milho, algodão, peles de animais, plumas de aves, ouro, prata e outros produtos valiosos.



Além é claro da exigência de que seus guerreiros os ajudassem nas conquistas militares posteriores.
O líder mexica, o tlatoani, era o mais rico e poderoso dos governantes indígenas e todos os habitantes da Mesoamérica o respeitavam.
No ano da chegada de Hernán Cortés à região, o tlatoani mexica era Montezuma Xocoyotzin, cujo nome quer dizer “o senhor carrancudo” ou o “senhor sombrio”.
Esse líder certamente estabelecia um forte vínculo com a religiosidade indígena, seguindo e obedecendo aos sacerdotes e as ordens vindas diretamente dos deuses protetores da cidade.
Montezuma era o senhor da cidade de Tenochtitlán e foi contra essa cidade que Cortés lançou sua força de dominação.
Por isso, quando falamos em conquista do México, queremos dizer, na verdade, conquista dos mexicas, ou seja, dos habitantes de Tenochtitlán.
A generalização para o termo “conquista do México” ocorreu porque como os mexicas haviam dominado a muitas outras sociedades índias.
Sua derrota permitiria dominar também a todos os outros povos, de modo rápido durante o período de colonização, pois o líder que viesse a substituir Montezuma seria não apenas o novo senhor de México-Tenochtitlán, mas, sobretudo, exerceria domínio sobre outras sociedades indígenas.
Apesar da diferenças entre esses povos, muitos eram subjugados por um mesmo poder.
No entanto, no geral, a Mesoamérica, no século XVI, estava povoada por um grande número de povos que falavam mais de cem idiomas diferentes.
Cada um tinha sua própria identidade étnica, sua própria história e seus próprios governantes.
No Altiplano Central do México viviam povos que falavam náuatle, como os mexicas e os tlascaltecas, além de outros povos como os otomis.
Estes povos se consideravam muito distintos entre si, mas todos comiam os mesmo alimentos básicos, como o milho, o feijão, a pimenta, o tomate e compartilhavam uma religiosidade muito semelhante, caracterizada por violentos sacrifícios humanos.
Os sacrifícios humanos entre os astecas.
A religião e os ritos tinham uma importância fundamental na vida do povo mexica e entre estes se destacava o sacrifício humano, como oferenda máxima que se podia fazer aos deuses.



No centro da cidade de México-Tenochtitlán estendia-se um vasto centro de cerimônias organizado em torno de um importante santuário, o Templo Maior, composto por aproximadamente setenta edifícios.
Cerca de dez mil pessoas, entre sacerdotes e sacerdotisas, cantores, bailarinos, nobres e oficiais de todo tipo se reuniam ali para sacrificar, dançar e cantar.
Existem várias explicações míticas para a origem dos sacrifícios, mas todas se relacionam com os deuses e com a criação do mundo.
Os astecas tinham uma profunda relação com a observação dos astros e estes estavam diretamente relacionados com a religiosidade mexica, assim como no caso dos maias.
Os dois principais deuses da sociedade asteca eram justamente Tezcatlipoca e Huitzilopochtli.
O primeiro deles representava o céu noturno, se conectando com os deuses estrelares, com a Lua, com a morte, com a maldade e a destruição.
O seu nome significa “espelho fumegante” e era também o deus da providência, do destino.
Huitzilopochtli era o seu complemento, pois representava o céu diurno, o céu azul, a encarnação do sol, o jovem guerreiro que nascia todas as manhãs do ventre da velha deusa terra e morria todas as tardes para iluminar com sua luz o mundo dos mortos, o Mictlán.
De acordo com a lenda asteca, Coatlicue, a deusa terra, era a mãe da lua e das estrelas.
No entanto, a terra engravidou novamente e isso gerou muito ciúme de suas filhas que quando souberam da notícia se enfureceram até o ponto de decidir matar a mãe.


