.OKEY CABOCLO!

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OKEY CABOCLO!

31/07/2012

ÑE'E - a palavra-alma






O que podemos chamar de “religião” para os Guarani está fundamentado na palavra. Os termos ñe’ẽ, ayvu e ã – traduzidos geralmente por “palavra” – significam também "voz, fala, linguagem, idioma, alma, nome, vida, personalidade, origem" e possuem, sobretudo, uma essência espiritual.

A palavra é a unidade mais densa que explica como se trama a vida para os povos chamados guarani e como eles imaginam o transcendente. As experiências da vida são experiências de palavra.

Deus é palavra. Dentre todas as faculdades humanas, são as diversas formas do “dizer” as vias, por excelência, de comunicação com as divindades, pois estas são essencialmente seres da fala.

A gravidez é entendida como resultado de um sonho; e o nascimento, como o momento em que a palavra se senta ou provê para si um lugar no corpo da criança, oñemboapyka. A palavra circula pelo esqueleto humano. Ela é justamente a que o mantém em pé, que o humaniza.

A ligação entre palavra, ser animado e verticalidade também pode notar-se em várias expressões em que o radical “e”, “dizer” em língua mbyá, desempenha um papel decisivo. Assim, os eepya (aqueles que restauram a palavra) são invocados para salvar um moribundo da morte; já para a nomeação de uma criança são invocados os ery mo’a’ã (aqueles que mantêm ereto o fluxo do dizer).

A chegada à “terra sem males” sem passar pela prova da morte é expressada em língua mbyá por oñemokandire, que significa literalmente “fazer com que os ossos permaneçam frescos”, sem perder sua natureza, sua forma humana, ereta, sua postura vertical.

É a verticalidade dada pela palavra que diferencia o ser humano vivo dos outros seres e dos seres humanos mortos, doentes ou sem nome divinizador.

Na cerimônia de nominação, o xamã revelará o nome da criança marcando com isso a recepção oficial da nova palavra na comunidade e tentará exorcizar o primeiro sentimento mau que acomete o ser humano: a cólera. Os grupos kaiová e os mbyá acreditam que, à semelhança do herói mítico Ñanderyke’y - “Nosso Irmão Maior” -, a criança no período de lactância irrita-se facilmente contra o seio de sua mãe e que esse gesto inaugura a primeira forma de saber que é má.


Por isso, desde tenra idade as crianças são orientadas a vencer esse sentimento, escutando sua verdadeira palavra (seu nome divinizador) e ouvindo os conselhos que pessoas experimentadas na palavra divina lhes derem. Os meninos terão ainda a oportunidade de firmar essa palavra divina no rito de introdução do enfeite labial.

As crises da vida – doenças, tristezas, inimizades, etc., – são explicadas como um afastamento da pessoa de sua palavra divinizadora. Por isso, os rezadores e as rezadoras se esforçam para “trazer de volta”, “voltar a sentar” a palavra na pessoa, devolvendo-lhe a saúde. O insucesso da terapia, assim como à apatia de alguns frente às crises, chama-se ñemyrõ, que quer dizer “enfezar-se”, “ficar triste”, “só”.

Assim ficam, por exemplo, as crianças que não passaram pelo ritual de iniciação na onomástica tradicional do grupo. Carecendo de um dos enfeites essenciais para viver, elas crescem sem escutar a ninguém e acabam, facilmente, cometendo suicídio.

Finalmente, quando a palavra não tem mais lugar ou assento, a pessoa morre e torna-se um devir (-kue, -ngue), um não-ser, uma palavra-que-não-é-mais (ñe’ẽngue, ãngue), um ex-lugar, que muitas vezes prefere-se esquecer, fazendo de conta que ele nunca existiu. Evita-se falar na pessoa falecida, seus pertences são exterminados, a casa onde morou abandonada, seu nome esquecido. É como se evocar sua ausência fosse um gesto perigoso para os vivos.

Uma das associações mais freqüentes com a qual se costuma traduzir os lexemas básicos (ñe’ẽ e ayvu) é palavra-alma, que é a palavra divina e divinizadora. Na teologia cristã, “alma” é algo diferente de “corpo”; é parte constitutiva do ser humano, mas não corpórea, dizendo-se que ela se separa do corpo por ocasião da morte.

Esse dualismo deriva mais ao pensamento helênico do que ao hebraico. Os termos guarani traduzidos por “alma” se assemelham ao termo hebraico nephesh, que designa o indivíduo integralmente.

Alma é, nesse caso, o próprio “eu”. A palavra ã e ãnga são os termos do guarani clássico com os quais se traduziu o conceito incorpóreo “alma”, trazido pelos missionários. Mas os termos em questão na associação palavra-alma são ñe’ẽ e ayvu, que podem ser traduzidos tanto como “palavra” como por “alma”, com o mesmo significado de “minha palavra sou eu” ou “minha alma sou eu”.

Esse significado também se encontra em nephesh de Jz 16.16b: “apoderou-se da alma dele (ele) uma impaciência de matar” ou de Ez 4.14b: “Senhor Deus! Eis que a minha alma (eu) não foi contaminada”.

A semelhança persiste se levarmos em conta que pneuma e ruah (vento, espírito) algumas vezes denotam o princípio da vida. Assim, alma e palavra podem adjetivar-se mutuamente, podendo-se falar em palavra-alma ou alma-palavra, sendo a alma não uma parte, mas a vida como todo.

A criação da palavra original e dos que seriam pais e mães da humanidade antecedeu à criação da primeira terra.

No mito dos Mbyá, “criou nosso Pai o fundamento da linguagem humana e a tornou parte de sua própria divindade, antes de existir a terra (...) tendo refletido, profundamente, da sabedoria contida na sua própria divindade, e, em virtude da sua sabedoria criadora, criou aqueles que seriam companheiros e companheiras de sua divindade”.

Desse modo, a humanidade que habitava a primeira terra é constituída “por” e “na” palavra, “por” e “na” substância divina.

Esse estatuto ontológico implicava a obrigação essencial de permanecer conforme as normas enunciadas pelos Pais, isto é, existir de acordo com sua própria natureza de humanos-divinos.

Hoje, distante dessa terra e dessa humanidade que se consubstanciava com a divindade, a reminiscência da estada entre os divinos pode conferir à palavra o poder de instaurar uma comunicação privilegiada e, aos humanos, a coragem para pedir a restituição da sua verdadeira natureza de seres destinados à totalidade acabada do bem viver, no coração eterno da morada divina. A atitude dos indígenas, nesse sentido, é oposta à dos personagens na saga bíblica das origens.

Estes sentem a culpa por terem aspirado a ciência de Deus; os indígenas, não; eles exigem que os Deuses lhes dêem o saber. No pensamento guarani, a diferença entre mortais e imortais não é incomensurável; a palavra é precisamente sua medida comum, é a que leva os primeiros a desejarem a imortalidade.

Essa palavra exemplar se manifesta no mito, considerado a experiência mais direta, autêntica, imediata e originária da realidade. Para os Guarani, o mito aparece em rezas, hinos e relatos aprendidos de líderes religiosos que, no passado, podem ter participado mística e excepcionalmente da palavra, de um ato de contemplação.

De modo que o “dizer” como elo entre o divino e o humano não exclui faculdades como o “ver” e o “sonhar” do âmbito das experiências espirituais. Ouvir, hendu, e ver, hecha, originam, para os indígenas, duas formas qualitativamente distintas de perceber a palavra.

Ohendúva são aquelas pessoas que escutaram a palavra da boca de outras pessoas que elas reconhecem ser suas mestras. Ohecháva são aquelas que viram a palavra, que não a aprenderam de alguém mas a receberam por inspiração, às vezes em sonhos.

A primeira experiência de palavra é mediada, condicionada; a segunda é direta, incondicionada. Essas formas de apreensão fundam dois tipos de experiências e de lideranças espirituais.

Para os indígenas, na verdade, todas as pessoas são portadoras em maior ou menor grau das qualidades necessárias para se tornarem líderes espirituais. A grande maioria as desenvolve no âmbito do ouvir; eles são os ohendúva. Outros poucos se submetem a exercícios espirituais que lhes proporcionam a oportunidade de desenvolver-se na palavra a ponto de poder contemplá-la; são os ohecháva.

A experiência humana de poder ouvir e ver a palavra divina é possível pelo fato de o fundamento da linguagem humana ser a própria substância da divindade, porção da sabedoria criadora. A palavra é a justa medida para os mortais e os imortais. Ayvu é substância simultânea do divino e do humano.

E por poderem apenas viver conforme sua própria substância, os seres humanos não têm outra alternativa senão a de conformarem-se incessantemente à relação original que os sujeita à divindade, numa sujeição hipostática semelhante à que Paulo anuncia em 1Co 15.28, “(...) então o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as cousas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos”.

Na avaliação de Pierre Clastres, o íntimo parentesco entre o ser humano e sua linguagem parece subsistir, apenas, na humanidade primitiva.

Para o autor, isso quer dizer que “o discurso ingênuo dos selvagens” nos obriga a considerar o que somente poetas e pensadores ainda não esqueceram, que a linguagem não é um simples instrumento, que os humanos podem caminhar com ela, e que “o Ocidente moderno perde o sentido de seu valor pelo excesso de uso a que a submete”.

Entre os civilizados a linguagem se tornou exterior; mas as culturas primitivas, “mais preocupadas em celebrar a linguagem do que em servir-se dela, souberam manter com ela essa relação interior que já é, em si mesma, um poema natural em que repousa o valor das palavras”. Não é uma agressão à linguagem; é, antes, o abrigo que a protege.