Coatlicue chorava, mas o seu filho, dentro de seu ventre, lhe consolava dizendo que a defenderia no momento que fosse preciso.
Quando as filhas enciumadas chegaram para sacrificar a mãe, saiu de dentro dela uma serpente de fogo, como um chicote, que violentamente cortou a cabeça da lua e fez com que as estrelas fugissem.
Assim, nasceu da velha mãe terra o deus Huitzilopochtli, que a partir de então travaria um combate eterno contra suas irmãs estrelas e Lua, no formato de uma serpente de fogo.
A imagem remete ao primeiro raio solar que nasce da terra, dando fim à noite.
Ao consumar sua vitória, ele, o Sol, era levado pelos ombros até o meio do céu pelas almas dos guerreiros mortos na guerra e pelas pessoas mortas nos sacrifícios humanos.
O seu triunfo sobre as irmãs noturnas significava um novo dia de vida aos homens, uma nova chance, em busca de alimentos e sobrevivência.
Todos os dias, portanto, os astecas acreditavam que esse combate divino era travado.
Para que triunfasse o Sol era preciso que ele estivesse forte e vigoroso e, por isso, o homem tinha que alimentá-lo.
Caso contrário, seria noite para sempre.
Por isso, os eclipses eram sinais de desgraça.
Mas como o Sol era um deus, ele só poderia ser alimentado da própria vida, a partir da substância mágica existente no sangue dos homens.
Essa é a origem religiosa dos sacrifícios humanos e a representação do sol, nascendo e morrendo, era sempre encenada em cada ritual em homenagem ao deus Huitzilopochtli.
O Sol desempenhava um importante papel, pois era ele quem fornecia a luz e o calor para que a vida existisse.
Havia um temor contínuo e coletivo de que este astro pudesse perder suas forças e deixar de sair todos os dias.
Os rituais em homenagem ao deus Tláloc, da chuva, também eram importantes, pois estavam diretamente relacionados ao sucesso das colheitas.
Na base de tudo estava a noção de dívida.
Uma criatura devia a vida e tudo o que fazia possível viver aos deuses.
Isso devia ser reconhecido e a dívida paga, mediante o oferecimento de incenso, tabaco, alimentos e, inclusive, do próprio sangue.
O principal foco era a alimentação dos deuses, para que fossem vitalizados, ainda que isto também pudesse ser feito com animais e outras comidas, além das ervas e das flores.
Os ritos do sacrifício.
A maior parte das imolações de homens acontecia ao longo dos ciclos festivos dos meses do calendário solar e muitos dos dias eram as datas de aniversários dos deuses.
As festas do ano solar eram especialmente importantes porque nelas se recriavam diversos aspectos da cosmogonia mesoamericana: a criação da terra, o nascimento do milho, as migrações dos povos, os sacrifícios do Sol, da Lua, das estrelas e o mundo dos mortos.



Nessas celebrações morriam e nasciam novamente quase todos os deuses.
Havia muitas outras ocasiões que requeriam os sacrifícios humanos: guerras, batalhas, desajustes da ordem cósmica, como eclipses, fomes, inundações, roubo de objetos sagrados, fuga de prisioneiros.
No geral, as vítimas eram capturadas durante as guerras de conquista, mas muitas vezes havia voluntários e pessoas honradas a serem sacrificadas.
O sacrificado era vestido e tratado como se fosse a própria divindade por dias, meses e anos, dependendo da festividade.
Os sacrificadores eram no geral sacerdotes especializados e muito respeitados em Tenochtitlán.
Normalmente os sacrifícios seguiam uma sequência de rituais: na noite anterior o sacrificado tinha o corpo velado, era tratado como deus e às vezes tinha o corpo pintado de branco.
No dia seguinte, era levado aos centros cerimoniais e, em público, sacrificado.
O coração arrancado, a decapitação, as flechadas na garganta e o afogamento eram os métodos utilizados, sendo o primeiro deles o mais comum.
O sacrificado, deitado numa pedra, tinha seus membros segurados por quatro sacerdotes.



Um quinto homem responsável pela cerimônia pegava uma faca de obsidiana, pedra vulcânica comum na região, e abria o peito da vítima.
Em seguida, o coração arrancado era mostrado à multidão.
O corpo finalmente era lançado pelas escadarias do templo.
Para finalizar, de tarde, partes do corpo eram comidas num ritual antropofágico que era um evento religioso e social importante.
O morto divinizado era comido para que os fiéis se unissem com ele, mas também se tratava de uma ocasião para convidar e honrar familiares, para fazer relações com pessoas importantes, para ganhar prestígio.
Concluindo.
Os sacrifícios humanos também estavam presentes na chamada “Guerra Florida”.
Em muitas ocasiões, os mexicas marcavam um lugar sagrado e um período do dia específico para encenar, juntamente com outros povos rivais, um combate.



Neste, o principal objetivo não era matar ou conquistar, mas aprisionar o maior número possível de pessoas para serem entregues aos deuses, ou seja, uma noção de guerra completamente diferente da europeia.
Homens como Cortés não entediam esse tipo de prática, nem a religiosidade indígena e, na verdade, essas crenças eram tratadas como algo que precisava ser rapidamente eliminado.
Enxergar os sacrifícios humanos dos astecas como algo demoníaco e, portanto, a ser combatido pelos cavaleiros cristãos foi uma das justificativas religiosas para a conquista espanhola.
A partir de então, a invasão da América carregaria elementos do discurso das cruzadas e do combate aos infiéis.
Desde os primeiros dias em terras americanas, os espanhóis se depararam com corpos indígenas, vítimas de sacrifícios.
Esses cadáveres causavam muito temor não apenas nos europeus recém chegados, mas, sobretudo, nas próprias comunidades indígenas que eram submetidas ao poder de Montezuma.
Esse era, portanto, o mundo que aguardava Cortés, de portas abertas, quando ele passou pelo vale do México e atravessou os povoados de Estapalapa e Coioacán em novembro de 1519.
Uma imensa cidade, cheia de pessoas realizando um intenso comércio e os centros cerimoniais, cheios de vítimas e sangue esperavam a chegada dos espanhóis.
Para entender a história... ISSN 2179-4111. Ano 2, Volume abr., Série 06/04, 2011, p.01-12.
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Para saber mais sobre o assunto.
CASO, Alfonso. El pueblo del sol. México: FCE, 1994.
CASTILLO, Bernal Díaz. Historia verdadera de la conquista de la Nueva España. México: Editorial Porrúa, 2007.
CORTES, Hernán. Cartas de Relación. Madrid: Dastin, 2007.
HARTOG, François. O espelho de Heródoto: ensaio sobre a representação do outro. Belo Horizonte: UFMG, 1999.
LINARES, Federico Navarrete. La Conquista de México. México: Tercer Milenio, 2000.
SOUSTELLE, Jacques. Os astecas na véspera da conquista espanhola. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
______________________

Texto: Prof. Ms. Marcus Vinícius de Morais.
Mestre em História Cultural pela Unicamp e autor do livro Eles Formaram o Brasil, co-autor do livro História dos EUA: das origens ao século XXI, ambos publicados pela Editora Contexto.
Membro do Conselho Editorial de “Para entender a história...”