Nesse sentido, o canto de alguns “selvagens” é, na verdade, um canto geral, “nele é despertado o sonho universal de não mais sermos o que somos”. Por esse sonho ser realizável apenas no espaço da linguagem, é o triunfo da palavra.

“Só ela pode realizar a dupla missão de reunir as pessoas e de quebrar os laços que as unem”; ela se torna o mais-além, palavras ditas pelo que valem, a terra natal dos deuses.


( Texto de Graciela Chamorro. )


CONTROLE DO TEMPO PRÉ-COLOMBIANO





Ao levantarem seus olhos para o céu, os astrônomos incas nada mais faziam do que dar continuidade a uma prática muito antiga, que teve início com as nações andinas a cerca de 2000 aC. Desde os primórdios da ocupação humana na Cordilheira dos Andes, o homem buscou compreender o meio ambiente para dele forjar os alicerces de sua sociedade.

Ao longo de toda Cordilheira, tanto no litoral desértico quanto no Altiplano, os arqueólogos encontraram vestígios de construções que tinham como função, compreender a natureza e suas particularidades. O viajante que hoje se aventurar por essas regiões remotas de nosso continente, poderá ainda experimentar a dura prova que é sobreviver sob condições climáticas selvagens. Somente assim podemos compreender a verdadeira obsessão dos antigos povos pela observação do meio ambiente.

 

Uma das mais surpreendentes descobertas nesse sentido, ocorreu na região do lago Titicaca, a 3812 m de altitude, relacionada a antiga cultura CHIRIPA (1350 aC - 100 dC).

O morro rochoso de Quesasani, ao lado da atual cidade boliviana de Copacabana, eterno centro de peregrinações religiosas, é guardião de um monumento conhecido popularmente como "Forca do Inca": trata-se de duas colunas naturais de rocha, entre as quais existiam sete traves do mesmo material; hoje apenas uma se mantém intacta. As primeiras referências foram feitas pelos conquistadores espanhóis.

Concluíram - em sua mentalidade militarista - que as traves e colunas serviam para enforcar os marginais da nação incaica. Daí seu nome. Em 1880, o viajante Charles Wiener - buscando semelhança com monumentos europeus - chamou-as de dólmens, fazendo uma clara referência a Stonehenge, na Inglaterra.

O mistério da obra só foi devidamente esclarecido em 1983, quando Juan de la Cruz Zapata, especialista em física cósmica da Universidade Maior de San Andrés, desenvolveu estudos dos quais concluiu serem as colunas, usadas para prever os movimentos lunares e a chegada de eclipses. Podemos dizer hoje com toda certeza, que o monumento foi um observatório astronômico.

Em finais da década de 80, o arqueólogo Oswaldo Rivera Sundt confirmou essa tese, datando o local em 1764 aC. Descobriu pedras que foram desgastadas propositadamente para que os raios solares pudessem projetar-se nas traves. Essas "deformações" rochosas serviram para marcar datas fundamentais à observação do meio ambiente. Através das projeções solares, os pré-colombianos puderam organizar seu ano e suas plantações.


A exemplo da nação Chiripa, outras utilizaram calendários e marcações solares e lunares para organizar seu dia-a-dia. O meio ambiente rude e selvagem moldou características curiosas nos homens andinos: a da constante observação climática, do animismo e do culto a natureza.


Os pré-colombianos tornaram-se especialistas em observar as mudanças - por menores que fossem - do clima. Ao visitar a região do lago Titicaca, pude conversar com camponeses de origem aymara que se utilizam de sinais do meio ambiente para programar a vida de suas comunidades. Indícios de geadas, coloração do céu, coachar dos sapos, direção do vento e revoada de pássaros até hoje são utilizados para esse fim.

Preocupa-os em especial a degradação do meio ambiente que já começa a atingir a região do Altiplano, causada pelo crescimento desordenado das cidades e pelas queimadas na floresta Amazônica brasileira, que emitem nuvens gigantescas de fumaça através dos vales pré-cordilheiranos.

Essa névoa aquece e desequilibra o meio ambiente do Altiplano, interferindo nos indícios climáticos, tão necessários às comunidades andinas.

O controle do meio ambiente permitiu durante a ocupação regional da nação
TIWANAKU (1580 aC - 1200 dC) um desenvolvimento sem igual na produção de alimentos.

Através da criação de canais artificiais, criaram sistemas de plantio conhecidos atualmente como Camellones, que ainda não foram superados em eficiência por nenhum outro sistema da história. Os maiores Camellones chegaram a atingir 200 metros de comprimento por 50 de largura.

Foram plataformas artificiais, erguidas em várias camadas (pedra, argila, cascalho e terra), com aproveitamento total dos terrenos alagadiços. Essa avançada técnica agronômica levava em consideração as observações do meio e o microclima noturno formado em terrenos de altitude, às margens do Titicaca.

Os produtos plantados nesse sistema, como batatas e outros tubérculos regionais, chegam a produzir 10 vezes mais do que um plantio normal. Além do que, os produtos atingem um tamanho individual até 5 vezes os atualmente conhecidos.





No mundo INCA (1200 - 1532 dC) os astrônomos - ou Pachap Onanchac - eram os responsáveis oficiais pelo estudo do céu (Hanan Pacha) e pela observação climática. Seu conhecimento era passado verbalmente entre os profissionais da área.

Por esse motivo, hoje sabemos pouco sobre seus estudos astronômicos, mas o suficiente para compreendermos que eles buscavam aperfeiçoar os métodos de seus antecessores. Sabiam que o meio ambiente era um poderoso aliado.

O homem andino aprendeu, através da observação, que a agricultura estava vinculada ao ciclo do tempo. Existia o período propício para plantar e colher, que era determinado pelo frio, calor, geadas, chuvas e secas. O estudo da astronomia foi antes de tudo, a vontade dos homens em dominar o tempo, garantindo assim sua própria continuidade.

Podemos dizer que, de forma prática, a observação do meio ambiente levou ao avanço da agricultura, e o sucesso desta, à necessidade de aprender mais sobre astronomia. Controlar o tempo e compreender o clima era antes de tudo, dominar o poder político e religioso da região. Poder esse que durante muito tempo ficou em mãos de uma classe especial de sacerdotes.

As poucas - e conflitantes - informações sobre o uso de calendários baseados na observação do meio ambiente nos foram deixadas pelos conquistadores espanhóis. Tudo leva a crer que os incas utilizavam durante certo período, dois sistemas de controle do meio para suas plantações: uma lunar e outra solar.

O lunar era dividido em 12 partes (ou meses) correspondendo a cada uma delas, uma atividade ou festa específica, geralmente relacionada com o plantio e colheita.

Já o ano solar despendia um período diferente do lunar: ao final de cada ano, "sobravam" mais de 10 dias em relação ao lunar, que deveriam ser reintegrados de alguma forma ao ciclo normal das colheitas. Até o momento, não se sabe exatamente a solução encontrada por eles para solucionar esse excedente de dias. Contudo, temos conhecimento que o Inca Pachacuty mandou erguer 12 colunas ao redor da capital Cusco, que serviam para observar os azimutes. Assim, medindo as sombras projetadas no solo, conseguiam estipular a época correta dos solstícios e equinócios.

Os incas tinham, a exemplo de outros povos, seus observatórios solares e astronômicos, de forma geral chamados Sucanas. O tipo mais conhecido deles é sem dúvida o Intihuatana, ou "lugar onde se amarra o sol", construção já utilizada por nações pré-incaicas, que consistia de um círculo de pedras - sendo algumas propositadamente maiores - em cujo centro erguia-se um pequeno obelisco. A coluna não projetava sombra ao meio-dia, mas o fazia nas demais horas, sobre as rochas ladeadas, registrando assim o passar do tempo.

Tudo indica que o calendário incaico tinha uma função basicamente agrária. Não parecia existir - ao contrário de outros povos americanos - qualquer espécie de relação a marcação de dias de sorte, azar ou períodos premonitórios.

Os astros eram compreendidos principalmente como elementos indicadores de secas e chuvas. Essa era sua principal função. O mesmo não ocorria com observações de outros fenômenos como cometas, eclipses e arco-íris, que podiam anunciar guerras, invasões, pestes ou incertezas para as sociedades andinas.

Podemos dividir assim o ano incaico, partindo do calendário lunar, tendo como mês de início o correspondente a semeadura da terra:


Junho – Awkay Kushi - INTI RAYMI (Festa do Sol)
Julho – Chana Warkis - Purificação terrena
Agosto – Yapakis - Purificação geral (semeadura)
Setembro – Raya Koymi - Sitwa (expulsão das doenças)
Outubro – Uma Raymi - Festa da água
Novembro – Ayamarka - Procissão dos defuntos
Dezembro – Kapaj Raymi - CAPAC RAYMI (Grande Festa)
Janeiro – Juchuy Pukuy - Pequena madurez
Fevereiro – Qatun Pukuy - Grande madurez
Março – Pacha Pukuy - Pacha Puchuy (Maturação)
Abril – Ariwakis - Dança do milho jovem
Maio – Qatun Kuski - Colheita


( Baseado em texto do historiador Dalton Delfini Maziero.)