O EXTERMÍNIO DOS ASTECAS NAS CARTAS DE CORTEZ






Segue detalhes da conquista de Tenochtitlán por Hernán Cortes:

Depois ada "Noche Triste", de 1º de julho de 1520, quando os astecas, comandados por Cuitlahuaca, irmão de Montezuma que o sucedera, obrigaram os espanhóis a recuar, Cortez volta a atacar Tenochtitlán.

Descreve uma das batalhas: "Lutaram conosco bravamente, mas quis Nosso Senhor dar tanta força aos seus que entramos pela água até o peito e fomos conquistando a vitória. Matamos mais de seis mil índios, entre homens, mulheres e crianças."

Ainda durante o cerco de Tenochtitlán, sobre a captura de 50 espanhóis pelos astecas: "Quando voltamos a Texcuco, encontramos naquele povoado, em seus adoratórios e mesquitas, o couro de nossos cavalos, as roupas e as coisas de nossos espanhóis e o sangue desses derramado em homenagem aos ídolos daquele povo."

Após uma batalha vencida no povoado de Acapichtla: "Foi tanta a matança que (os índios tlaxcalanos, que apoiavam os espanhóis) provocaram, que um pequeno rio que margeava aquele povoado ficou por mais de uma hora tingido de sangue, impedindo que se pudesse ali beber água, o que foi terrível, pois fazia muito calor."

Sobre os povos que apoiavam os espanhóis: "Os índios nossos amigos usavam para com os adversários tanta crueldade, que não diminuía nem com nossas ameaças de castigo. (...)

Nossa preocupação passou a ser a de conter nossos aliados para que não cometessem tanta crueldade com os índios inimigos. Aliás, em nenhuma em nenhuma parte do mundo vi tanta maldade como entre os nativos dessa região."

Ao submeter finalmente Tenochtitlán: "Minha determinação era fazer com que aquela gente se entregasse, mas eu percebia que preferiam lutar até a morrer. ara atemorizá-los, mandei pôr fogo nas suas casas e templos, embora isso me causasse grande pesar; pois em algumas dessas casas, Montezuma cultivava todas as espécies de aves. Não consegui entender como permaneciam irredutíveis em seu desejo de lutar até a morte, nos obrigando a ter que destruir aquela cidade que era a coisa mais bela do mundo."


Por Márcia Ledur

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Objeto do Estudo: ASTECAS > ( Mais Completo )





Visão Frontal Planície de Yucatán/México: Império ASTECA


Os Astecas (Império Pré-Colombiano) viveram aproximadamente de 1.325 a.C. a 1.521 d.C. na região da América do Norte, mais especificamente entre o México e América Central.

Os povos que ficaram conhecidos com o nome de Astecas têm uma origem obscura e reuniram-se no país de Anahuac ou México. Tenochtitlán (hoje México) foi a grande cidade asteca, local escolhido para a fixação dos últimos Nauas originários de Aztlán (Norte do actual México) ao cabo de uma longuíssima migração iniciada no século X a partir do Norte e que só terminaria no século XIV. No século XIII, uma das paragens foi em Chapúltepec, terras disputadas por várias tribos, para depois serem expulsos já no século XIV pelos povos vizinhos. Depois de um período errante no vale sempre marcado por lutas entre os diferentes povos, refugiam-se com maior segurança numa ilha no meio de um imenso lago, o Texcoco, onde já habitavam populações autóctones. Era um local de habitabilidade difícil, mas com uma localização estratégica magnífica.

Procederam à drenagem do pântano em volta, proporcionando acessos e terrenos férteis propícios à agricultura.

Os atuais povos indígenas do México (alguns historiadores dizem que é a atual população Mexicana), são descendentes dos Astecas. Abaixo segue resumo desta civilização:


História ASTECA (AZTECA)


Continente
América Central
Capital

Tenochitlan

Língua Oficial

Náuatle

Religião

Asteca

Governo Tlatoani

Monarquia


• 1376–1395

Acamapichtli

• 1520–1521

Cuauhtémoc

História Tenochitlan


1.325

Conquista do Império Asteca

1.521

Moeda

Várias


♦Expansão do Império ASTECA


Abrangência do Império ASTECA (AZTECA)


Até o século XIII, na porção noroeste do México, observamos a presença de uma pequena tribo seminômade na região Aztlan. Por razões históricas não muito bem esclarecidas, essa população decidiu se deslocar para a direção sul, até alcançar o território do lago Texcoco, no vale do México. Após derrotar algumas populações que dominavam a região, este povo foi responsável pela criação da civilização asteca.