MITO DE WIRACOCHA






Da lagoa de Collasuyo saiu QUN TIQSI WIRAQUTRA
Senhor muito poderoso
que criou o Céu e a Terra
e os seres humanos,
deixando tudo na escuridão.
Por sua desobediência,estes primeiros homens
provocaram a cólera do Deus
que os transformou em pedras.
Este período é chamado PURUM PACHA.
Logo, QUN TIQSI WIRAQUTRA
saiu pela segunda vez da Lagoa de Titicaca
e se dirigiu às proximidades do lago
até um lugar chamado Tiahuanaco
E ali, criou o Sol e o Dia
e ordenou ao Sol iniciar sua carreira
que continua até hoje.
Depois, criou a Lua e as estrelas
e modelou uns homens-pedra
assim como um príncipe para governá-los.
Os mensageiros de QUN TIQSI WIRAQUTRA
percorreram todo o Andes
e vivificaram os homens-pedra
ordenando-os que saissem das grutas, dos rios e dos mananciais
de onde haviam nascido, para ir povoar o território
e instalar-se em diversas províncias.
Assim, pouco a pouco, se povoou toda a terra,
depois do Dilúvio HUNO PACHACUTI,
que havia destruído a primeira humanidade.
É em Tiwanaku
que QUN TIQSI WIRAQUTRA
deu vida ao primeiro homem de pedra:WIRAQUTRA, seu filho,
um homem branco, vestido de branco
e levando um cetro de ouro.
Vindo para civilizar os homens
lhes transmitiu leis justas,
triunfando assim de seus inimigos.
Pecorreu os Andes até a costa
e andando sobre as ondas desapareceu no mar.
Já que andava sobre as águas
- como a espuma -
foi chamado de WIRAQUTRA: "espuma do mar".
QUN TIQSI WIRAQUTRA é o Deus
ordenador do mundo.
Sua obra se manifestou nos três mundos:
no céu, na terra e no abismo.
Cria o movimento diurno e noturno:
o Sol e a Lua.
Seu corpo constitui o eixo vertical do mundo.
Seu impulso, o eixo horizontal.
Nessa nova ordem, os tres mundos podem se manifestar:
- A TERRA, com o cedro duplo
- O CÉU, com o cetro do condor
- O ABISMO, com o cetro da perdiz


( Mito inca sobre QUN TIQSI WIRAQUTRA (ou Com Titi Wiracocha, ou simplesmente Wiracocha) e a origem de Tiwanaku, copilada por Betanzos, cronista do século XVI: Por HERNE, the Hunter )



CHAVIN






- Pacto entre o Céu e a Terra


CHAVIN DE HUÁNTA está situada na região montanhosa no norte de Peru, a uma altitude de 3.180m acima do nível do mar, entre os rios Mosna e Wacheska. Foi, durante séculos, o principal centro de religioso dos Andes. As ruínas arquitetônicas, as cerâmicas e outros vestígios que subsistiram, atestam ali se instalou um povo forte e enérgico, que, desafiando o clima dos Andes, implantou as raízes de uma importante civilização.


Chavin é considerada a CULTURA MÃE por estar na origem das culturas que se sucederam por todo o território andino, deixando uma profunda influência religiosa e artística tanto na costa quanto nas montanhas. Chegou inclusive ao Império Inca, com a representação mágico-religiosa do JAGUAR, símbolo da origem e do fim do mundo pré-colombiano.

Chavin construiu um grande centro cerimonial, em torno de 1.800 a.C., que ficou em atividade até o século XIV d.C. – ou seja: por mais de 3.000 anos. No começo da construção, ergueram estruturas piramidais (hoje transformadas em colinas), plataformas e praças rodeadas por terraços. A parta mais antiga, chamada de TEMPLO DO LAZON tem a forma de um grande U com os três braços mais ou menos do mesmo tamanho.

Posteriormente, construíram o que hoje chamamos de TEMPLO TARDIO ou O CASTELO. As duas estruturas não são maciças; pelo contrário, têm um complicado sistema de galerias subterrâneas.



As galerias do Templo do Lazon começam no alto de uma escadaria no lado ocidental da praça principal do complexo, com 21 metros de diâmetro, murada por pedras onde foram esculpidos imagens antropomórficas e jaguares (símbolo predominante nesta cultura).


Essas galerias foram construídas em vários níveis, subindo e descendo, e são acompanhadas por um fantástico sistema acústico, alimentado por água, que produz sons semelhantes a rugidos por toda a sua extensão. Isso produziria um clima de sobrenatural, que preparava o encontro com o LAZON, no meio do templo, em uma larga câmara com orientação norte-sul.

O Lazon é uma escultura de pedra, com 4,53m com a forma de um canino, e esculpida com a figura de um Jaguar. Essa é a divindade suprema de Chavin: o Jaguar Subterrâneo, em oposição ao Jaguar Celeste.

O Lazon representa a força da natureza, o Fogo primordial, a força telúrica. Em Chavin encontramos os três planos da natureza: o Jaguar Celeste (representado pela constelação de Órion), o Jaguar Diurno-Solar (representado pelo felino antropomórfico e caracteres ornitomórficos do Condor e de répteis das Amarus) e o Jaguar Noturno (o sol oculto durante a noite, representado pelo Lazon).

Este último representa a união das energias celestes e subterrâneas, o pacto entre o Céu e a Terra!



Segundo estudos realizados por Lumbreras, em 21 de Dezembro – solstício – as estrelas de Órion (o Jaguar Celeste) se refletem exatamente em cada um dos orifícios do altar que fica na superfície, exatamente em cima da câmara do Lazon, de forma que lá de baixo se consegue ver toda a constelação brilhando em um “céu” de pedra escura – como se a constelação descesse à terra e mergulhasse em seu subterrâneo.


Uma grande celebração acontecia, nessa câmara, na noite do solstício até a manha do dia seguinte, quando os primeiros raios do sol atravessam uma fenda na parede leste e ilumina plenamente o rosto do Lazon, representando a renovação de sua força.

Ao longo do dia, para completar essa cerimônia, o sistema hidráulico de sons era colocado para funcionar em plena potência.



No centro da praça principal, ficava o OBELISCO DE TELLO – atualmente no Museu de Lima –, esculpido em um bloco maciço de diorita de aproximadamente 2 metros de altura. Este monólito tem a representação de dois felinos – macho e fêmea –; na extremidade superior, sobre suas cabeças, há várias figuras de condores (símbolo do sol) e perdizes (símbolo da lua), além da constelação de Órion (símbolo do Jaguar Celeste).


Não se conhece outro culto em Chavin. Só na época incaica é que o conjunto adquiriu também um sentido oracular e tornou-se um lugar de peregrinação.



( Por Harne, the Hunter )


SIMBOLISMO DE TIWANAKU






O principal edifício de Tiwahaku é a PIRÂMIDE DE AKAPANA, perfeitamente orientada segundo os pontos cardeais. A noroeste dela, ergue-se o PALÁCIO DE KALASASAYA (onde se encontra a Porta do Sol), cuja entrada principal está orientada para o leste. Este templo encontra-se na frente de um pequeno templo subterrâneo, orientado no eixo norte-sul. Uma estrada passa entre Akapana e Kalasasaya, no sentido Nordeste-Sudoeste, indo até o TEMPLO DE PUMAPUNKU, a uns 980 m de Kalasasaya.

A partir desses elementos podemos ver, com clareza, a bipolaridade da cidade: HANA PACHA, a Cidade Alta, e HURIM PACHA, a Cidade Baixal. Em Tiwanaku, Kalasasaya, solar e diurna, se contrapõe a Pumapunku, lunar e noturna.



O pórtico de entrada do templo solar de Kalasasaya está orientado para o leste. Chega-se a ele por uma pequena escadaria de sete degraus, onde os dois últimos são formados por um bloco monolítico de dezenas de toneladas. Esse pórtico foi projetado para que o sol nascesse bem no seu centro nos Equinócios (de Outono, em 20-21 de Março e da Primavera, 20-21 de Setembro). Mas à frente, no centro trigonométrico do lugar, está o MONOLITO DE PONCE.

Este monólito tem diversas características interessantes: de dois metros de altura, em estilo geométrico, tem o aspecto de um sacerdote paramentado com roupas rituais e em postura hierárquica, trazendo sobre o peito dois vasos de oferendas. Parece que desempenhava uma missão de “relógio solar”, indicando as horas com sua sombra.

Saindo de Kalasasaya pela porta principal, após atravessar um calçada cheia de oratórios, chega-se ao templo semi-subterrâneo, cuja entrada é uma escadaria de seis degraus no seu lado sul. Esta construção é uma das mais antigas do conjunto. Também orientada pelos pontos cardeais, é um espaço retangular de 26m x 28,50m. De suas paredes de andesita rosa destacam-se “cabeças” de pedra clara, projetadas para fora do muro, muito semelhantes às cabeças do homem-jaguar encontradas nas praças semelhantes em Chavin.



No pátio desse templo, encontram-se diversas estátuas, como por exemplo a de um músico tocando uma flauta-de-Pã e os dois ascetas guardando a entrada, mas cujas colunas se transformam em serpentes, - eles parecem simbolizar o sacrifício e o conhecimento adquirido. O aspecto esquelético de todas as estátuas, recorda aquelas de madeira encontradas na Ilha de Páscoa.

Uma das estátua mais interessantes de Tiwanaku é o MONOLITO DE BENNET, em cujo corpo estão gravados os mesmos "gênios alados" encontrados na Porta do Sol. Trata-se de uma representação de WIRACOCHA ou de seu Sacerdote, portador do poder do Jaguar Celeste. Em suas vestes encontramos pontos circulares na disposição da constelação de Órion (Constelação do Jaguar). Tem nas mãos vasos de oferendas, de onde saem peixes – símbolos de sacrifício à Lua.

Todos os aspectos do sol diurno e noturno estão representados no corpo desse monólito, vivificando cada um de seus aspectos e poderes. Uma larga “trompa” se destaca na sua toca, lembrando um elefante. Esse animal – chamado de WARI WILKA – representa o sopro da vida, a energia da Divindade. O mais interessante é que os elefantes desapareceram da América há mais de 7.000 anos.