Ao longo de dois séculos de dominação, os astecas formaram um imponente império contendo mais de quinhentas cidades e abrigando mais de quinze milhões de habitantes. Nesse processo de deslocamento, também é importante falar sobre o estabelecimento da agricultura como atividade econômica fundamental. Graças à agricultura, os astecas tornaram-se uma numerosa civilização.

Os Astecas (1325 até 1521: a forma Azteca também é usada) foram uma civilização mesoamericana, pré-colombiana, que floresceu principalmente entre os séculos XIV e XVI, no território correspondente ao atual México.

Na sucessão de povos mesoamericanos que deram origem a essa civilização destacam-se os toltecas, por suas conquistas civilizatórias, florescendo entre o século X e o século XII seguidos pelos chichimecas imediatamente anteriores e praticamente fundadores do Império Asteca com a queda do Império Tolteca.

O idioma asteca era o nahuatl.
Os astecas foram derrotados e sua civilização destruída pelos conquistadores espanhóis, comandados por Fernando Cortez.



Cerco de Tenochtitlan


♦ História


O controle político do populoso e fértil vale do México ficou confuso após 1100. Gradualmente, os astecas, uma tribo do norte, assumiram o poder depois de 1200. Os astecas eram um povo indígena da América do Norte, pertencente ao grupo nahua. Os astecas também podem ser chamados de mexicas (daí México).

Migraram para o vale do México (ou Anahuác) no princípio do século XIII e assentaram-se, inicialmente, na maior ilha do lago de Texcoco (depois todo drenado pelos espanhóis), seguindo instruções de seus deuses para se fixarem onde vissem uma águia pousada em um Catco, devorando uma Cobra.

A partir dessa base formaram uma aliança com duas outras cidades – Texcoco e Tlacopán – contra Atzcapotzalco, derrotaram-no e continuaram a conquistar outras cidades do vale durante o século XV, quando controlavam todo o centro do México como um Império ou Confederação Asteca, cuja base econômico-política era o modo de produção tributário. No princípio do século XVI, seus domínios se estendiam de costa a costa, tendo ao norte os desertos e ao sul o território Maia.




Centro de Estudo Astronômico ASTECA – Planície de Yucatán


Os Astecas, que atingiram alto grau de sofisticação tecnológica e cultural, eram governados por uma monarquia eletiva, e organizavam-se em diversas classes sociais, tais como nobres, sacerdotes, guerreiros, comerciantes e escravos, além de possuírem uma escrita pictográfica e dois calendários (atronômico e litúrgico).




Calendário Asteca


Ao estudar a cultura asteca, deve-se prestar especial atenção a três aspectos: a religião, que demandava sacrifícios humanos em larga escala, particularmente ao Deus da guerra, Huitzilopochtli; a tecnologia avançada, como a utilização eficiente das chinampas (ilhas artificiais construídas no lago, com canais divisórios) e a vasta rede de comércio e sistema de administração tributária.

O Brasão de armas mexicano mostrando o sinal para a fundação da capital asteca, abaixo representado, prediz ―Que Império Asteca‖ era formado por uma organização estatal que se sobrepôs militarmente a diversos povos e comunidades na Meso-América.

Segundo Jorge Luis Ferreira, os astecas possuíam uma superioridade cultural e isso justificaria sua hegemonia política sobre as inúmeras comunidades nestas regiões, o que era argumentado por eles mesmos.




Brasão de Armas Mexicano


No período anterior a sua expansão os astecas estavam no mesmo estágio cultural de seus vizinhos de outras etnias. Por um processo muito específico, numa expansão rápida, passaram a subjugar, dominar e tributar os povos das redondezas, outrora seus iguais. É importante lembrar estes aspectos pelo fato de terem se tornado dominantes por uma expansão militar, e não por uma suposta sofisticação cultural própria e autônoma.




Guerreiro Jaguar ASTECA


O ―Guerreiro-jaguar‖ do ―Codex Magliabecchiano‖. O jaguar desempenhava um papel cultural na mitologia Asteca muito importante. Ele representava poder e dominação sobre o povo.
―Alguns cienteistas‖ dizem que, apesar de sacrifícios humanos serem uma prática constante e muito antiga na Mesoamérica, os Astecas se destacaram por fazer deles um pilar de sua sociedade e religião. Segundo mitos Astecas, sangue humano era necessário ao ―Deus Sol‖, como alimento, para que o astro pudesse nascer a cada dia e, para tanto, os Sacrifícios humanos eram realizados em grande escala. Algumas centenas, eram realizados em um dia só, e não eram, portanto, incomum.
―Dizem alguns cientistas‖ que os corações eram arrancados de vítimas vivas, e levantados ao céu em honra aos deuses. Os sacrifícios eram conduzidos do alto de pirâmides para estar perto dos deuses e o sangue escorria pelos degraus. A economia asteca estava baseada primordialmente no milho, e as pessoas acreditavam que as colheitas dependiam de provisão regular de sangue por meio dos sacrifícios.
Durante os tempos de paz, "guerras" eram realizadas como campeonatos de coragem e de habilidades de guerreiros, e com o intuito de capturar mais vítimas. Eles lutavam com clavas de madeira para mutilar e atordoar, e não matar. Quando lutavam para matar, colocava-se nas clavas uma lâmina de obsidiana. Sua civilização teve um fim abrupto com a chegada dos espanhóis no começo do século XVI. Tornaram-se aliados de Cortés em 1519. O governante Asteca Montezuma II considerou o conquistador espanhol a personificação do Deus Quetzalcóatl, e não soube avaliar o perigo que seu reino corria. Ele recebeu Cortés amigavelmente, mas posteriormente o ―Tlatoani” foi tomado como refém. Em 1520 houve uma revolta Asteca e Montezuma II foi assassinado.
Seu sucessor, Cuauhtémoc (filho do irmão de Montezuma), o último governante asteca, resistiu aos invasores, mas em 1521 Cortés sitiou Tenochtitlán e subjugou o império. Muitos povos não-astecas, submetidos à Confederação, se uniram aos conquistadores contra os Astecas.