A principal construção de Tiwanaku é, sem dúvida, a Pirâmide de Akapana: um edifício de base retangular, com terraços superpostos, coroados por um templo; grandes escadarias que dão acesso ao santuário. Akapana é o símbolo da terra seca e do fogo celeste, da ilha de fogo e da sabedoria que sobrevive aos cataclismas.



Nas escadarias desse templo piramidal, encontramos o ideograma HURAKESA, que representa a Terra. Mas, se invertido, passa a representar o Céu. Dessa forma, aplicados nos degraus, fazem das escadarias de Akapana uma “ponte” de união entre esses dois mundos: UKU PACHA, a Terra, a Cidade de Baixo, e HANA PACHA, o Céu, a Cidade do Alto. Assim, subir as escadarias de Akapana leva os tiwanakus da Terra ao Céu; ao descer, voltavam do Céu para a Terra. Akapana é, portanto, a ligação entre os dois universos andino.

Perto dali, em outro monte artificial, encontra-se um pórtico de pedra semelhante à Porta do Sol, mas com representação de perdizes no lugar de condores. Esses dois pássaros eram considerados como portadores de luz através do céu: perdizes transportavam raios da lua, enquanto condores, levavam raios solares. Isso indica, portanto, que esse pórtico é uma representação lunar e, então, ficou conhecida como Porta da Lua.

O templo de PUMAPUNKU, cujo nome significa “A Porta dos Jaguares”, está, hoje, reduzido a um terraço, cujo principal enfeite é o signo “S” – que, em Tiwanaku está associado ao jaguar, representando sua cauda em movimento, e portanto um símbolo de vitalidade. Parece que havia ali uma grande pirâmide de pedra sobre a qual deveria estar o templo do Jaguar. Porém suas pedras foram deslocadas pelos invasores espanhóis para construção de palácios e igrejas.




Por HERNE, the Hunter

MAÍRA







NANDERUVUÇU OU PETEÍ, PYTY AVYTEPY AÑOÜOJICUAÃ

- História da criação do mundo e dos seres -


Antes, só os morcegos eternos voavam na escuridão sem começo. Veio, então, Nanderuvuçu, que se descobriu sozinho a si mesmo e esperou. Chegada a hora, ele juntou as mãos em concha, soprou dentro o seu alento, abriu os olhos e lançou do olhar uma luzinha... Na penumbra daquele ventinho morno, ele foi inventando suas criações.

Começou fazendo as terras altas e baixas, sustentando-as com escoras. Depois abriu rios e lagos. Pôs, então, nas águas novas, as primeiras criaturas: os Juruparis, seus prediletos. a eles deu a flauta-vivente - Jacuí - para terem música; também deu os peixes para pescar e até roçados para comerem com fartura. Os Juruparis mesmos são meio peixes, da cintura para baixo, e meio gente, da cintura para cima. foi também a eles que Naderuvuçu deu a noite que dormia no fundo das águas mais profundas...



O Velho criou, em seguida, os Curupiras, que andam por aí até hoje, escondido nas matas. São gente incompleta. A um falta uma perna; outro tem os pés voltados para trás. Esse tem um olho só; aquele tem olhos fora do lugar. Sua ocupação é comer a alma dos que se perdem à noite na mata.

Só depois dos Juruparis e dos Curupiras, Nanderuvuçu aprendeu a criar gente inteira. Criou, então, nossos avós - os Mairum Ambir. Mas os fez sem maldade nenhuma. Não havia homens nem mulheres, todos eram iguais. E não tinham ânus: comiam e vomitavam pela boca para tornar a comer. Mas todos tinham uma vulva dentada como boca de piranha, que só servia para ter coito com Nanderuvuçu.

O pênis do Velho era uma cobra-raiz que crescia por debaixo da terra. Bastava dar três pancadinhas em qualquer lugar para surgir ali o pênis de Nanderuvuçu, pronta para sururucar.

Quem sururucasse, gozava e dava gozo a Nanderuvuçu. Só que, depois, tinha que mijar num pode. Passados cinco dias, aquela urina fermentada criava uma criança pequena como uma piaba, que ia crescendo, devagar, na água que se botava para ele todo dia.

Foi também Nanderuvuçu quem criou os bichos todos. Desenhava com cuidado até gostar. Aí soprava seu alento sobre o desenho e o bicho levantava espantado. Ele ia enxotando, mandando embora - "Xô! Xô!"

Mas não eram animais como os de agora. Todas as criaturas viviam em aldeias e falavam suas línguas como gente. A cada uma o Velho deu uma prenda para ser seu orgulho. O Urubu-Rei recebeu o fogo; o Veado, o sal. Um passarinho azul - o Ouimeê - ganhou a pimenta; o Sapo-Cururu, o fumo. A Irara era a dona do mel; Mutum, do jenipapo; a Aranha, do algodão; a Arara, do urucum. Cada coisa boa era de um bicho, que não repartia com ninguém.

Aquele mundo do Velho não tinha dia nem noite, somente penumbra. E tinha pouca comida. E Nanderuvuçu gostava de fazer brincadeiras duras com suas criações. Só queria divertir-se. Umas vezes mandava um aguaceiro que inundava tudo e as gentes, os bichos e os Curupiras tinham que lutar para não vivarem rãs.

Outras vezes fazia chover fogo, as árvores e as macegas queimavam; as gentes, os bichos e os Curupiras passavam muito calor; só os Juruparis, que viviam dentro d'água, não sentiam nada. Fosse o dilúvio de águas ou fosse cataclismo de fogo, eles estavam sempre bem, olhando lá do meio das suas lagoas e rindo muito da luta do povinho. O Velho, esse, então, chegava a perder o fôlego nas gargalhadas que dava. O barulhão das risadas dele era o de trovoadas com raios e coriscos. Enchia de medo o coração daquele povinho.

Um dia, o Velho Ambir quis sentir suas criações. Arrotou e lançou o arroto no mundo para ser seu filho. O arroto girou vagaroso pelos ares, navegando no escuro e olhando as coisinhas mais quentes que pulsavam, vivas, lá embaixo. Viu, então, no meio da penumbra, uns seres maiores que se destacavam, imponentes. Eram as árvores esparsas! Desceu numa delas, entrou bem no cerne.

Daí de dnero começou a provar o sentir das árvores. Baixou pelas raízes que desciam e com elas comeu terras e bebeu águas. Ergueu-se, depois, com o tronco ereto, orgulhoso de si, subindo e se esgalhando e se abrindo em ramos. Circulou com a seiva e sentiu, lá em cima, a grande fronde de folhas mil, vibrando ao vento.

Muito tempo esteve Maíra gozando naquele ser esgalhado, folhento, o sentimento de ser árvore. Gostou. Principalmente das palmeiras que sobem eretas para abrir seus leques no mais alto. Dá gosto subir pelo parafuso troncal acima, sentindo a dor das cicatrizes de tantas folhas que morreram para a palmeira crescer e dar cocos.

Daquele capão da mata, Maíra fez nascer outro e depois outro e outros, para sentir mais o mundo das árvores. Assim fez a floresta enorme, a selva selvagem, cobrindo tudo de árvores sem conta.

Através delas, sentia as terras de diferentes gostos, os frios das águas subterrâneas, o canto dos rios, a paz as lagoas, mas sobretudo, os ares e seus ventos farfalhantes. Por tempos e tempos, Maíra verdejou, sentindo o mundo como floresta e fazendo a floresta crescer sobre o mundo.

O filho do Velho Nanderuvuçu, multiplicou-se, assim, pela primeira vez, como árvore e floresta. Depois, dizem, experimentou ser vários outros seres. Mas voltava sempre ao grande ser folhudo que lhe dava mais contentamento: a mata. Com ela, se estendia, lançava mais frondes pelo ar; mais caules para ao céu; mais raízes terra adentro.

O filho de Nanderuvuçu estava ali, disperso, quando viu um dia, passar por perto nosso antepassado Mosaingar, que chamou sua atenção. Maíra gostou, quis ver o mundo com seus olhos. Baixou, vestiu-se na pele de Mosaingar e, bem dentro dele, fez para si mesmo um oco, um útero.

Lá dentro, sentado, percebeu a simetria dos lados esquerdo e direito - com tudo duplicado, mas diferente, invertido - daquele Avô que seria sua mãe. Sentiu, primeiro, a estranheza daquele corpo de pele lisa, desnuda de pelos, mas encabelado aqui e ali. Depois, os pés também nus, descalços de cascos, pisando no chão com os dedos abertos, flexíveis.

Admirou as duas pernas sustenando, sozinhas, o corpo ereto, esbelto. Gostou dos dois braços estendendo-se em mãos opostas, que se abrem em dedos hábeis e se arrematam em unhas, sem agressividade de garras. Experimentou, com prazer, a amplitude da caixa dos peitos com seus foles de respirar.

Descobriu, então, encantado, a cabeça móvel com suas fendas de ver, de ouvir, de cheirar, de provar. Parou al i para melhor gozar Mosaingar através dos sentidos. Percebeu então, com gozo, que o corpo todo se sentia, sabendo bem como e onde estava cada uma de suas parates inumeráveis. Sentiu que Mosaingar era a melhor criação de Nanderuvuçu.

Um dia, Maíra pediu a Mosaingar - que seria sua mãe - que colhesse e provasse uma fruta ali bem na frente. Mas ele bateu na barriga e disse: "Não! Filho que ainda não nasceu não fala!"

Maíra se zangou também. Agarrou os miúdos de Mosaingar e começou a puxar e repuxar para obrigá-lo a obedecer. Afinal, Mosaingar, não suportando a dor, pegou aquela fruta para morder, mastigar e engolir. Reconehceu que era boa, que se podia comer. Logo depois Maíra quis sentir a forma e o cheiro da flor.



Estava Maíra nesses trabalhos de conhecer e provar o mundo dos Antigos quando viu correndo ali, pelo mato, e fazendo caretas engraçadas, um bichinho à toa; esse gambazinho fedorento, o Micura-sarinqüê. Ele achou engraçado, gostou e pensou lgo:

- Aí está quem há de ser meu irmão gêmeo!

Chamou o Micura para dentro do oco da barriga de Mosaingar. Mas Mosaingar não queria que entrasse e se trancava, fechando as pernas, apertando as coxas. O pobre do micura cumprindo a voantade de Maíra subia, subia...

Mosaingar gritava que não, batendo em Maíra na barriga e mordendo o micura com a vagina dentada.

Maíra perdeu a paciência e teve que quebrar, do lado de dentro, toda aquela dentatura para o irmão entrar. Micura, afinal, entrou e gosto do quentinho lá de dentro. Ficou enrodilhado, olhando para Maíra e Maíra olhando prá ele.

Ali ficaram os dois, conversando e crescendo. Às vezes brigavam. Um dia Maíra reclamou que aquele mundo lá de fora era feio demais, escuro demais... Por isso ele queria voltar atrás, para a morada de Nanderuvuçu.

Queixava-se muito, lamentava-se e começou a chorar, dizem. Micura escutava, enrolado no seu cantinho do útero de Mosaingar. Depois disse:

- Esse mundo ai fora é o meu. Não tenho outro. Vou é sasir para fora e viver nele. Vou fazer o que puder. Minha morada é ai. Lá para trás não há nada. Eu não choro, brigo.

Maira olhou para ele, admirado daquela coragem de viver, achou bom e pensou que talvez pudesse melhorar a criação de Nanderuvuçu. E disse:

- Vamos nascer, Micura?

Deu uma volta ínteira no útero de Mosaingar, que se agachou de dor, pensando que já era hora de parir. Pôs a mão no ventre e perguntou:

- Filhos de não sei quem, já vou parir? Veja bem, você nasce sem pai. Não sururuquei com o pênis de Nanderuvuçu. Como é que você vai nascer, se não é filho dele?

Maíra, lá de dentro, respondeu:

- Ora, Mosaingar, nossa mãe, não se importe. Você vai parir dois gêmeos. Não somos filhos de eus. Somos filhos do Velho. Somos os pais do homem que há de ser.

Maíra e Micura nasceram paridos como gente no meio dos mairuns.


( Fragmento de "Maíra", de Darcy Ribeiro.
Por HERNE, the Hunter )

TESTEMUNHO QUÉCHUA







Que arco-íris é este negro arco-íris
que se levanta?
Para o inimigo de Cuzco horrível flecha que amanhece.
Por toda parte granizada sinistra golpeia.

Meu coração pressentia
a cada instante,
até em meus sonhos, assaltando-me,
em sono profundo,
a mosca azul anunciadora da morte;
dor interminável.

O sol torna-se amarelo, anoitece,
Nuvens do céu já estão ficando negras;
a mãe Lua, angustiada, com o rosto enfermo,
torna-se pequena.
E tudo e todos se escondem,
desaparecem, padecendo.

As lágrimas em torrentes, juntas,
se recolhem.
Que homem não cairá em pranto
por quem amou?
Que filho não há de existir
para seu pai?

Gemendo, dolente, coração ferido,
sem glórias.
Que pomba amante não dá seu ser
ao amado?
Que delirante e inquieto cervo selvagem
a seu instinto não obedece?

Lágrimas de sangue arrancadas, arrancadas
de sua alegria;
espelho vertente de suas lágrimas,
retratai seu cadáver!
Banhai todos, em sua grande ternura,
vosso regaço.

As nobres escolhidas se inclinaram, juntas,
todas de luto,
o Huillaj Umu se vestiu de seu manto
para o sacrifício.
Todos os homens desfilaram
para suas tumbas.

Mortalmente sofre sua tristeza delirante
a Mãe Rainha;
os rios de suas lágrimas saltam
sobre o amarelado cadáver.
Seu rosto está duro, imóvel.

Sob estranho império, acumulados os martírios,
e destruídos;
perplexos, extraviados, negada a memória,
sozinhos;
morta a sombra que protege,
choramos;
sem ter a quem ou aonde nos voltar,
estamos delirando.

Suportará teu coração,
inca,
nossa errante vida
dispersada,
pelo perigo sem conta
cercada, em mão alheias,
pisoteada?

Teus olhos que como flechas de felicidade feriam
abre-os;
tuas magnânimas mãos
estende-as;
e com essa visão fortalecidos,
despede-nos


( Cântivo de Apu Inca Atawallpaman clamando, contemplando a destruição de um mundo, a desolação de um povo naufragado no descaminho e na escravidão. )

TESTEMUNHO MAIA







O 11 Ahau Katún,
primeiro que se conta,
é o katún inicial.
Ichcaansihó, Face do Nascimento do Céu,
foi o assento do katún
em que chegaram os estrangeiros de barbas ruivas,
os filhos do sol,
os homens de cor clara.

Ai! Entristeçamo-nos porque chegaram!
Do oriente vieram,
quando chegaram a esta terra os barbudos,
os mensageiros do sinal da divindade,
os estrangeiros da terra,
os homens ruivos...
Começo da Flor de Maio.
Ai de Itzá, Bruxo da Água,
pois vêm os covardes brancos do céu,
os brancos filhos do céu!
O bastão do branco descerá,
virá do céu,
por todas as partes virá,
ao amanhecer vereis o sinal que o anuncia.

Ai! Entristeçamo-nos porque vieram,
porque chegaram os grandes amontoadores de pedras,
os grandes amontoadores de vigas para construir,
os falsos ibteeles, "raízes" da terra
que estouram fogo pelo extremo de seus braços,
os embuçados em suas capas,
os de arreatas para enforcar nossos senhores!
Triste estará a palavra de Hunab Ku,
Divindade para nós,
quando se estender por toda a terra
a palavra do Deus dos brancos.

Ai! Entristeçamo-nos porque chegaram!
Ai de Itzá, Bruxo da Água,
pois vossos deuses já não protegerão mais!
Este "Deus Verdadeiro" que vem dos brancos
só de pecado falará,
só de pecado será seu ensinamento.
Inumanos serão seus soldados,
cruéis seus cães bravos.
Qual será o Ah Kin,
Sacerdote do culto solar,
e o Bobat, Profeta,
que compreenda o que há de acontecer
aos povos de Mayapan,
Estantarde-veado e Chichen Itzá,
Bordas dos poços do bruxo da água?

Ai de vós,
meus irmãos menores,
que no 7 Ahau Katún
tereis excesso de dor
e excesso de miséria,
pelo tributo reunido
com violência,
e antes de tudo entregue com rapidez!
Diferente tributo amanhã
e finda a manhã dareis;
isto é o que vem, filhos meus.
Preparai-vos para suportar a carga da miséria
que vem sobre vossos povos
porque este katún que se assenta
é katún de miséria,
katún de contendas com o mal,
contendas no 11 Ahau.


( Tradução do poema profético de Chumayel e Tizimin dois Chilam-Balamoob - sacerdotes tigres )


AYVU RAPYTA






- Os Fundamentos do Ser

AYVU RAPYTA
já foi traduzido por Tupã Kuchuvi como "OS FUNDAMENTOS DA LINGUAGEM HUMANA". Para o pensamento guarani, ser e linguagem, alma e palavra são uma coisa só. a palavara "ayvu" expressa o espírito como som vivo, sopro-luz primeiro, aquilo que é eterno em cada indivíduo e que vivifica o corpo e manifesta-se no reino humano sob a pele da palavra, pelo sopro que a preenche.

O espírito-sopro, a vida-luz, que é em essência o ser humano, de acordo com a visão guarani, desdobrou-se em três: ayvu ("espírito"), ñe'eng ("alma") e tu ("som-matéria, corpo").

A tradição guarani diz "ñe'eng" para designar a fala humana e aplica-o também para o cantar das aves, o chilrear dos insetos, etc.

No entanto, dependendo do momento, esse significado se aprofunda: "ñe'eng" ganha o sentido de porção divina da alma, palavra-alma, assim como e'en'g-ey é o espírito que os Seres-Trovão (deuses) enviam para que se encarne em um ser que está para nascer, segundo os registros de Tupã Kuchuvi.


A palavra-poema de um pajé anuncia a hierarquia divina, desdobrada do Grande Mistério, que viria co-criar o Universo e, sobretudo, o ser humano. Este é percebido como "alma-palavra" - é o que se expressa mediante a linguagem e por meio do pensamento. Ser e som têm o mesmo sentido.

Para essa percepção é necessário ampliar o nosso conceito de som para além da vibração sonora; percebê-lo como corpo-vida, princípio dinâmico da luz, cuja forma denominamos "consciência".


Léon Cadogan, antes de tornar-se Tupã Kuchuvi, disse que havia sido justamente essa a parte que o ahvia levado a penetrar fundo, durante anos, a fim de compreender a cultura Guarani. Disse ainda que permaneceu seis anos transcrevendo hinos, conselhos e mitos. Um dia, na aldeia, perguntou a Pablo Werá:

- Se tivesses discorrendo sobre as ñe'e porã tenondê (as Palavras Formosas) e teus netos te perguntassem o significado de "ayvu rapyta", o que responderias?