♦A Sociedade




Símbolo do Guerreiro Águia


Imagem totem de um guerreiro águia, que junto com o guerreiro-jaguar, compuseram primordialmente as elites de guerra do antigo Império Asteca. A sociedade asteca era rigidamente dividida. O grupo social dos pipiltin (nobreza) era formada pela família real, sacerdotes, chefes de grupos guerreiros — como os Jaguares e as Águias — e chefes dos Calpulli. Podiam participar também alguns pebleus (macehualtin) que tivessem realizado algum ato extraordinário. Tomar chocolate quente (xocoatl) era um privilégio da nobreza. O resto da população era constituída de lavradores e artesãos. Havia, também, escravos (tlacotin).

Havia, na ordem, começando do plano mais baixo:

♦ Escravos;

♦ Maceuali ou Calpulli (membro do clã);

♦ Artesão e Comerciantes;

♦ Pochtecas (grandes comerciantes);

♦ Sacerdotes, dignitários civis e militares.

♦O Imperador

Os imperadores astecas em língua Nahuatl eram chamados Hueyi Tlatoani ("O Grande Orador"), termo também usado para designar os governantes das altepetl (cidades). Os imperadores astecas foram os maiores responsáveis tanto pelo crescimento do império, como para a decadência do mesmo. Ahuizotl, por exemplo, foi ao mesmo tempo o imperador mais cruel e o responsável pela maior expansão do império. Já Montezuma II (ou Moctezuma II), tendo sido um imperador justo e pacifico, foi também fraco em suas decisões, permitindo que os espanhóis entrassem em seus domínios, mesmo após a circulação de histórias de que estes teriam massacrado tribos, abalando fatalmente a solidez de seu império, e finalmente degenerando na sua extinção.

A sucessão dos imperadores astecas não era hereditária de pai para filho, sendo estes eleitos por um consenso entre os membros da nobreza.






Montezuma (ou Moctezuma) II


Abaixo, seguem os períodos de governo dos Imperadores Astecas:


IMPERADOR ASTECA



- ANO INÍCIO
- ANO TÉRMINO
- ANOS NO PODER


Acamapichitli


1376
1395
19

Huitzilíhuitl


1395
1417
22

Chimalpopoca


1417
1427
10

Itzcóatl


1427
1440
13

Montezuma


1440
1469
29

Axayacatl


1469
1481
12

Tízoc


1481
1486
5

Ahuizotl


1486
1502
16

Montezuma II


1502
1520
18

Cuitláhuac


1520
1520
0

Cuauhtémoc


1520
1521 

1
__________________

♦ A Religião


Eram politeístas (acreditavam em vários deuses) e acreditavam que se o sangue humano não fosse oferecido ao Sol, a engrenagem do mundo deixaria de funcionar.

Os sacrifícios eram dedicados a:

♦ Huitzilopochtli ou Tezcatlipoca: o sacrificado era colocado em uma pedra por quatro sacerdotes, e um quinto sacerdote extraía, com uma faca, o coração do guerreiro vivo para alimentar seu Deus;

♦ Tlaloc: anualmente eram sacrificadas crianças no cume da montanha. Acreditava-se que quanto mais as crianças chorassem, mais chuva o Deus proveria.




“Possivel” registro de Sacrifício humano


No seu panteão havia centenas de deuses. Os principais eram vinculados ao ciclo solar e à atividade agrícola, da qual dependiam. Observações astronômicas e estudo dos calendários faziam parte do conhecimento dos sacerdotes. O Deus mais venerado era Quetzalcóatl, a serpente emplumada. Os sacerdotes formavam um poderoso grupo social, encarregado de orientar a educação dos nobres, fazer previsões e dirigir as cerimônias rituais. A religiosidade asteca incluía a prática de sacrifícios. Segundo o divulgado pelos conquistadores o derramamento de sangue e a oferenda do coração de animais e de seres humanos eram ritos imprescindíveis para satisfazer os deuses, contudo se considerarmos a relação da religião com a medicina encontraremos um sem número de ritos.

Há referências a um Deus sem face, invisível e impalpável, desprovido de história mítica para quem o rei de Texoco, Nezaucoyoatl, mandou fazer um templo sem ídolos, apenas uma torre. Esse rei o definia como "aquele, graças a quem nós vivemos".
 