- "Ayvru rapyta oguero-jera, oguero-yudra, Ñande Ru tenondê ñen'ey mbyterãs" (O ser fundamenta-se no fato de ter sido desdobrado do nosso Pai Primeiro, o ser fez-se parte da divindade primeira como medula, palavra-alma, da coluna do Criador).

O Ser emerge do Todo, mas nao se desfaz do Todo. Da mesma forma que o Todo se desdobra em dimenões (sete) e mundos (três), o Ser acompanha. No Mundo-Céu, o Ser e o Todo manifestam-se como unidade; no Mundo-Terra, o Ser e o Todo manifestam-se como diversidade; no Mundo-Intermediário, o Ser e o Todo manifestam-se expresssando a marca do masculino (jequaka) e a marca do feminino (jasuka) e colocando a vida em movimento. 

Esses três mundos acontecem de modo interdependente e fundamentam o Ser.


As dimensões do Ser vibram em tom de sete notas ancestrais, incluindo-se o silêncio. Essas cordas vibrantes interprenetram-se, gerando a música da vida, totalizando o Ser.

( Baseado em texto de Kaka Werá Jecupé, por Herne, the Hunter )


WARACHIKU




 


- A Iniciação dos Jovens no Solstício de Verão

Os jovens que acompanharam os líderes à festa de Qhapac Raymi e aqueles que residiam na própria Cuzco, passavam a noite ao pé da colina onde estava o Templo do Sol.

No dia seguinte, ao nascer do sol, os rapazes eram levados em procissão para o alto da colina e, pela primeira vez, participavam dos sacrifícios rituais conduzidos pelo próprio Sapa Inca.

E, assim, começava a FESTA DE INICIAÇÃO: um conjunto de ritos e provas que tinham a finalidade de admiti-los como membros adultos e responsáveis no seu clã, provando serem capazes de desempenhar as funções que lhes seriam confiadas para o bem do ayllu (clã).

No final desses rituais, perante as imagens dos deuses e das múmias, os sacerdotes do Sol entregavam a cada rapaz a sua huaracá (funda de guerra) e sua mirca uncu (veste colorida, bordada de branco e vermelho, com cordões azuis terminados em borlas vermelhas), um gládio de pau de palmeira e uma lança.

Eles, então, em conjunto, brandiam as armas, prestavam homenagem aos deuses e às múmias de seus ancestrais e juravam obediência ao Inca.

A seguir, as jovens mocinhas se aproximavam dos sacerdotes e recebiam suas vestes próprias de mulheres adultas: o asco (um vestido comprido e uma pequena blusa) e a Iliclla (espécie de mantilha).

Ganhavam, então, o título de SAPAY COYA NUSTA (princesa virgem) ou simplesmente NUSTA (virgem). A presença delas servia como encorajamento para os rapazes.

Ao fim de cada prova, elas também eram encarregadas de dar de beber aos participantes e para tanto, muniam-se de cântaros contendo chica. Era o momento de cada uma mostrar quem era seu preferido e estimulá-lo para as provas seguintes.



Já com vestes e suas armas, os jovens desciam para o vale, onde seus pais e os chefes dos ayllus os aguardavam. Esses, então, tocavam nas pernas deles com as fundas dizendo:

"SEJA VALOROSO COMO NÓS TEMOS SIDO.
SEJA JUSTO E RETO, HERDEIRO DA HONRA DE SUA RAÇA.
MOSTRE-SE DIGNO DOS SEUS ANTEPASSADOS!

Com essas invocações terminavam os ritos preparatórios. Os rapazes iam, então, para um campo afastado da cidade, preparado para eles passarem aquela noite, onde encerram o dia com danças.

As nustas levaram-lhes chica e os estimulavam para os dias seguintes, quando começariam as lutas esportivas, a exercícios e a cerimônias religiosas.

Ao amanhecer, os participantes deveriam correr até o santuário de Anahuarca, a três quilômetros dali, no alto de uma colina, onde era cultuado o Deus Falcão. As nustas já os aguardavam lá, estimulando-os com palavras e gritos.

As provas esportivas se alternavam com cerimônias de sacrifícios. O ponto de partida e de chegada eram sempre santuários que comemoram a lembrança de episódios religiosos ou históricos incas.

Ao fim de cada prova, os anciãos fustigavam os jovens, para ensinar-lhes a disciplina e a idéia do sacrifício. O dia encerrava-se sempre com mais danças, festas e cânticos.

O vigésimo primeiro dia era o mais importante: os jovens eram levados para o alto da colina de Yavira e, após grandes sacrifícios às divindades dos ayllus, o Sapa Inca entregava a cada um as insígnias de seu clã e brincos com as cores e símbolos próprios.

A Festa da Iniciação terminava com a cerimônia da purificação, quando os jovens banhavam-se nas águas sagradas de Calizpulquio. Em seguida, eram-lhes furadas as orelhas para a colocação dos brincos.

E, por fim, eles iam, com uma grande pompa, buscar a imagem de HUYANA PUNCHA ("o dia novo"), depositada no templo do outono enquanto duravam as festas de iniciação, e levá-la templo do Sol.

Após isso, cada chefe pegava a sua múmia e acompanhado pelos novos adultos – rapazes e moças –, voltavam à sua região.


Por HERNE, the Hunter

ORAÇÃO MAIA






CUT IP´IL K´INE C´K´AMIC A THAN YUM
Ao nascer o Sol recebemos tua palavra, Senhor

TUMEL YETEL U ZAZILE C´AHAL C´PATIC TU LACAL BAAL

Porque com sua luz despertamos e contemplamos tudo

C´ILICBA XANTUMEN PALALOOB XAN

Contemplamo-nos também porque somos teus filhos

LEBETICO CU ZAAZTALE C´K´UBCA TECH

Por isso, ao amanhecer, nos entregamos a ti

TIAL CA CALANTON. YETEL TOONE CANZAH TECH MIATZIL

Para que aproximes de nós e nos ensines tua sabedoria

A UICH CU PACTICON CU YILCOOM. YUM
É teu rosto que nos olha e nos contempla, Senhor

LEBETIC C´K´UBICBA T TECH TAA YETEL YUM HUNAB K´U

Por isso, nos entregamos a ti, Pai e Senhor Hunab K´u

YETEL TECH CU CU K´UBIC C´PALALOOB
E te entregamos nossos filhos

HEBXTU K´UBAHOON C´YUMOOB TI TECH
Como nossos pais nos entregaram a ti

YUM HUNAB K´U A UOHEL BAAX CA BETIC TETEL
Senhor Hunab K´u, tu sabes o que fazes conosco

TOONEC C´K´ATICTECH YUM HUNAB K´U CA A CANZAHOOB LE BEHO

Nós te pedimos, Senhor Hunab K´u, que nos ensines o caminho

ANTON YUM HUNAB K´U U TIAL CA ZUTNAG LE IN LAK´ECHO

Ajuda-nos, Senhor Hunab K´u, para que retorne esse amor fraterno

C´K´ATICTECH C´YUM HUNAB K´U TIAL MA ZATAL.
Te pedimos, Doador de Movimento e Medida, para não nos perder.

OH! YUM HUNAB K ´U!
Oh! Senhor Hunab K´u

Baseado em texto de Hunbatz Men

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É importante pronunciar as palavras no idioma maia (mântrico). Revivendo a cultura maia estará cumprindo as profecias e fará parte desse ciclo, dentro do qual se manifesta o Divino, e se tornará filho de HUNAB K´U em sua memória universal.


ESCOLA DE BRANCO: devoradora da identidade indígena







Essa é uma tradição oral andina recolhida pelo antropólogo peruano Alejandro Ortiz Rescanière, em julho de 1971, narrada por um velho índio, Don Isidro Huamani, natural da região de Andamarca, em Ayacucho, Peru:

" Deus Todo-Poderoso teve dois filhos – Inka e Sucristo.

Inka, o mais velho casou-se com Mama Pacha – A Mãe Terra e com ela teve dois lindos filhos. Sucristo, já jovem e forte, quando soube ficou com muita raiva, ciúme e inveja do irmão.

A Lua lhe aconselhou e deixou cair um papel escrito. Sucristo assustou seu irmão Inka com o papel, pois ele não entendia nada e fugiu com medo.


Sucristo pediu ajuda ao puma para aprisionar o Inka. Os pumas aprisionaram o Inka no deserto de Lima que morreu de fome. Então Sucristo espancou a Mama Pacha e feriu-a de morte cortando-lhe o pescoço.

Depois mandou construir suas igrejas, onde mora.
Quem ficou alegre com a morte do Inka foi Ñaupa Machu, que vivia numa montanha chamada escola, mas que ficava escondido na época do Inka.

Os dois filhos de Inka passaram procurando os pais e Ñaupa Machu os chamou para entrar na escola que ele iria contar onde estava o Inka e a Mama Pacha.

Os meninos contentes foram, mas Ñaupa Machu queria mesmo era devorá-los e para confundí-los disse que Mama Pacha não gostava mais do Inka, pois ele vivia agora com Sucristo como dois irmãozinhos.

Mostrou a escritura a eles e disse para lerem que estava tudo lá escrito. Os meninos desconfiados ficaram com medo e fugiram.

Desde essa época, todas as crianças são obrigadas a ir á escola. Mas, como os dois filhos do Inka e da Mama Pacha, quase todas elas não gostam da escola, fogem dela. "


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A versão em português é uma tradução e adaptação de Freire (2001) a partir de uma versão em espanhol, traduzida do quéchua pelo próprio antropólogo que o recolheu.