 A Medicina

Apresenta-se como teoricamente estruturado, com formação específica (o aprendizado das diversas funções da classe sacerdotal), o relativo conhecimento de anatomia (comparado com sistemas etnomédicos de índios dos desertos americanos ou florestas tropicais) em função, talvez, da prática de sacrifícios humanos mas não necessariamente dependente dessa condição.

Há evidências que soldavam fraturas e punham talas em ossos quebrados. A dinâmica vital da relação tonal (Tonalli) – nagual (Naualli) ou explicações do efeito de plantas medicinais são pouco conhecidos, contudo o sistema de intervenções terapêuticas através de plantas medicinais, dietas e ritos são evidentes.

A doutrina médica tradicional por sua vez, também não é bem conhecida. No sistema diagnóstico encontramos quatro causas básicas: Introdução de corpo estranho por feitiçaria; Agressões sofridas ao duplo (nagual); Agressões ou perda do tonal; e influências nefastas de espíritos (ares).

Em relação a esse conjunto de patologias, os deuses representavam simultaneamente uma categoria de análise de causa e possibilidade de intervenção por sua intercessão. Tlaloc estava associado aos ares e doenças do frio e da pele (úlceras e lepra) e hidropsia; Ciuapipiltin às convulsões e paralisia;Tlazolteotl às doenças do amor que inclusive causavam a morte (tlazolmiquiztli ); Ixtlilton curava as crianças; Lume, ajudava as parturientes; Xipe Totec era o responsável pelas oftalmias.




Xipe Totec


A Imagem de Xipe Totec no calendário Tonalamatl, apresenta um total de 260 dias, para o período anual.




Estátua de Tlatoc


Estátua de Tlaloc nas imediações do Museu Nacional de Antropologia e História, na Cidade do México. A Antropologia Médica situa o conhecimento mítico-religioso como forma de racionalidade médica se este se constitui como um sistema lógico e teoricamente estruturado, que preencha como condições necessárias e suficientes os seguintes elementos:

♦ Uma morfologia (concepção anatômica);

♦ Uma dinâmica vital ( "fisiologia");

♦ Um sistema de diagnósticos;

♦ Um sistema de intervenções terapêuticas;

♦ Uma doutrina médica (cosmologia).

Pelo menos parcialmente, o sistema Asteca preenche tais requisitos.

♦ Plantas e técnicas

O tabaco e o incenso vegetal (copalli) estava presente em suas práticas. Seus ticitl (médicos feiticeiros) em nome dos deuses realizavam ritos de cura com plantas que contém substâncias psicodélicas (Lophophora willamsii ou peiote; Psylocybe mexicana, Stropharia cubensis - cogumelos com psilocibina; Ipomoea violacea e Rivea coribosa - oololiuhqui) que ensinam a causa das doenças, mostram a presença de tonal (tonalli), e sofrimentos infligidos ao duplo animal ou nagual (naualli) os casos de enfeitiçamento ou castigo dos deuses.

Entre os remédios mais conhecidos estava a alimentação dos doentes com dietas a base de milho, passiflora (quanenepilli), o bálsamo do peru, a raiz de jalapa, a salsaparrilha (iztacpatli / psoralea) a valeriana entre centenas de ervas utilizadas.




Libellus de Medicinalibus Indorum Herbis


O Libellus de Medicinalibus Indorum Herbis (em latim "Pequeno Livro das Ervas Medicinais dos Índios") é um manuscrito que descreve as propriedades medicinais de várias plantas usadas pelos Astecas. Foi traduzido para latim por Juan Badiano, a partir dum original em nauatle produzido em Tlatelolco em 1552 por Martín de la Cruz, o qual já não existe. Também conhecido como códice Badiano, códice Cruz-Badiano ou códice Barberini. Encontra-se actualmente na biblioteca do Instituto Nacional de História e Antropologia, na Cidade do México.

Nota-se na ―Cultura Asteca‖, que os ―sábios‖ utilizavam para cada governo, uma forma de representação e registro da ―história‖. Estes registros, chamados de ―Codices‖. Nestes documentos eram registrados desde ao pagamento correspondente a cada província aos rituais do dia-a-dia. Abaixo, podemos visualizar este conhecimento, representados em 2 exemplos: Ex. 1: Códice Borbónico




Página 13 do Códice Borbónico


O códice borbónico é um códice escrito por sacerdotes astecas pouco antes ou depois da conquista do México. Tal como todos os códices pré-colombianos, era originalmente de natureza totalmente pictorial, tendo sido posteriormente adicionadas algumas descrições em espanhol. Pode ser dividido em três secções:

♦ Um tonalamatl (ou calendário divinatório) elaborado;

♦ Uma documentação do ciclo mesoamericano de 52 anos, mostrando em ordem sequencial as datas dos primeiros dias de cada um destes 52 anos solares;

♦ Uma secção de rituais e cerimónias, particularmente aquelas que fecham o ciclo de 52 anos, quando o Fogo Novo tem de ser acendido.