Por HERNEthe Hunter


30/07/2012

Cachoeira de fogo










Sim, é uma ilusão!

A cachoeira Horsetail só aparece entre o fim do inverno e início da primavera. Ela fica no parque de Yosemite, na Califórnia.

Um evento específico ocorre nesta queda d’água no fim de fevereiro, nos dias em que o céu está claro e sem nuvens.

Os últimos raios de sol do dia caem de forma especial sobre a cachoeira, iluminando suas águas com um brilho dourado, ganhando uma aparência de fogo.

Um momento único e maravilhoso para os fotógrafos, que esperam ansiosos pelo espetáculo que não dura mais de um minuto.


http://kalangossauro.blogspot.com.br/2010_03_01_archive.html



[ COMO SURGIU A CRIAÇÃO ]







No princípio, quando o Grande Criador acabou de criar o mundo, chamou todos os diferentes espíritos que o povoariam e perguntou-lhes o que gostariam de ser.


Alguns desejaram ser os quatro poderes do universo, outros quiseram ser o relâmpago e o trovão, o vento, a chuva, a neve e o terremoto.

Alguns espíritos ainda manifestaram o desejo de ser oceanos, montanhas, rios e riachos.

Os demais espíritos desejaram tornar-se os seres das plantas, os seres das árvores, os seres animais, os seres pássaros, os seres peixes, os seres serpentes, os seres insetos, os seres das pedras e os seres humanos.

Assim, cada um personificou uma pequena parcela da totalidade do que anda , rasteja, voa e nada, tanto visível quanto invisível. Juntos, eles compõe a Criação.


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Fonte: Página 164 do Livro 
O curandeiro Nativo, 
Médico Urso Pardo do Lago,
Editora Nova Era, 
Rio de Janeiro-1995


Maracás: chamando os espíritos





Os maracás são instrumentos de percussão de uso nos rituais, especialmente no Turé. São feitos de frutas da cuieira de tamanho pequeno. Sementes caxaicó são colocadas no seu interior para produzir o som desejado. Na altura do cabo com a cuia, são fixados tufos de penas de arara, garça e papagaio, recortadas de forma dentilhada, segundo o padrão dãdelo.

Todo pajé usa o maracá nas sessões de cura para chamar seus espíritos auxiliares, os karuãna. Pajés antigos possuíam tipos diferentes de maracá, sempre guardados no cesto paghá ou pakará. Enquanto o pajé diagnostica a doença de um cliente, um maracá de cabo longo é colocado na entrada da casa, do lado de fora, como garantia. Este instrumento era muitas vezes herdado de seus antepassados.

Os maracás de cabo longo são utilizados pelas mulheres durante a dança do Turé. Batem-no no chão com força para marcar o ritmo, enquanto os homens tocam os clarinetes turé.

O maracá acompanha todos os cantos de aves,


http://oiapoque.museudoindio.gov.br/exposicao/maracas/


Chefes, caciques, xamãs de si mesmos.







Muitos de vocês se perguntam muitas vezes a respeito da linguagem com que nos comunicamos com vocês, plena de significados, símbolos e até segredos, desvendados por sinais. Aos poucos vamos traduzindo esta forma de dizer e a essência de ser.

Rituais que, na verdade, todos fazem a cada dia, simples como sentar-se à mesa com iguais, dentro de suas tipis, no cerne da família, durante as refeições. Alguns perderam este hábito e deveriam reavê-lo. Nada mais sagrado do que este encontro.

Um outro exemplo é dado por nós: aqueles que tem a memória da tribo e sentem a sua presença, nos vêem, muitas vezes com penas sobre a cabeça, que simbolizam os grandes chefes e os xamãs em momentos muito especiais.

A leveza de ser e o movimento, quando o movimento faz com que estas penas como se fossem pensamentos que ficam para trás. Aí está o segredo quando algo se vai e se olha para a frente: aquele instante absolutamente presente é a própria consciência de quem somos ou de quem são vocês. Aparentemente simples, não é?

Raramente praticado nesta civilização de vocês que, infelizmente, criam muitas paredes, muros, alguns intransponíveis, onde a energia não flui.

Eu peço a vocês, abram portas e janelas de suas casas, no mais amplo sentido e deixem que o vento movimente as penas sobre suas cabeças, como se fossem, cada um de vocês, Caciques da tribo – e readquiram o poder verdadeiro de olhar altivo, com dignidade para a frente.

Aí sim, ao invés de se calarem, como muitas vezes dizemos, para não dizer impropérios, gritem bem alto: Eu quero! Eu posso! Eu faço! – como uma ordem ao Universo, sem arrogância mas com confiança, com certeza.

Todos podem ser e serão assim, chefes, caciques, xamãs de si mesmos. Este é um dos rituais, um dos símbolos na linguagem magnífica da espiritualidade, que faz com que vocês expressem o seu autoconhecimento.

Que se valorizem por dentro e sejam mais atraentes, mais respeitados, encantadoramente grandiosos como cada um de vocês pode ser. Sejam bem vindos, grandes chefes de si mesmos que se reconhecem como iguais e que sentam à mesma mesa, em círculo como fazemos nós, irmãos de tribo e descendentes de uma mesma nação.

Wakan Tanka! Só ele, Grande Espíritro, é maior que vocês. Honrados estamos com a presença grandiosa de vocês, chefes, caciques de si mesmo.


Pedra Alta


Por Helen Ians em Conselhos



Yara







_Yara vem de Yanomanis.

Os yanomanis são as Tribos Índigenas mais conservadores e prímitivos em seus constumes e com várias lendas.

Para a Jurema Sagrada Catimbo e outras seguimentos do espiritismo a Yara manifesta como uma Cabocla.

No Tambor de Mina Gege e Nago todos os encantados e chamados de caboclo.

Sendo assim Yara é uma índia encantada das águas e que se apresenta na forma de uma sereia.

No Reino das Águas Claras ou Reino de Rio Verde se localiza no final do Rio Amazônas nas mediações da Ilha do Marajo, onde e o final de todos os afluentes.

Veja na História do Caboclo Solimões, Caboclo Rio Negro, Caboclo Rio Verde que o encantamento do Rio Amazonas, Caboclo Rio Mar e ou Caboclo Maresia que o encantado do Mar Doce que vai do Grão Pará ao Amapá.

Neste Reinado das Águas Claras e ou Reino de Rio Verde tendo como sua Rainha Aurora, e ligado a ele o Príncipe Fleximar, Princesa Flora, Princesa Yara, Marinheiros, as Meninas das Saia Verde, Príncipe Boto, podemos afirmar que um reinado de personagem lendarias do amazonas pois foram índios que se encantarão em vida que seus corpos sumiu na natureza encantando-se.

Juremeiro Neto

Consagrado para o Príncipe das Águas Claras Pajé Rio Verde





Lenda da Iara

Origem da lenda da sereia, personagem do folclore brasileiro, lenda da região amazônica, características : uma lenda de origem indígena

Introdução


→Também conhecida como a “mãe das águas”, Iara é uma personagem do folclore brasileiro.

→De acordo com a lenda, de origem indígena, Iara é uma sereia (corpo de mulher da cintura para cima e de peixe da cintura para baixo) morena de cabelos negros e olhos castanhos.

→A lenda conta que a linda sereia fica nos rios do norte do país, onde costuma viver.

→Nas pedras das encostas, costuma atrair os homens com seu belo e irresistível canto.

→As vítimas costumam seguir Iara até o fundo dos rios, local de onde nunca mais voltam.

→Os poucos que conseguem voltar acabam ficando loucos em função dos encantamentos da sereia.

→Neste caso, conta a lenda, somente um ritual realizado por um pajé (chefe religioso indígena, curandeiro) pode livrar o homem do feitiço.

Origem da personagem

→Contam os índios da região amazônica que Iara era uma excelente índia guerreira.

→Os irmãos tinham ciúmes dela, pois o pai a elogiava muito. Certo dia, os irmãos resolveram matar Iara.

→Porém, ela ouviu o plano e resolveu matar os irmãos, como forma de defesa.

→Após ter feito isso, Iara fugiu para as matas. Porém, o pai a perseguiu e conseguiu capturá-la.

→Como punição, Iara foi jogada no Rio Solimões (região amazônica).

→Os peixes que ali estavam a salvaram e, como era noite de lua cheia, ela foi transformada numa linda sereia.


Curiosidade:


– A palavra Iara é de origem indígena. Yara significa “aquela que mora na água”.


Fonte: http://www.suapesquisa.com/folclorebrasileiro/lenda_iara.htm


Os Segredos dos Incas:







Mistérios INCAS


Quando tratamos da Civilização INCA estamos referindo-nos ao maior império pré-colombiano que existiu nas Américas, cujos primórdios datam 5000 anos antes de Cristo e que, em seu esplendor, estendeu-se desde o que hoje é a Colômbia até o centro do Chile.

Praticamente toda a cordilheira andina permeada por excelentes estradas, pontes, cidades abundantes de sofisticados sistemas de agricultura e governantes com alta capacidade diplomática.


Estamos falando de Machu Picho, uma das maravilhas do mundo; de Cuzco; de Tihuanaco, com seus blocos de 100 toneladas perfeitamente encaixados e do misterioso lago Titicaca.


A civilização Inca é um dos troncos de sabedoria planetária, que demonstra seu esplendor silenciosamente através dos séculos por meio de sua arquitectura, sua arte e ciência.


Infelizmente, pouco se sabe à respeito do conhecimento antropo-mitológico que foram capazes de resgatar da natureza Humana.