O mesmo encontra-se na Biblioteca da Assembleia Nacional, em Paris.
Ex. 2: Códice Mendoza




Representação da 1ª. Parte do Códice


Parte da primeira página do Códice Mendoza, representando a fundação de Tenochtitlan.

O códice Mendoza (ou códice Mendocino) é um documento pictorial, com anotações e comentários em espanhol, elaborado por volta de 1541. Divide-se em três secções: uma história de cada governante asteca e suas conquistas, uma lista dos tributos pagos por cada província tributária, e uma descrição geral da vida quotidiana dos astecas. Encontra-se na Biblioteca Bodleiana, em Oxford. Deve o seu nome ao vice-rei Antonio de Mendoza, que terá solicitado a sua elaboração.


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♦ Bibliografia


♦ SOUSTELLE, Jacques - A civilização Asteca, Rio de Janeiro, Zahar Editor, 1987. SOUSTELLE, Jacques - Os astecas na véspera da conquista espanhola. São Paulo, Companhia das letras,1990;

♦ LEÓN-POTILLA, Miguel - A visão dos vencidos. A tragédia narrada pelos astecas. Porto Alegre, LPM, Editores, 1985;

♦ RICARD, Robert - La conquista espiritual de México. México, Fondo de Cultura;

♦ Conhecimento próprio, adquirido através de constantes Meditações e estudos;

http://www.madesp.com.br/portal/tutorial_astecas.asp

Asteca [ II ]





Os sacrifícios humanos integravam a prática religiosa da civilização asteca.


Até o século XIII, na porção noroeste do México, observamos a presença de uma pequena tribo seminômade na região Aztlan. Por razões históricas não muito bem esclarecidas, essa população decidiu se deslocar para a direção sul, até alcançar o território do lago Texcoco, no vale do México. Após derrotar algumas populações que dominavam a região, este povo foi responsável pela criação da civilização asteca.

Ao longo de dois séculos de dominação, os astecas formaram um imponente império contendo mais de quinhentas cidades e abrigando mais de quinze milhões de habitantes. Nesse processo de deslocamento, também é importante falar sobre o estabelecimento da agricultura como atividade econômica fundamental. Graças à agricultura, os astecas tornaram-se uma numerosa civilização.

Primeiramente, as técnicas de plantio rudimentares se aliavam a uma latente indisponibilidade de terras propícias ao plantio. Contudo, esse obstáculo foi superado através da dominação do sistema de chinampas. Na chinampa, temos uma esteira posta sobre a superfície das regiões alagadiças. Na parte superior dessas esteiras, a fértil lama do fundo desses terrenos alagados era aproveitada para a plantação.

A dieta dos astecas era basicamente dominada pelo consumo de pratos feitos a partir do milho. Além disso, consumiam um líquido extraído do cacau, conhecido como xocoalt, uma espécie de ancestral do popular chocolate. Tabaco, algodão, abóbora, feijão, tomate e pimenta também integravam a rica mesa dos astecas. Curiosamente, o consumo de algumas carnes era reservado a membros das classes privilegiadas.

Portadores de uma forte cultura voltada ao conflito, os astecas tinham sua sociedade controlada por uma elite militar. O rei era o líder maior de todos os exércitos e exercia as principais funções políticas ao lado de outro líder destinado a criação de leis, a distribuição dos alimentos e a execução de obras públicas. Logo após essa elite política, tínhamos os militares e sacerdotes limitados à elite da sociedade asteca.

Logo em seguida, tínhamos a presença de comerciantes e artesãos que definiam a classe intermediária. O comércio tinha grande importância na civilização asteca, a troca comercial geralmente envolvia gêneros agrícolas, artesanato, tecidos, papel, borracha, metais e peles. Em algumas situações, os comerciantes atuavam como espiões e, por isso, recebiam a isenção de impostos.

Os camponeses ocupavam a mais baixa posição da hierarquia social asteca. Também devemos assinalar a existência de uma pequena população de escravos, obtidos por meio dos conflitos militares. A única via de ascensão acontecia por meio de algum ato de bravura executado em guerra. O soldado era prestigiado com a doação de terras, joias e roupas.

A cultura e o saber dos astecas tiveram expressão nos mais diversificados campos. Assim como os maias, estabeleceram a criação de um calendário que organizava a contagem do tempo e também cunharam um sistema de escrita. Em suma, a escrita deste povo era dotada de um sistema pictórico que combinava o uso de objetos e figuras e outro hieroglífico, sistematizado por símbolos e sons.

A medicina asteca não reconhecia limites e distinções para com as práticas religiosas. Curandeiros e sacerdotes integravam uma rica cultura religiosa cercada por vários dos deuses formadores de uma complexa mitologia fornecedora de sentido a vários eventos e dados da cultura asteca. Em algumas festividades, o sacrifício e o derramamento de sangue humano integravam os rituais astecas.

Arte Asteca - História da Arte Asteca


As ruínas astecas indicam muito mais grandeza do que qualidade. Sua arquitetura era menos refinada que a dos maias. Milhares de artesãos trabalhavam continuamente para construir e manter os templos e palácios. Pequenos templos se elevavam no topo de altas pirâmides de terra e pedra, com escadaria levando aos seus portais. Imagens de pedra dos deuses, em geral de forma monstruosa, e relevos com desenhos simbólicos, eram colocados nos templos e nas praças.







O Homem de Jade, 

uma das misteriosas relíquias dos astecas

A mais famosa escultura asteca é a Pedra do Sol, erradamente conhecida como Calendário de Pedra Asteca. Está no Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México. Com 3,7 m de diâmetro, a pedra tem no centro a imagem do deus sol, mostrando os dias da semana asteca e versões astecas da história mundial, além de mitos e profecias.
Os astecas eram artesãos hábeis. Tingiam algodão, faziam cerâmica e ornamentos de ouro e prata e esculpiam muitas jóias finas em jade.










Por Rainer Sousa


Os Astecas - A ascenção de um Império




Agricultores Astecas construindo uma chinampa

Inicialmente, os Astecas viviam nos pantanosos arredores do lago Texcoco, mas graças à proteção e ao auxílio dados pelo rei dos Tepanecas Tezomoc, os Astecas não só estavam seguros, como conseguiram começar a construção de suas cidades das quais se destacaria a imponente Tenochtitlán.

Após anos de aproximação entre Astecas e Tepanecas, a aliança entre os dois grupos se fortaleceu, tanto que o neto de Tezomoc, Chimalpopoca se tornou o terceiro soberano de Tenochtitlán, mas após a morte do soberano dos Tepanecas essa aliança iria se degradar.

É fato, que expressivas camadas da sociedade Tepaneca eram anti-Astecas, visto que o falecido Tezomoc havia autorizado e até incentivado uma obra de captação dos recursos hídricos das terras Tepanecas para as terras Astecas, onde não havia água potável.

Seu herdeiro, Maxtla, aproveitando-se da insatisfação destas camadas, declarou guerra aos Astecas.

Chimalpopoca, soberano dos Astecas de Tenochtitlán, irmão de Maxtla foi então capturado, e posteriormente executado.

Tenochtitlán apressadamente nomeia seu quarto imperador, Itzcoatl, que habilmente se alia as cidades Astecas de Texcoco e Tlacopan.

Após o recrutamento de um numeroso exército oriundo desta coligação, os Astecas finalmente conquistam Azcapotzalco, a capital do império Tepaneca. Maxtla e seus seguidores são brutalmente assassinados.

Os Astecas a partir daquele momento se tonariam senhores de todo o vale do México.

Agora não eram mais tributários dos Tepanecas, a situação se invertia, e as populações conquistadas deveriam pagar impostos aos Astecas.

Sob o governo de Montezuma I os Astecas seguiram com sua política expansionista e solucionaram problemas urbanos na cidade de Tenochtitlán, construindo diques contra as inundações e “chinampas” com o intuito de melhorar os problemas de habitação e de abastecimento de gêneros alimentícios.

Além disso, Montezuma ordenou a construção de um grande aqueduto acabando de vez com o problema do abastecimento de água.

O aqueduto também ajudaria a criar os maravilhosos jardins de Texcotzingo.

No reinado seguinte, o rei de Tenochtitlán, Axayacatl reduziria a cidade Asteca de Tlatelolco a escombros. Sem que qualquer cidade pudesse chegar a sua altura, Tenochtitlán se tornou a mais poderosa cidade do império, que seguiu se expandindo com os dois imperadores seguintes.

Com a expansão, pesados impostos foram cobrados dos povos subjugados.

Ahuitzotl, penúltimo imperador Asteca conseguiu expandir os domínios do império para todas as direções, alcançando ao sul a atual Guatemala, ao leste, o Atlântico e ao oeste o oceano Pacífico.

Todos os guerreiros inimigos capturados nas guerras eram levados e sacrificados no templo de Huitzlopchtli, em honra deste Deus.

Ahuitzotl era absoluto agora, não tinha qualquer um que pudesse competir com ele, mas seu sucessor, Montezuma II, não teria a mesma sorte, pois teria que encarar um desconhecido inimigo que viria do outro lado do oceano: Hernan Cortés.



Huitzlopochtli, o sanguinário deus Asteca da chuva




Bibliografia -

LONGHENA, Maria. O México antigo. Folio. 2006

Enciclopédia Seleções – O conhecimento na ponta dos dedos. Reader’s Digest. Rio de Janeiro. 2007

MARCILLY, Jean. A civilização dos Astecas. Otto Pierre Editores. Rio de Janeiro. 1978



Filmografia –


Construindo um império – Os Astecas. The History Channel.2006

Sites consultados –
historystuff.net
archaeology.about.com




Os dias astecas e seus significados


O Tonalpohualli (um dos calendários adotados pelos astecas) era composto por vinte trezenas, sendo que cada dia desse período possuia uma respectiva “força” a ele relacionado.

Abaixo temos um quadro (em Nahuatl e em português) que mostra essas vinte forças existentes.




Cada um desses dias também era relacionado a uma direção cardeal, sendo que a ordem, de acordo com a figura começaria de cima para baixo e da esquerda pra direita, sendo que a ordem das direções cardeais seria: Leste, Norte, Oeste e Sul.

Por exemplo:

Cipactli, o primeiro de nossa ordem, corresponderia a direção Leste. Ehecatl, o segundo, corresponderia a direção Norte e assim sucessivamente.


Por The Earth