A mitologia e religião do povo Inca está apresentado ao mundo pelos olhos de, principalmente, Gracilaso de La Vega (1539-1616), um mestiço, filho de um conquistador espanhol com uma princesa Inca, em cuja obra observa-se o prisma católico-europeu, repleto de conceitos e qualificativos usados para descrever culturas pagãs.


Não obstante, a precisão matemática das associações realizadas frente as forças e manifestações da Natureza demonstram o profundo conhecimento que possuíam da natureza e dinâmica psíquica do Homem.

Totemismo Inca


Garcilaso de La Vega declara que antes da formação do Império Inca, cada distrito, família e vila possuía seu totem particular.


Um totem era o símbolo de um povo, do qual acreditavam descender directamente.




As características particulares de seus totens relacionavam-se diretamente com as matizes comportamentais da tribo, família ou vila. Na verdade os povos andinos pré-incas consideravam-se ligados por sangue e alma a seus totens.

O jaguar, a puma e urso eram cultuados por sua força, audácia, e instinto selvagem; a raposa por sua astúcia, o condor pelo seu tamanho. Muitas tribos consideravam-se descendentes do condor.

O mocho real (tipo de coruja) era cultuado por sua beleza e a coruja comum pelo seu poder de enxergar na escuridão. As serpentes, quanto maiores e mais venenosas, mais eram estimadas com reverencia.

Samael Aun Weor, no Matrimónio Perfeito, declara que a doutrina Totemista descansa nos princípios básicos do ocultismo, fundamentando-a na Metempisicose grega dos filósofos Órficos e Pitagóricos e na doutrina da transmigração das almas dos Vedas Indostanos:

“Os totemistas sabem que os elementais vegetais evoluindo convertem-se mais tarde em elementais animais... quando os elementais vegetais já se encontram muito evoluídos convertem-se em seres humanos... os Sacerdotes Totemistas dizem com sabedoria que se o ser humano age mal, pode involuir e mesmo converter-se em um animal novamente.”


Em todos os cultos religiosos encontramos vestígios do totemismo.

A vaca branca dos Hindus, a ovelha dos Caldeus, o touro sagrado Ápis dos Egípcios, o cordeiro e o peixe dos cristãos são manifestações de um Toteísmo autêntico.

No Tronco Inca, esta sabedoria apresenta-se de forma admirável revelando um conhecimento perfeito das forças que governam a criação e suas manifestações nas diversas expressões da Natureza, incluindo a natureza psíquica humana.



Puccariscas

Uma das mais autênticas formas de culto à Natureza apresentada pela cultura Inca está encerrada no profundo significado do Puccariscas.

Talvez nenhuma outra cultura sobre a face da terra tenha revelado uma percepção tão profunda acerca da relação do homem com a sua terra como faziam os Incas.


O Puccariscas pode ser entendido por esta prece, realizada frente a um desfiladeiro, vale, montanha ou até mesmo frente a uma nascente “Tu és meu lugar de nascimento, tu és a nascente de minha vida. Guarde-me do demônio. Oh Puccariscas”.


O Inca reconhece não só a Pachamama, a Mãe Natureza, mas de forma especial o lugar que lhe gestou. Entende que os animais que lhe serviram de caça, as plantas, os vegetais e a água que bebeu converteram-se em parte dele mesmo. Ele se vê como parte derivada do seio da natureza que o gestou. A sorte, saúde e vida de sua terra são a sua própria sorte, saúde e vida.


Viracocha


Quando adentramos na parte da sabedoria Inca que trata do conhecimento da dinâmica psíquica do Homem nos assombramos ao contemplar o significado antropológico que guarda o Deus Viracocha.

Os princípios cósmicos associados a esta divindade demonstram o profundo conhecimento por parte de povo Inca acerca da formação do homem autêntico auto-criado e da gênese psíquica humana.


Viracocha é o Deus que surge das profundezas do lago Titicaca, das imensas águas da vida Inca, à semelhança do Salvo das Águas do antigo testamento, para criar o Sol, à Lua e às estrelas.


As demais manifestações divinas de Viracocha nos conduzem a apreensão de sua Natureza, forças manifestas apenas nos estados mais elevados da consciência Humana.



Viracocha é: Callya, o sempre presente;
Pachayachachic, o instrutor do mundo;
Illa, a luz; e Tici, o início, ou melhor, o iniciador.


Pachayachachic, o instrutor do mundo, nos remete às manifestações mitológicas já expressas em outras culturas de elevado conhecimento da Natureza Humana como o Prometeu grego, quem rouba o fogo dos deuses e entrega-o aos homens e Osiris, quem instrui o povo Egípicio nos mais distintos ofícios.

Illa, a luz, que no mundo das formas permite enxergar as realidades das coisas e no mundo psíquico permite-nos enxergar e dirigir as forças que governam o Homem.

Sabiamente declara Samael Aun Weor, “... luz e consciência são no fundo o mesmo fenómeno... luz e consciência obedecem as mesmas leis crescendo e minguando exactamente da mesma forma... o que distingue os Homens uns dos outros é o seu grau de consciência. O que distingue os sois é seu grau de radiação”.

Callya, por sua vez, indica que é esta a força que mais conhece o Homem, pois o acompanha, está “sempre presente” em cada pensamento, sentimento e acção, instruindo-o na ciência que deve extrair do mundo torna-se o iniciador na sabedoria dos mistérios do próprio homem.

Huiracocha é ainda alegorizado com lágrimas, o que torna mais ainda assombrosa a semelhança em conteúdo Antropológico e forma à Prometeu, que se vê sendo devorado em seu fígado diariamente, sofrendo o indizível devido às debilidades humanas.

Jamais uma cultura reuniria casualmente, com tal precisão matemática tais forças a uma divindade. Em Huiracocha estão evidentes os princípios que propulsionam a génese psíquica humana, o domínio da Natureza Inferior e florescência da superior.



INTI RAYMI, o culto solar INCA

Sem nenhum contacto no tempo ou espaço com as culturas nórdicas (Persas, Caldéias, entre outras), precursoras das festividades que hoje celebramos como o Natal, o profundo conhecimento astrológico e das forças fecundantes da Natureza levaram o povo INCA à celebração do INTI RAYMI que apresenta todos os elementos do culto à força Crestos das antigas culturas pagãs, culto este o qual nem mesmo a fúria da inquisição conseguiu apagar da humanidade.

O INTI RAYMA é a festa ao Deus solar INTI, que marca o seu ressurgimento. É celebrado no Solstício de Inverno do hemisfério sul, ponto astronómico da trajectória solar em que o Sol alcança seu ponto mais austral e o dia é o mais curto do ano.

O Sol apresenta-se como imóvel, do latim sistema, em sua trajectória de Norte a Sul e a partir deste ponto ascende, trazendo calor, vida e cores nas estações da Primavera e Verão.

Por isso está associado à vida, à fertilidade e às forças sexuais. Nos três dias que antecedem o cerimonial, os Incas se abstêm das práticas sexuais, ato este que guarda profunda semelhança antropológica com a quaresma cristã.

A festa segue com os cerimoniais litúrgicos por mais nove dias e finaliza com a entrada do INCA ao templo. Ao seu passo as mulheres arremessam pétalas de flores vermelhas e penas multicoloridas, ato que, não coincidente-mente, se iguala ao domingo de ramos e a entrada do Cristo na Jerusalém Celestial.



 


No ápice do cerimonial, o INCA evoca a seguinte prece ao Deus INTI, o Sol:

“Oh criador, e Sol, e Trovão, seja sempre copioso.
Não envelheça-nos.
Permita que todas as coisas estejam em paz.
Multiplique o Povo e provenha-o comida e permita que todas as coisas frutifiquem”


Uma lhama negra é sacrificada, seu sangue espargido sobre o Zanco, pão feito de milho pelas virgens do Sol, que é consumido com a chicha, bebida fermentada do grão sagrado dos povos americanos, o milho.

Depois da conquista espanhola o ritual foi abolido, categorizado como sacrilégio. Em 1944 ele ressurgiu e foi movido para o 24 de julho para coincidir com a festa de São João Batista.



Quipus livros sem letras reduzidos às cinzas

A cultura INCA apresenta ainda em sua arte, mitologia e ciência muitos outros elementos que indicam ser esta uma esplendorosa cultura serpentina. Porem, à semelhança de Alexandria e sua biblioteca, grande parte do legado da sabedoria INCA já se encontra inacessível à humanidade, transformada em cinzas pelas mãos da ignorância, do fanatismo, da soberba e da crueldade.

O após o domínio hispânico, o singular e autêntico sistema de registro INCA, os Quipus era reduzido às cinzas sempre que desgraçadamente recaia sobre as mãos conquistadoras.

Os Quipus eram um sistema de comunicação, semelhante à escrita em seus primórdios, pelo qual os Incas transmitiam sua sabedoria, seus ritos e mitos bem como as informações que perpetuavam seu Império e Ciência.

Tratava-se de fios de lã de lhama, os quais eram dispostos seqüencialmente, tingidos de cores diferentes, cada qual com um significado distinto. Ao longo do fio dispunham-se nós, os quais transmitiam uma informação precisa e sequencial.

Ao serem incinerados sob a justificativa de se tratar de frutos de mãos diabólicas, a humanidade passa a conhecer apenas os vestígios do que foi uma sabedoria autêntica, e para agravar, por meio de olhos europeus repletos de conceitos inquisitórios.

Todavia, a exemplo das escolas iniciáticas de um passado, a sabedoria INCA permanece latente em cada rocha, lago, planta e animal do seio de Pachamama, pronta para ser encarnada por homens e mulheres que estejam integrados com seu Huiracocha interior.

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Fonte:  http://www.osegredodosincas.net/